Atual demais, Eldorado de menos   O novo carro de 1986 era como uma versão duas-portas do sedã Seville, também reformulado. Estava 40,6 cm mais curto, a mais completa antítese dos primeiros e espalhafatosos Eldos. Ainda assim fazia sentido no contexto daquela década, quando vários carros americanos eram comparáveis em dimensões aos europeus e japoneses. Mas isso não significa que ele tinha as cartas certas para jogar com os concorrentes da Europa: mesmo com apenas 1.480 kg e câmbio revisado, o desempenho não impressionava com seu HT-4100, agora transversal e de 130 cv.

Embora apostasse em linhas racionais, o novo Eldorado de 1986 talvez não devesse: a ostentação sempre foi uma de suas características mais apreciadas

Foi um senhor fiasco para a Cadillac ver as vendas do Eldorado despencando 72%, de 77.401 em 1985 (pouco menos que o recorde de 1984) para 21.342 carros. O modelo 1986 tinha o mesmo vidro traseiro praticamente sem inclinação usado desde 1979, mas com linhas mais suaves e colunas traseiras bem estreitas. Era um estilo elegante e popular na época, só que racional e discreto demais para um carro que deveria encantar como símbolo de ostentação pessoal. Mas havia um motivo para a discrição.

A Cadillac preparava o Allanté para 1987. Ele deveria trazer de volta todo o glamour dos melhores Cadillacs dos anos 30, com o apelo de conversíveis como o Mercedes-Benz SL e o Jaguar XJ-S. Infelizmente, o belo roadster de luxo marcaria mais uma série de falhas de estratégia na divisão. E enquanto ele roubava a cena, o Eldorado só recebia 12 novas cores para 1987, ano em que suas vendas cairiam ainda mais — só 17.775. Em 1988 surgiam alguns procedimentos de salvamento. Uma versão de 273 pol³ (4,5 litros) do motor já usado — chegando a 155 cv e 33,1 m.kgf — e retoques leves no estilo elevavam as vendas para 33.210. Eram 86% a mais que 1987, embora bem abaixo dos números de 1985. O ano seguinte, sem novidades relevantes, já marcava nova queda nas vendas.

Se o estilo não impressionava, a Cadillac respondia com potência: em 1990 passava a 180 cv, com 20 adicionais no caso do Touring Coupé

Já para 1990 o motor ganhava novo fôlego. Com injeção multiponto seqüencial, o V8 4,5 atingia 180 cv, um número respeitável. Vinham também melhoramentos na suspensão e retoques visuais. Bolsas infláveis, retrovisores aquecidos e espelhos de pára-sol iluminados passavam a ser de série. Voltava também a versão Touring Coupé. Com motor V8 de 4,9 litros (200 cv e 37,9 m.kgf) e rodas de 16 pol, o modelo 1991 finalmente mostrava um desempenho digno do segmento dos cupês esportivos. Mas as vendas não reagiam. Era hora de um novo Eldorado. Continua

Nas telas
Cadillacs já marcam presença em grandes filmes de Hollywood há décadas. Curiosamente, ao contrário das miniaturas — mais de acordo com os carros consagrados —, no cinema a participação do Eldorado até hoje é mais expressiva entre os modelos mais recentes.

Los Angeles - Cidade proibida (L.A. Confidential, 1997) mostra um Eldorado 1953 branco, e The Little Richard story, um 1954 vermelho. Um Biarritz dourado estrela com Paul Douglas e Judy Holliday O Cadillac de ouro (Solid Gold Cadillac), comédia em preto-e-branco de 1956 que tem a última cena a cores. Dan Aykroid aparece dirigindo um exclusivo Eldorado Brougham 1957 no belíssimo Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy, 1989).

Em A fera do rock (Great Balls of Fire, 1989), Dennis Quaid faz o astro do rock Jerry-Lee Lewis e dirige dois Biarritz, um azul claro 1957 e um vermelho 1958. Na versão original de Onze homens e um segredo (Ocean's Eleven, 1960) o casal Dean Martin e Shirley McLaine tem uma cena a bordo de um Eldorado Brougham 1957-58.

