Mas o Ascona mais "quente" dessa geração foi o 400, versão de rua com produção limitada (justamente 400 unidades), apenas em 1980 e 1981, para homologação do carro para provas de rali, onde ele competiu e brilhou (leia boxe abaixo). Por fora vinha com pára-choques especiais, defletores dianteiro e traseiro, saias laterais, faróis de longo alcance e de neblina e rodas esportivas, além de decoração monocromática — a não ser pelas faixas decorativas. No interior, bancos Recaro, volante de três raios metálicos e conta-giros davam personalidade.

O SR (em primeiro plano) e a edição especial i 2000 (ao fundo) foram opções do Ascona B com aparência esportiva, que combinava com o desempenho dos motores mais potentes

Seu motor, embora de geração mais antiga, mostrava curiosa semelhança com o lançado há pouco no Vectra nacional de terceira geração, tanto na configuração (2,4 litros, duplo comando, 16 válvulas) quanto nos resultados. Com injeção Bosch L-Jetronic, desenvolvia 144 cv e 21,4 m.kgf, o bastante para acelerar de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos e atingir 200 km/h com o câmbio de cinco marchas. Diferencial autobloqueante, rodas de 14 pol com pneus 195/60 e freios a disco nas quatro rodas faziam parte do atraente conjunto. Na versão de rali o motor passava a 240 cv.

O carro J   A década de 1980 trouxe o advento do "carro mundial", um projeto voltado à produção em várias partes do planeta, com estilo e mecânica adaptados às características locais de uso, legislação e preferência do consumidor. Se não parece inédita, pois já havia casos semelhantes nos anos 70 — um deles o Kadett/Chevette da própria GM —, a idéia tinha como novidade o método de usar, em todas as versões regionais, certos componentes fabricados apenas em uma ou outra localidade. Como exemplo, a Isuzu japonesa fornecia os câmbios, a Holden fazia os braços da suspensão dianteira, e o GM brasileira, o motor de 1,6 litro. O eixo traseiro, da própria Opel, era usado também nos demais modelos. Continua

Apenas 400 unidades foram vendidas da versão de homologação para corridas, chamada exatamente de Ascona 400: estilo esportivo, motor 2,4 de 16 válvulas, 0-100 em 7,6 segundos
Nas pistas
Desde a década de 1960 a Opel vem tendo participações significativas em ralis. Foi assim com o Kadett e, nos anos 70, com o Ascona. O finlandês Ari Vatanen estreou nos ralis em 1971 com um Kadett Rallye, mas seu primeiro volante num mundial foi o de um Ascona, em 1974, no Rali dos 1000 Lagos.

Com o mesmo modelo o francês Jean Ragnotti, em 1972, foi o 3º lugar na geral e 1º no Grupo 1 em Monte Carlo. Também com um desses o competente alemão Walter Röhr, então com 27 anos, tornou-se em 1974 campeão europeu de pilotos. No mundial daquele ano, tirou o 3º lugar no rali italiano de San Remo e o 1º no rali grego Acrópole. Era uma versão SR de 1,9 litro, a mesma que o finlandês Rauno Aaltonen pilotou no Rali TAP Portugal.

Mas foi na segunda geração (foto) que o carro fez mais presença. Foram construídos, de 1979 a 1983, 448 exemplares do Ascona 400, para que obtivesse a homologação.

Era um carro robusto e muito ágil, com motor de 2,4 litros e 16 válvulas preparado pela famosa Cosworth. Com a versão menos potente para o Grupo 1, destinada a campeonatos nacionais, o italiano Massimo Biasion estreou nas provas mundiais, também em San Remo. No famoso Rali de Monte Carlo, que abria a temporada, o sueco Anders Kullang ficou em 4º e honrou muito a marca. Ainda com ele, novo 4º lugar no Rali Acrópole e 5º na prova do RAC (Royal Automobile Club) inglês. No mesmo ano o francês Jean Pierre Nicolas ficava em 5º no Safári da África.

Concorrentes fortes, como o Audi Quattro e o Lancia Delta, estavam lá. Faltava ao Opel a tração nas quatro rodas, que os outros tinham, mas seus pilotos não se intimidavam. No ano seguinte a dupla sueca Klient-Kulang tirava o 5º lugar na África. Em 1982 Walter Röhr ganhava o campeonato de pilotos para a Opel, vencendo na neve de Monte Carlo e na terra da Costa do Marfim. No Safári, ficou em 2º.

Com a chegada da terceira geração, o Ascona foi substituído pelo irmão Manta 400, mas a empresa de Rüsselsheim ainda garantiu seu lugar de triunfo em Monte Carlo e na África graças ao bravo Ascona cupê, pilotado pela nata dos pilotos de rali da época. O último modelo extraía 255 cv a 7.200 rpm do motor 2,4 e pesava 1.050 kg. Já vinha com uma pré-preparação de fábrica: pára-lamas mais largos, barras de proteção interna, maior altura do solo, defletores no capô, saias laterais.

Os Asconas de tração traseira ainda são muitos apreciado em ralis de carros antigos, na Alemanha e no resto da Europa.

por Francis Castaings

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