Tamanhos, formatos, combustíveis e outros aspectos dos automóveis mudam entre os quatro cantos do mundo
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Se um brasileiro contar aos amigos que comprou uma picape, é grande a chance de pensarem em uma Fiat Strada ou uma média, como a Chevrolet S10, com cabine dupla e motor a diesel. Se for um norte-americano, porém, eles devem esperar uma picape grande, como a Ford Série F, com motor V8 a gasolina de alto torque. Já um australiano vai imaginar uma picape com cabine de automóvel, muita potência e tração apenas traseira.
Somos mesmo diferentes pelos quatro cantos do mundo, e isso inclui os automóveis. Tamanhos, formatos, combustíveis: muitos elementos dos carros variam de uma região para outra. Conheça alguns exemplos. Se preferir, assista ao vídeo com o mesmo texto e mais imagens.
Tamanho
Como vimos em um vídeo, alguns países cobram menos impostos de carros com certo tamanho, como a Índia com 4 metros de comprimento e o Japão com 1,70 m de largura. Há outros fatores: Estados Unidos e Austrália têm espaço de sobra para carros grandes, o oposto do Japão (onde é feito o Nissan Dayz da foto) e de países europeus antigos, com ruas estreitas. O preço do combustível também influi bastante.
Ainda na Austrália, é frequente usar sedãs para rebocar barcos, trailers ou mesmo carretas com cavalos. Por isso eles preferem tração traseira e grandes motores, como no Ford Falcon e no Holden Commodore, que foi Chevrolet Omega no Brasil.
Na China, ser conduzido por motorista é símbolo de prestígio. Assim, carros como Audi A4 (acima), BMW X1, Jaguar XF e Mercedes-Benz Classe E oferecem versões alongadas para maior conforto do dono no banco traseiro.
Picapes
As picapes leves, derivadas de automóveis, são um sucesso no Brasil desde que a Fiat 147 inaugurou a categoria, nos anos 70. Poucos países seguem esse conceito. É o caso da África do Sul, que fez uma derivada do Ford Fiesta, a Bantam (acima), e vendia nossa Chevrolet Montana como Utility.
Na Austrália existiram várias com frente de carro, como a do Falcon e do Commodore (acima). Mas são veículos de lazer, com potentes motores de seis e oito cilindros, suspensão baixa e tração só traseira. Para o trabalho as preferidas são as médias, como Toyota Hilux e Ford Ranger, também comuns em vários países asiáticos. Só que lá tem boa aceitação a cabine estendida, que no Brasil fracassou.
Nos Estados Unidos e no Canadá, a Ranger é picape compacta e as mais vendidas são as grandes como Ram (acima), Ford Série F e Chevrolet Silverado. Com gasolina barata, motores V8 são frequentes e poucas usam diesel.
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Carrocerias
Sedã ou hatch, qual o preferido? Estados Unidos, China, Índia, Rússia e Brasil gostam do porta-malas saliente, tanto que vários modelos recebem essa versão para tais mercados, como Ford Fiesta (acima) e VW Polo (o Virtus). Europeus preferem hatches, até no mercado de luxo em alguns países, caso do Ford Mondeo de cinco portas.
Peruas são bem aceitas na Europa, sobretudo na Alemanha, mas quase acabaram aqui e nos Estados Unidos. As minivans foram febre dos dois lados do Atlântico nos anos 80 e 90, até perderem espaço para os SUVs. Onde elas continuam fortes é em países asiáticos como China, Indonésia e Malásia (na foto a Toyota Innova). Conversíveis fazem sucesso em países com pouco sol, mas nem tanto aqui nos trópicos. O fator da violência urbana, claro, também influi.
Combustíveis
O combustível também muda pelo mundo. Só aqui usamos álcool: alguns países europeus e os Estados Unidos têm o E85, com 15% de gasolina, mas em geral são poucos postos. Por isso foi criado o motor flexível, que pode usar gasolina quando não houver álcool. Automóveis a diesel como esse Mercedes Classe E vendem muito na Europa, pouco na Ásia e nos Estados Unidos e são proibidos no Brasil.
Suspensão
Norte-americanos ainda valorizam uma suspensão macia e confortável (acima o Lincoln Continental). Na Europa, estabilidade para andar rápido em rodovias é mais importante. Por isso a suspensão ganha diferentes acertos em cada mercado.
Países com muitos buracos, lombadas e valetas, como Brasil e Índia, exigem maior altura de rodagem e gostam de versões “aventureiras”, como o Fiat Avventura, baseado no Punto indiano. Na Rússia, além da altura, a tração integral é frequente por causa do inverno rigoroso. O Renault Kaptur, por exemplo, a oferece por lá.
Interior
Chineses gostam de acabamento interno bege, que tem seu espaço na Europa e nos Estados Unidos. Por aqui ele é raro: o habitual é cinza escuro ou preto.
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