Você os confundiria nas ruas, mas mecânica, interior e até o tamanho podem ficar diferentes na versão brasileira
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Olhe para o Renault Captur à direita na foto acima. O nome é o mesmo do brasileiro, o desenho é quase igual, mas por baixo da carroceria ele é bem diferente. E não é a primeira vez que isso acontece: muitos carros nacionais foram e são parecidos aos estrangeiros, mas com outras soluções mecânicas. Vamos conhecer alguns casos. Se preferir, assista ao vídeo com o mesmo conteúdo e mais imagens.
Ford Galaxie (1967)
O Galaxie marcou época com seu espaço e conforto. Apesar do mesmo estilo do norte-americano (no destaque), o nacional (foto maior) tinha outro motor, o mesmo da picape F-100. Só em 1976 o Landau ganhava o V8 302 que existia nos Estados Unidos.
Chevrolet Opala (1968)
O desenho do Opala (foto maior) tinha poucas diferenças para o do Opel Rekord C alemão (no destaque). Já a mecânica era bem diversa: os motores de quatro e seis cilindros vinham de modelos como o Impala norte-americano. Alguns dizem, aliás, que o nome de nosso Chevrolet era a fusão de Opel e Impala.
VW Kombi (1975)
Na Kombi a maior diferença não estava na mecânica, mas na carroceria. Em 1975 a Volkswagen igualou nossa perua (foto maior) ao modelo alemão lançado em 1967 (no destaque), na frente e na suspensão traseira, mas manteve a parte central. Janelas maiores e porta corrediça só chegaram aqui em 1997, três décadas depois da Europa.
Ford Escort (1983)
Bem depois do Galaxie, a Ford usou outro motor antigo em um novo carro: o Escort de 1983. Igual na aparência ao europeu (no destaque), o brasileiro (foto maior) tinha uma evolução do motor do Corcel, em uso desde 1968. O esportivo XR3 ficou com desempenho incoerente com seu visual, até que a associação na Autolatina lhe rendeu o AP da Volkswagen em 1989.
Fiat Uno (1984)
Quando a Fiat testou aqui o Uno italiano (no destaque), descobriu que a suspensão não suportava o piso brasileiro. O modelo nacional (foto maior) recebeu então o conjunto traseiro do 147, com feixe de molas transversal. Como isso impedia o estepe sob o porta-malas, como na Europa, o pneu foi para junto do motor e ficou mais prático em caso de furo.
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Fiat Tempra (1991)
Nosso Tempra (foto maior) também teve plataforma e suspensões diferentes do italiano (no destaque): usou as do Regata, um sedã mais antigo feito na Argentina. Segundo a Fiat, o carro ganhou resistência ao nosso piso e para usar motores potentes como o da versão Turbo. Para ganhar rigidez estrutural o encosto traseiro era fixo, não rebatível como no europeu.
Chevrolet Omega (1992)
O Omega nacional (foto maior) nasceu sintonizado com o alemão (no destaque) em 1992. O motor de 3,0 litros era até importado da Opel. Dois anos depois os europeus deixaram de fazer o seis-cilindros em linha, que deu lugar a um V6. A GM brasileira então trouxe de volta o 4,1-litros do Opala, atualizado para ganhar potência.
Chevrolet Silverado (1997)
A Silverado que veio ao Brasil (foto maior) pode parecer a mesma picape da linha C e K, feita pela GM nos Estados Unidos desde 1988 (no destaque). Engano: além de outros motores, a nossa usava o chassi da antiga D-20 para reduzir os custos. Note o bocal do tanque no para-lama traseiro direito, como na D-20. A norte-americana tinha o bocal na esquerda e mais à frente.
Chevrolet Vectra (2005)
Por duas gerações, nosso Vectra seguiu de perto o da Opel. Isso acabou com o terceiro modelo brasileiro (foto maior): de frente ele parecia o europeu (no destaque), mas era um sedã do Astra alemão com antigos motores. A manobra não foi bem recebida e a GM nunca mais liderou entre os sedãs médios.
Peugeot 207 (2008)
A Peugeot seguiu a estratégia do Vectra com o 207. Na França (no destaque) esse era o sucessor do 206, maior e mais sofisticado, mas a marca disse que ele sairia caro demais no Brasil. Assim, lançou um falso 207 (foto maior), nada mais que uma reestilização do 206, que não repetiu seu sucesso.
Renault Captur (2017)
E chegamos ao Captur. Com o mesmo nome, existem dois SUVs: um para a Europa ocidental (no destaque), que já mudou de geração, e outro para Rússia, Índia e Brasil (foto maior). O segundo modelo é maior, usa motores mais antigos e tem a plataforma e as suspensões do Duster. Além do custo, a Renault deve ter levado em conta a robustez do antigo SUV, boa para países com pisos ruins, e a tração integral, que o Duster já tinha e foi aproveitada no Kaptur russo.
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