VW 1600, TL e Variant: robustez em tamanho família

Semelhante ao Brasília em desenho, a Variant II chegava em 1977 e ficava conhecida como “Variantão” por seu maior porte

Variant II, uma revolução técnica

Das soluções mecânicas que a Volkswagen alemã havia implantado na linha Typ 4 de 1968, algumas não chegaram aos 1600 nacionais, como a estrutura monobloco. Mas as suspensões mais modernas foram adotadas aqui na segunda geração da perua, a Variant II, lançada em dezembro de 1977.

Apesar de ter recebido o apelido de “Variantão”, a nova perua bem poderia ser um “Brasilião”, pois tinha desenho muito parecido ao do hatchback lançado em 1973 — assim como o Fiat 147, o Brasília não era uma perua, embora muitos pensem que fosse por ser registrada como camioneta para recolher menos impostos. O apelido era justificado pelo aumento em 5 centímetros em largura e quase 10 cm no entre-eixos (embora com o mesmo comprimento), assim como pelas formas mais robustas.

A Variant II trazia suspensão dianteira McPherson com mola helicoidal e raio de rolagem negativo, como no Passat, e traseira por braço semiarrastado com juntas homocinéticas. A caixa de direção com pinhão e cremalheira também vinha do Passat. Os freios adotavam duplo circuito em diagonal, permitido pelo raio negativo e mais seguro em caso de falha hidráulica de um dos circuitos — sempre haveria freio em uma das rodas dianteiras, que recebem a maior parcela de peso em frenagens. Por fim, os pneus passavam a ser radiais.

Suspensão dianteira e direção do Passat, braços semiarrastados na traseira, duplo circuito em diagonal: avanços técnicos da Variant II

O conjunto de novidades, aplicado a um chassi-plataforma derivado do anterior, fazia da Variant II um carro bem superior em estabilidade. O maior benefício era eliminar a grande variação de câmber dos antigos semieixos oscilantes da traseira, o que tornava o comportamento mais previsível e seguro. Contudo, o modelo sempre impôs dificuldade para alinhar as rodas, criando uma fama negativa que abalou suas chances de sucesso.

A segunda Variant ficou longe do sucesso da primeira: apesar dos desafios da nova suspensão, o maior problema parecia ser mesmo a obsolescência da mecânica “a ar”

A nova perua era mais confortável e espaçosa, com bancos dianteiros de encosto alto (os mesmos do Passat) e quadro de instrumentos em formato retangular, mais tarde aproveitado no Gol. Pela primeira vez no Brasil havia limpador do vidro traseiro, aplicado a uma tampa erguida por molas a gás. O volume de bagagens era maior tanto na traseira quanto na dianteira, beneficiado pela suspensão menos volumosa.

Com o mesmo motor de 1,6 litro, a Variant II tinha 57 cv líquidos (mais 2 cv que no Brasília) ou 67 cv brutos, por meio de comando de válvulas mais esportivo e saída dupla de escapamento. Alcançava velocidade máxima de 138 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 19 segundos.

O interior usava bancos de encosto alto e os porta-malas aumentavam, mas a Variant II enfrentou problemas e só durou três anos

O teste da Quatro Rodas considerou a melhora “indiscutível. A estabilidade melhorou muito. Somente no limite máximo sente-se uma pequena saída de traseira, mas muito fácil de ser corrigida. O acabamento é muito superior ao da Variant 1977. Na aceleração de 0 a 80 km/h o novo modelo demorou 13,1 segundos contra 17,5 s do anterior. Resta saber como o consumidor irá encarar seu alto preço, considerando-se que ela sempre custou menos que as concorrentes”.

De fato, a segunda geração ficou longe do sucesso da primeira. Os desafios trazidos pela nova suspensão podem ter participação, mas o maior problema parecia ser mesmo a obsolescência da mecânica “a ar” em um modelo que não pertencia ao segmento de entrada. Comparada à Belina II e ainda mais à Caravan, a Variant II ficava a dever em desempenho e espaço para carga na traseira. A concepção nascida com o Fusca já não parecia vantajosa.

No comparativo das três na Quatro Rodas a Variant II foi a melhor em transmissão, direção e suspensão, mas ficou em último lugar em desempenho, instrumentos e porta-malas. “Ficou claro que a Belina II com motor 1.6 é a melhor opção. Tem melhor desempenho, ótimo acabamento e gasta menos gasolina. A Caravan e a Variant II fazem diminuir bem a vantagem da Belina se comparados os preços das três”, concluiu a revista.

Embora a robustez mecânica fosse bem explorada nos anúncios, o mercado já percebia as limitações do motor arrefecido a ar

Para muitos, a Volkswagen errou ao insistir nessa fórmula em vez de produzir aqui a Passat Variant, que existia desde 1973 na Alemanha e chegou a ser fotografada em testes da fábrica. Até certo ponto, o que essa perua traria ao mercado — motor arrefecido a líquido, tração dianteira, suspensões modernas — acabou por sair em 1982 na Parati, derivada do Gol.

A Variant II, porém, não esperou a Parati nascer para se despedir: saía de produção em 1980 depois de uma carreira curta e discreta e cerca de 41 mil unidades fabricadas. Mais tarde, em 1985, a empresa se redimia do erro ao lançar a Santana Quantum — nada mais que a segunda geração da Passat Variant, agora destinada ao segmento de luxo do mercado.

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Ficha técnica

  1600 (1969) Variant (1970) Variant II (1978)
Motor
Posição e cilindros longitudinal traseiro, 4 opostos
Comando e válvulas por cilindro no bloco, 2 no bloco, 2 no bloco, 2
Cilindrada 1.584 cm³ 1.584 cm³ 1.584 cm³
Potência máxima 50 cv a 4.600 rpm 54 cv a 4.600 rpm 57 cv a 4.600 rpm
Torque máximo 11 m.kgf a 2.400 rpm 11 m.kgf a 3.000 rpm 12 m.kgf a 3.200 rpm
Alimentação carburador de corpo simples 2 carb. corpo simples 2 carb. corpo simples
Transmissão
Tipo de caixa e marchas manual, 4 manual, 4 manual, 4
Tração traseira traseira traseira
Freios
Dianteiros a disco a disco a disco
Traseiros a tambor a tambor a tambor
Antitravamento (ABS) não não não
Suspensão
Dianteira independente independente ind. McPherson
Traseira ind., semieixos oscilantes ind., semieixos oscilantes ind., braço semiarrastado
Rodas
Pneus 165-15 165-15 175/80 R 14
Dimensões
Comprimento 4,11 m 4,32 m 4,326 m
Entre-eixos 2,40 m 2,40 m 2,495 m
Peso 875 kg 950 kg 1.020 kg
Desempenho
Velocidade máxima 135 km/h 140 km/h 138 km/h
Aceler. 0 a 100  km/h 23,0 s 21,0 s 19,0 s
Dados de desempenho aproximados

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