É verdade que os motores Mercedes movidos a esse combustível estavam perdendo apelo diante de novos e mais potentes concorrentes. Mas a marca conservava sua reputação de resistência, adquirida já na década de 1950 com os modelos Ponton a diesel, e tinha o mérito de obter nível de ruído muito baixo com tais motores, graças à montagem encapsulada — era aplicado material fonoabsorvente ao redor do propulsor. A geração toda, por outro lado, foi a mais vendida entre os Classes S: 818 mil unidades, sem contar as que a unidade sul-africana produziu por mais três anos após seu encerramento na Alemanha.

Desta vez a Mercedes exagerava: a geração W140 ficou tão grande e pesada que recebeu muitas críticas, tanto pelas impressões ao volante quanto pelo risco que causava a veículos menores em colisões

Grande demais   Seguindo a tendência das gerações anteriores, a série seguinte — W140 — era lançada no Salão de Genebra em março de 1991 com dimensões ainda maiores. E, convenhamos, desta vez a Mercedes exagerava: a versão normal media 5,11 metros de comprimento, 1,89 m de largura (sem os retrovisores) e 1,49 m de altura, já grande demais para fluidez pelas estreitas ruas européias e para as vagas de estacionamento. O modelo de entreeixos longo ainda ganhava 100 mm e o peso da linha variava de 1.890 a 2.180 kg.

Seu estilo mantinha elementos dos anteriores, mas a sensação de volume e peso estava evidente nas formas mais robustas, como as largas colunas traseiras. Para lidar com as enormes dimensões havia recursos como o recolhimento dos retrovisores externos e pequenas antenas nos pára-lamas posteriores, que subiam em dois segundos quando a marcha à ré era engatada, para orientar as manobras. O Cx melhorava para 0,31. Além do BMW e do Jaguar, havia três novos concorrentes: o Audi V8, o Lexus LS 400 e o Infiniti Q45, estes no mercado americano apenas.

Com vidros duplos, fechamento automático das portas sem bater e controle eletrônico por toda a mecânica, o novo Classe S envolvia os ocupantes em uma atmosfera quase independente do mundo

No interior, itens de conforto impressionantes estavam por toda parte. Bolsas dentro dos bancos permitiam moldar seus apoios aos contornos do corpo, através de vários comandos elétricos. Os vidros das janelas eram duplos, com uma camada oca entre as lâminas, para deixar de fora todo tipo de ruído. Não se precisavam bater as portas ou a tampa do porta-malas: uma vez encostados, um sistema eletropneumático as recolhia.

Quatro motores eram oferecidos: o de seis cilindros, 3,2 litros e 231 cv (versão 300); os V8 de 4,2 litros e 279 cv (400) e de 5,0 litros e 320 cv (500); e o primeiro V12 da história da marca, com 6,0 litros, 408 cv e 58 m.kgf de torque (600). Todos tinham quatro válvulas por cilindro, coletor de admissão de geometria variável e moderno gerenciamento eletrônico, algo que estava em toda a mecânica do W140: no câmbio automático, na assistência de direção (regressiva em função do aumento da velocidade), no sistema de diagnóstico de falhas, no comando do acelerador.

Excessivo também na potência: o motor básico era o 3,2 de 231 cv, e o de topo, um inédito V12 de 6,0 litros e 408 cv, que deslocava todo seu peso com agilidade impressionante

Também pela primeira vez um Classe S usava limitador de velocidade: o 600 SE/SEL não superava 250 km/h, patamar estabelecido em acordo entre o governo alemão e alguns fabricantes locais, embora tivesse potência para ir algo como 30 km/h além dessa marca. Mesmo assim, nas acelerações deixava bem para trás o BMW 750iL, que usava um V12 de 5,0 litros e 300 cv: de 0 a 100 km/h fazia em 6,1 segundos, dois a menos que o concorrente da Bavária.

Duas versões ampliavam a oferta no Salão de Paris do final de 1992: a 300 SE, de 2,8 litros e 193 cv, e a 350 SD, com um turbodiesel de 3,5 litros e 150 cv — disponível, pela primeira vez, também no mercado europeu. Os demais perdiam um pouco de potência para reduzir o consumo, ficando o V12 com 394 cv. Alguns mercados receberam também uma enorme perua, com quatro opções de motores.
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Acidente famoso
Embora criticado pelo risco que sua enorme massa representaria em uma colisão com veículos menores (leia o texto principal), um Classe S W140 marcou um desastre que vitimou os próprios ocupantes, deixando multidões de luto: o acidente da princesa Diana e seu namorado Dodi Al-Fayed, em 31 de agosto de 1997. Fugindo dos fotógrafos, o carro perdeu o controle a quase 200 km/h e colidiu com uma barreira no túnel d'Alma, em Paris. Sem cintos, Diana, Al-Fayed e o motorista morreram — apenas um segurança, protegido pelo cinto, sobreviveu. Apesar do triste episódio, a segurança do Mercedes foi comprovada: a cabine resistiu à enorme absorção de energia pela frente do carro. Se estivessem usando cintos, os ilustres passageiros poderiam estar vivos.

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