

C4: flexível e com variador
de comando, o motor chega a 151 cv com álcool e tem maior torque, o que
se reflete em desempenho superior


Focus: mais pesado e com perda
em aerodinâmica, novo modelo deixa o motor Duratec sem o antigo brilho,
mas consome menos que o rival |
O C4 responde com limitador e controlador de velocidade, ventilador de
quatro velocidades para o banco traseiro (impulsiona o mesmo ar emitido
pelos difusores, seja natural, refrigerado ou aquecido; o Focus tem
apenas dutos de ar sob os bancos dianteiros), bolsas para
objetos nas portas traseiras, limpador de para-brisa com braços
invertidos e ótima área de varredura, maçanetas internas cromadas (além
da estética, são mais fáceis de localizar à noite), apoio de braço no
banco traseiro e interruptor no painel para destravar as portas — no
Focus é preciso acionar os comandos junto às maçanetas.
Os dois carros são
espaçosos na frente, embora não se perceba por dentro a maior largura
externa do Focus. No banco traseiro, dois adultos e uma criança se
acomodam bem em ambos, com certa restrição no espaço para cabeça —
pessoas com mais de 1,75 metro podem encostá-la na parte final do teto.
Desvantagens do C4: os encostos de cabeça deveriam poder subir mais,
pois ficam baixos para alguns passageiros, e o apoio de braço central
traz desconforto ao ocupante central, mais bem-acomodado no Focus.
Há empate técnico na capacidade de bagagem, 328 litros no Focus e 319 no C4, em
porta-malas de dimensões regulares, mas o do Citroën tem o acesso
dificultado pelo vão estreito e a base alta. Nos dois o banco traseiro é
bipartido em 60/40, assento incluído, e o estepe fica por dentro sob a
bagagem. Aqui, ambos recorrem a soluções temporárias: pneu bem estreito
no Ford e normal, mas diferente dos demais (195/65 R 15 em vez de 205/55
R 16), no Citroën. Se em qualquer caso há limitação de velocidade no uso
e o estepe não pode ser aproveitado em reposição de pneus, o do Focus é
mais coerente como temporário.
Mecânica,
comportamento
e segurança
A fórmula é semelhante
para ambos os motores, com 2,0 litros, quatro válvulas por cilindro e
algum sistema variador — no coletor de
admissão do Focus e no comando de
válvulas de admissão do C4. Este último, por ser
flexível e pela opção por variar o
comando, que é mais efetiva, consegue vantagem em potência e torque: 143
cv e 20,4 m.kgf com gasolina e 151 cv/21,6 m.kgf com álcool, ante 145 cv
e 18,9 m.kgf do concorrente.
Como também pesa um pouco menos (1.292 ante 1.340 kg), o Citroën consegue respostas
mais ágeis em qualquer rotação — o Ford perdeu parte do brilho do antigo
modelo, que era bem mais leve e cativava pelo desempenho. Mas o Focus
vence em suavidade de funcionamento, pois é bastante "liso", ao passo
que o C4 revela certa aspereza em média e alta rotação, mais até do que
se poderia esperar pelas relações r/l (saiba
mais sobre técnica). Agrava a questão o fato de a marca francesa ter
alterado as relações de transmissão na versão argentina — o que já
ocorrera no Pallas e no VTR importado para o Brasil —, deixando o câmbio
curto demais.
Acompanhando o fluxo de tráfego, o C4 deixa o motor o tempo todo em
rotação mais alta que a necessária. Como se espera, isso se torna um problema em
viagens: são 3.600 rpm a 120 km/h, bem acima do ideal para um motor com
tanta potência disponível. Como o motor não é suave, tem-se a constante
impressão de "pedir marcha". A relação
francesa sem dúvida ficaria bem em nossas condições de uso, mesmo
que se precisasse reduzir marchas em algumas subidas, ultrapassagens e
lombadas. É o que acontece no Focus, que roda a 120 a 3.300 rpm e, na cidade, exige menos trocas de marchas, pois
cada mudança produz maior queda de giros. E poderia melhorar no C4 o acelerador
algo abrupto.
Continua
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