Em Um romance muito perigoso (Into the night, 1985), com Jeff Goldblum e Michelle Pfeiffer, um Biarritz 1959 fica ainda mais chamativo com a inscrição The King Lives (o rei vive) nas laterais. Os Rivais (Tin Men, 1987), com Richard Dreyfuss e Danny De Vito, mostra dúzias de Cadillacs dos áureos anos 50 e 60. Há um Biarritz 1959 cor de areia e outro vermelho do ano seguinte. Charles Bronson dirige um Biarritz 1960 em Fuga audaciosa (Breakout, 1975). Um dia, dois pais (Father's Day, 1997), com Robin Williams and Billy Crystal, usa um Eldorado 1968 bronze.

Foram os anos mais memoráveis do Eldorado, mas são os modelos da década de 1970 que mais aparecem nas telas. Medo e delírio (Fear and Loathing in Las Vegas, 1998) tem vários no elenco, inclusive um Eldorado 1971 conversível que é destruído em cena.

Um “Corvorado” está no elenco de Com 007 viva e deixe morrer (Live and Let Die, 1973). Trata-se de um Corvette personalizado, com carroceria reduzida de um Eldorado 1971-72, feito pela Dunham Coach de Boonton, New Jersey. Um Eldorado 1972 preto aparece em O pai fujão (Fatherhood, 1993), com Patrick Swayze e Halle Berry. Feitiço do tempo (Groundhog Day, 1993) tem uma cena com um Eldorado 1973-74 que foge da polícia e acaba sendo destruído.

Na comédia Tá todo mundo louco! - Uma corrida de milhõe$ (Rat Race, 2001), com Rowan Atkinson (o Mr. Bean), John Cleese e Whoopi Goldberg,
um personagem prende a língua no ornamento de capô de um Eldo 1976 e um modelo 1971-72 é destruído numa corrida de caminhões-monstro. Em Agarra-me se puderes (Smokey and the bandit, 1977), Burt Reynolds e Sally Field terminam o filme num Eldorado conversível dos anos 70 com chifres acima do radiador.

Jeff Bridges morre num conversível 1974 em O último golpe (Thunderbolt & Lightfoot, 1974), filme com Clint Eastwood. Um carro similar é dirigido por Kevin Costner em O jogo da paixão (Tin Cup, 1996). Um modelo 1976 com jeito de carro de gigolô leva Austin Powers de volta a 1975 em Austin Powers: O agente “Bond” cama (The Spy Who Shagged Me, 1999).

Comando para matar (Commando, 1985) com Arnold Schwarzenegger, traz um conversível 1975-76. Walter Matthau e Robin Williams fogem de trenós puxados por cães num Eldorado 1977-78 em O negócio é sobreviver (The Survivors, 1983). Um 1977 também estrela Um assassino à solta (Switchback, 1997) com Danny Glover and Dennis Quaid.

Em O Exterminador do futuro (The Terminator, 1984) Michael Bien rouba outro 1977 numa garagem para fugir de Schwarzenegger. O modelo básico com bancos de couro torna-se, por erro de continuidade, um Biarritz com revestimento de tecido no fim da perseguição... Além de um modelo 1968 e outros Cadillacs, Cassino (Casino, 1995), com Robert de Niro e Sharon Stone, mostra o protagonista dentro de um Eldorado 1979 que explode.

Um Eldo 1983 é furtado em 60 segundos (Gone in 60 seconds, 2000), estrelado por Nicolas Cage e Angelina Jolie. Na lista de carros a serem roubados que cria o enredo do filme constam um Eldorado 1959, chamado de Madeline pelos ladrões, e um Brougham 1958, que é Patrícia, mas não aparece. A “Madeline” que surge numa cena é um cupê 1959, mas não um Eldorado Seville. Entre tantos outros "Caddies" de diferentes décadas em Os bons companheiros (Goodfellas, 1990), filme de gângsteres com Robert De Niro, há um Biarritz 1985. Em Um conquistador em apuros (Cadillac Man, 1990) Robin Williams vende carros da marca e vêem-se vários dos anos 70 e 80.

Nos primórdios da televisão no Brasil, nos anos 1950, o misto de dramaturgo e médico pediatra Silveira Sampaio costumava se referir ao Brasil, em seu programa semanal de entrevistas na TV Tupi, como au pays des Cadillacs. Era a sua crítica à falsa pujança de um país pobre, sem divisas estrangeiras e endividado, mas repleto de Cadillacs nas ruas.

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