A época quente convida a viajar e ir à praia, mas requer alguns
cuidados com as altas temperaturas e as chuvas desse período
Embora ainda falte mais de um mês para o início do verão, o calor já chegou com força — boa parte do Brasil tem registrado, ou prevê para os próximos dias, temperaturas acima de 30°C. Calor combina com praia, que em geral fica a algumas horas de rodovia e, na volta, impõe alguns congestionamentos. Mesmo para quem fica nas grandes cidades o tempo quente é rigoroso com o automóvel e seus ocupantes. Por isso, vale a atenção a algumas dicas.
• O ar-condicionado é cada vez mais frequente para amenizar o calor, com presença já expressiva mesmo nos carros pequenos e mais acessíveis, mas é importante saber usá-lo. Evite uma diferença de temperatura acentuada (mais de 10°C) entre o interior do carro e a parte externa: entrar no automóvel muito frio ou sair dele para um ambiente quente não faz bem à saúde. Para refrigerar melhor o interior, dirija o ar para a parte superior e para as laterais, não para os ocupantes. O ar frio tende a descer e o quente a subir; dessa forma, se direcionados para cima, os difusores resfriam o ar mais quente e ocorre uma troca de calor para se obter temperatura homogênea.
• Manter ativada a recirculação (comando que fecha a admissão de ar externo e passa a usar apenas o da própria cabine) pode ser tentador, mas tenha moderação. Essa função tende a deixar o ar mais seco, o que pode incomodar passageiros alérgicos ou mais sensíveis. Se quiser mesmo usá-la por longos períodos para aumentar a refrigeração, ao menos desative-a por alguns minutos de tempos em tempos para renovar o ar.
Para refrigerar melhor o interior, dirija o ar para a parte superior, não para os passageiros, pois o ar frio tende a descer e o quente a subir
• Com o carro estacionado ao sol, a temperatura interna pode se elevar demais. Películas escurecedoras nos vidros ajudam um pouco, mas há também protetores de plástico ou papelão que evitam a incidência direta de sol nos bancos, painel e volante. Cobrir os assentos e o volante com panos ou papelão também colabora para diminuir seu aquecimento pelo sol, sobretudo os de couro, que chegam a queimar após longa exposição ao calor. Ao voltar a rodar, mantenha os vidros abertos por alguns minutos para expulsar o ar quente enquanto o ar-condicionado trabalha.
• Verão é tempo de chuvas em grande parte do País. Como andam as palhetas do limpador de para-brisa? Substitua-as se necessário e complete o líquido do lavador, que pode receber detergente neutro para uma limpeza mais eficaz. Na estrada, sobretudo com chuva, é comum o para-brisa receber partículas oleosas que a água não consegue remover.
• Limpe o vidro também por dentro, usando um papel-toalha e produto para esse fim (na falta dele, álcool com vinagre meio a meio dá bom resultado), para eliminar a gordura que favorece o embaçamento em tempo chuvoso. Se você esqueceu a limpeza e ele embaçou, use o ar-condicionado se houver, direcionando-o ao para-brisa e ajustando a temperatura para um ponto confortável: seu ar seco absorve a umidade em segundos e garante a visibilidade.
Motor gelado é fria
• No calor o sistema de arrefecimento do carro é muito exigido. Confira o nível de líquido pelo menos uma vez ao mês. Observe no manual o prazo indicado para sua substituição, que em geral fica ao redor de 50 mil km; a troca deve ser antecipada se o líquido tiver aspecto de ferrugem. Ao substituir, use aditivo e água desmineralizada na proporção prevista pelo fabricante (50:50 é comum), o que aumenta a temperatura de ebulição do líquido e preserva o sistema livre de ferrugem.
• Se a válvula termostática apresentar problemas, substitua-a — não rode sem ela, como alguns insistem em fazer. Sua função é reter a circulação do líquido de arrefecimento para abreviar a fase de aquecimento, na qual aumentam o consumo, as emissões poluentes e o desgaste do motor. Sem a válvula, o líquido refrigera um motor ainda frio e o aquecimento demora muito — assim como a temperatura “despenca” em descidas de serra, quando passa mais ar pelo radiador e o motorista não exige potência.
• Apesar dos cuidados, o motor superaqueceu na estrada ou no congestionamento. E agora? Só resta parar em local seguro e deixar esfriar. Muito cuidado se houver ebulição do líquido pelo reservatório plástico do sistema, pois a água fervente jorra com pressão em caso de abertura rápida da tampa. Se o problema não tiver relação com uma mangueira ou correia estourada, é provável que se possa voltar a rodar depois que o motor esfriar e o líquido for completado — sempre de olho no termômetro do motor ou na luz indicadora, usando pouca potência do motor e pronto para sair ao acostamento assim que necessário. Se o motorista não se sente apto a isso, é melhor pedir socorro mecânico.
Pneus com pressão insuficiente aquecem-se e desgastam-se mais, aumentam o consumo e podem afetar a estabilidade do automóvel
• O óleo lubrificante do motor tem entre suas funções a de trocar calor, ou refrigerar. Mantenha o nível perto da marca máxima da vareta e não descuide do prazo para substituição. O mesmo vale para o lubrificante da transmissão, em especial nas caixas de câmbio automáticas, cada vez mais comuns.
• Se manter a pressão adequada dos pneus é importante o ano todo, torna-se ainda mais em épocas muito quentes. Verifique-a em um posto próximo, pois alguns quilômetros rodados fazem a pressão subir e falseiam a leitura — se tiver um calibrador de boa qualidade em casa, melhor ainda. Pneus com pressão insuficiente aquecem-se e desgastam-se mais, aumentam o consumo e podem afetar a estabilidade. E não adianta sair para viagem com quatro pneus na pressão certa e um estepe vazio: lembre-se dele.
• Calor, chuvas repentinas e a maresia do litoral são inimigos da pintura do carro. Proteja-a com a aplicação de cera pelo menos a cada três meses (há tratamentos que aumentam esse intervalo), para que ela resista às constantes dilatações, variações térmicas e os raios solares. Evite o polimento, que retira uma camada de tinta e só se faz necessário caso ela esteja muito queimada. Não se esqueça de encerar as lentes dos faróis, hoje de plástico policarbonato em quase todo carro, que tendem a amarelar e ficar opacas pela incidência de sol. Plásticos externos e internos, assim como revestimentos em couro, podem receber produtos apropriados com filtro aos raios solares para prevenir o ressecamento e o desbotamento.
Como se vê, não existe mágica para proteger o carro e seus ocupantes dos males que o calor excessivo pode trazer: apenas dicas lógicas, mas que muitos de nós acabamos esquecendo — ou não havíamos pensado sobre —, e que podem fazer grande diferença para o conforto e a segurança da família e a integridade do automóvel na estação mais quente do ano.
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