

A grade com "dentes à mostra"
chegava em 1950, junto da direção assistida; a perua continuava a usar
madeira em parte da carroceria

O motor V8 "Nailhead", menor
e mais leve, estreava em 1953; um ano depois (acima), mudanças de estilo
como as dagmars no parachoque


O cupê estava mais charmoso na
época e, em 1955 (nas ilustrações), ganhava potência no motor V8, que de
202 passava a entregar 239 cv |
Um friso cromado cortava toda a lateral
e, perto do motor, estavam presentes quatro entradas de ar circulares de
cada lado, batizadas de VentiPorts pela Buick e que se tornariam uma
marca registrada do Roadmaster — os outros modelos da marca usavam
apenas três. Conta-se que muitos proprietários de veículos mais simples
mandavam furar a carroceria para acrescentar a quarta entrada,
assemelhando-se assim ao imponente Roadie. Os paralamas traseiros
ficavam mais altos e abaulados e o parabrisa tornava-se inteiriço. Por dentro o estilo art déco
tomava conta do ambiente e o velocímetro estava bem à frente do
motorista.
O carro compartilhava com o Cadillac série 62 e com o
Oldsmobile 98 a chamada plataforma C
da GM. Estava mais comedido no comprimento e mais magro também.
Inicialmente a linha era composta pelo sedã, sedanet, conversível e
perua — esta com carroceria de madeira, muito comum na época. Logo o
cupê hardtop, chamado Riviera, entrava
no catálogo. Mas a imprensa especializada tinha críticas a fazer — e
novamente a patinagem do Dynaflow era uma delas. A revista Motor
Trend também apontou a maciez excessiva da suspensão, que ela
considerou "mole como marshmallow".
Para 1950 uma novidade era a grade exagerada que literalmente "mostrava
os dentes". Havia também duas opções de entre-eixos e o motor agora
entregava 172 cv, graças a um novo carburador de corpo quádruplo. A
direção com assistência hidráulica era uma novidade bem-vinda, sobretudo
para as mulheres. Mas o tempo passava e a Buick percebera que seu motor
de oito cilindros em linha já não competia por igual com os novos V8 da
Oldsmobile e da Cadillac. Em 1953, portanto, a marca apresentava seu
propulsor com cilindros em "V", que ficaria conhecido por Nailhead
(cabeça de pregos) pela disposição das válvulas, que lembravam pregos no
cabeçote.
Embora com deslocamento muito semelhante ao antigo, o novo era compacto,
mais leve e entregava 190 cv. A taxa pulava de 7,5:1 para 8,5:1 e o
torque crescia de 39,8 para 41,4 m.kgf
— disponível em rotação bem
baixa, uma característica apreciada do Nailhead.
Sistema elétrico de 12 volts e ar-condicionado também eram novidades.
Para responder às críticas ao câmbio, a Buick elaborou a caixa chamada
Twin Turbine Dynaflow, de dupla turbina, que tinha maior eficiência por
precisar de menos deslizamento do conversor. O carro tinha, de fato,
muitas qualidades. Tom McCahill, da revista Mechanix Illustrated's,
destacou o baixo nível de ruído, mas a aceleração deixava a desejar. Os
freios eram um problema, tanto que foram relatados por Ralph Nader no
livro Inseguro a Qualquer Velocidade.
Em 1954 o Roadmaster estava rejuvenescido. À
frente os faróis contavam com uma moldura cromada que deixava o conjunto
mais vertical, lembrando de longe os Mercedes
da década. A grade estava mais discreta e nos parachoques já era
possível vislumbrar garras apelidadas de dagmars, nome em alusão ao
busto voluptuoso de 99 cm da atriz e apresentadora Ruth Egnor, cujo nome
artístico era Dagmar. As laterais, que estavam mais lisas, sem paralamas
protuberantes, eram contornadas pelo parabrisa curvo, o que dava
amplidão ao já espaçoso interior. Discretos rabos-de-peixe também
surgiam, um prenúncio dos exageros que se veriam no fim dos anos 50 em
todas as marcas.
Novidade na linha era uma versão especial conversível chamada Skylark,
que comemorava os 50 anos da Buick. Seu desenho era diferente, com linha
de cintura em forma de "V" e aspecto musculoso. Era muito luxuoso e
caro, custando U$S 5 mil. Apenas 670 felizardos levaram um Skylark pra
casa. Nos demais Roadies, mudanças mecânicas eram discretas, mas
bem-vindas. O motor agora entregava 202 cv e a direção assistida era
revista para melhor acerto. Vidros com comando elétrico eram de
série no hardtop e no conversível e opcionais no sedã.
Em 1955 Ivan Wiles, responsável pela Buick e pressionado pelo
novo presidente da GM, Harlow Curtice, aumentou a todo custo a produção
e o resultado foi desastroso.
Atuando acima da capacidade, as fábricas deixavam a desejar em
qualidade, o que manchou a reputação da empresa. Problemas à parte, a
potência do V8 crescia mais um pouco, passando a 239 cv. Isso se
traduzia em 175 km/h de velocidade máxima e 0 a 96 km/h em 11,7
segundos, desempenho muito bom para um carro de 1.950 kg naquela
época.
Continua
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