Mostra alemã revela o caminho: carros elétricos, de condução autônoma e compartilhados em vez de comprados
Há alguns anos todas as principais mostras de automóveis no mundo têm como tema ou subtema os combustíveis e meios de propulsão verdes, alternativos. Muitos protótipos, conversas, entrevistas – e muitas propostas. E nenhum caminho definitivo dentre a miríade de soluções apresentadas.
Próximas medidas, hoje já disponíveis em alguns veículos e cidades com estrutura para orientá-los, o carro autônomo e a desnecessidade de possuí-lo para deslocar-se. O automóvel se encaminha para ser alguma coisa assemelhada a um smartcar – um smartphone com rodas -, com motor silencioso, sem vibrações, capaz de agir por conta própria, a conduzir com tanta sensação de mobilidade quanto um pequeno vagão.
Na prática
Antes do exercício de futurologia explícita, papo de carro, Frankfurt nos coloca na sempre assumida postura de mercado pequeno e distante, auto-adotada pelo Brasil a limitar importações para manter internamente a relação entre carros pouco equipados e muito caros. Assim, novidades pontuais: o despertar da Volkswagen Brasil para seguir o caminho dos utilitários esporte; o novo Duster, lá Dacia, aqui Renault.
O que virá
Transição será aos poucos, permitindo convívio e disponibilidade dos motores endotérmicos, em especial os de ciclo Otto – com velas de ignição —, mas a partir de 2025 todos os condicionamentos levarão ao carro elétrico e autônomo. Característica adicional, a mudança na relação de propriedade. Não mais será necessário ter um automóvel e vaga para guardá-lo nas muitas e longas horas sem uso. Eles pertencerão a frotas – até mesmo dos fabricantes -, e os usuários demanda-los-ão pelo smartphone, sem relação de propriedade, ônus de impostos, taxas, financiamentos, com uso à base do reservou, usou, pagou.
De Frankfurt
Adotou, também, o caminho dos utilitários esporte. Te-los-á em todas as famílias. Um dos exemplares, o ID Crozz, eletrificado, dará origem a modelo a ser produzido em São José dos Pinhais, PR. A exibição faz pré-apresentação de sua morfologia, até então apenas conhecida em pequenas apresentações a público qualificado. Ao exibi-lo eletrificado, VW acabou com o segredo do paranaense previsto para o fim do próximo ano – com motores 1,4 flexível ou TSI e o nome T-Cross.
Roda a Roda
Festa – Como vem marcando mercadológica tradição, ao comemorar 70 anos Ferrari fez evento em Maranello, seu feudo: visita à fábrica, museus, leilão na pista de testes de Fiorano, a metros de sua sede. Foram 500 automóveis vindos de toda Europa, engarrafamento de Ferraris, automóveis mais valiosos ante os hostels abrigando seus donos, súbita ascensão de renda média na cidade, demonstrações viris de cartões de crédito para conseguir lugar no Massimo Bottura, festejado restaurateur na vizinha Modena…
Ele – Sergio Marchionne, presidente da marca, apareceu e fez charme no leilão: atendeu a lances por telefone e ao final fez apelo aos presentes para abrir a carteira para os lances no La Ferrari Aperta, com total destinado a obra pia. Conseguiu US$ 8,3 milhões, valor estratosférico para o veículo. Presente, amigo da Coluna crê em algum aditivo no Lambrusco, vinho local servido industrialmente.
Limpeza – Na Inglaterra, marcas sob o guarda-chuva da sino-franca PSA – Peugeot, Citroën, DS e Opel – adotaram programa de renovação de frota. Iniciativa corajosa, abarca os produzidos até 31/dezembro/2010, e acena com pagamento ou facilidades adicionais em caso de troca por carros elétricos. Um Citroën C3, por exemplo, vale 6.400 libras – uns R$ 26 mil – ante 2000 libras, R$ 8.300, pagas em Peugeot 3008. Serão sucateados.
Futuro – Quer fazer fábrica 4.0 em Bremen, como a empresa original; acertou-se com a Sixt Neuwagen, maior distribuidora alemã online de carros novos. Do Isabella dos anos ’50 mantém o DNA do design Impression of Flow, harmônico em seus 5 m de comprimento, 1,40 m de altura; 1,92 m em largura.
Racionalidade – Onda de bom senso perpassa as fabricantes brasileiras de veículos, maiores do Continente e com produtos adequados às peculiares exigências, convencendo as matrizes permitir ocupar espaços. Renault, operando na Colômbia e no Brasil, iniciou exportar o Captur nacional ao Peru.
Regionalização – Toyota Argentina anunciou salto de produção de motores diesel de 30.000 para 77.000 unidades em 2018. Crescer 160% indica novo mapa da empresa: substituir importações pelo fornecimento regional.
Visão – Projeto é de Mark Hogan, conhecedor do mercado sul-americano com ex-presidente da GM nacional, e hoje membro do board da Toyota e com responsabilidades para a América do Sul. Steve St Angelo, CEO para a região, toca o negócio. Brasil iniciou exportar Corollas e Etios.
Surpresa – Fechados números de vendas em agosto, Jeep Renegade é o utilitário esporte mais vendido do mercado. Repete desempenho na Argentina.
Ok – Presidente da Volkswagen confirmou produzir outro utilitário esporte ao mercado nacional: o Thuran. Furo mundial pelo estreante portal Auto Papo – a Coluna lá está – é projeto Skoda, especialista em solidez e custos contidos, baseado na multiconformável plataforma MQB. Menor ante mexicano Tiguan e T-Cross de produção no Paraná, servindo ao mercado nacional, final 2018.
SUV – Parece a palavra de ordem da VW mundial, com opções em todas as versões de plataforma, e por isto nada impedindo o resgate da proposta do Taigun sobre o Up.
Líder – Dentre as inúmeras fábricas chinesas de automóveis, Chery ganhou Prêmio Nacional de Qualidade na 36ª Conferência Nacional de Qualidade da Indústria de Maquinaria da China.
Futuro – Nestes momentos onde a dúvida da motorização do futuro foi substituída pela certeza do carro autônomo, Universidade de Michigan, EUA, onde estão as principais marcas norte-americanas, implantou área de testes. Aqui o assunto não é tratado.
Lá – MCity, o espaço, ocupa 13 hectares – 130.000 m² – e o Departamento de Transportes, DOT, baixou o Vision for Safety 2.0, novas regras para indústria e governos estaduais interessados neste caminho. Governo age como governo: busca salvar e enriquecer vidas – e garantir a liderança dos EUA no setor.
Aqui – Não temos diretrizes e governo faz cara de paisagem, sem preparar-se à profunda alteração nos equipamentos urbanos à realidade dos autônomos.
Lugar – Brutus Sustainable Transport, start up curitibana, quer unir empresas querendo transporte a caminhoneiros disponíveis para cargas completas. Entende oferecer preços menores pela constância e segurança da demanda. Em seis meses tem listados 30 empresas; 10.000 caminhoneiros; superou 12.600 transportes em 47 cidades. Inscrições graciosas em www.brutusst.com.br.
Gente – Mudanças na Dafra/KTM de motos em Manaus. Marketing será feito por Rafael Vieira, e por Luiza Pellicani, assessora de imprensa.
Coluna anteriorA coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars