Por mais que se entendam as razões, é uma injustiça que o nome de
Edsel Bryant Ford seja associado à idéia de fracasso. Nascido em 6
de novembro de 1893, o filho único de Henry Ford poderia ser
considerado tudo, menos um fracassado. Enquanto seu pai era de uma
notória teimosia, para melhor e para pior, Edsel tinha apreço
pelas novidades. Apaixonado por carros rápidos e atraentes, era um
autêntico car guy, um aficionado por automóvel. Talvez bem mais
que o próprio Henry, que foi responsável por milhões deles, mas só
amou de verdade um, o Ford
Modelo T.
Há uma frase creditada a ele que exemplifica bem sua postura: "Meu
pai faz o carro mais popular do mundo, eu gostaria de fazer o
melhor carro do mundo". Foi Edsel que convenceu seu pai a adquirir
a combalida Lincoln e dar novo brilho à marca nos anos 30. Entre
os vários carros modificados que pedia à equipe da Ford para criar
para ele, estava aquele que deu origem ao mais celebrado Lincoln,
o Continental, baseado no
ousado Zephyr de 1936.
Antes
de completar 30 anos Edsel tornou-se presidente da Ford, ainda que
sob marcação cerrada de seu pai. Foi quando a GM superou a Ford no
ranking mundial de fabricantes. |
Ele foi um ferrenho defensor da renovação na corporação e
conseguiu fazer o Modelo A
substituir o T, apesar da resistência de Henry. Em 1932 a Ford
dava outro passo definitivo de sua história ao lançar, no
Modelo 18, o primeiro V8 produzido
em massa.
O mercado reagiu bem aos novos modelos Ford, Lincoln e, de 1938 em
diante, Mercury. Contudo, em 26 de maio de 1943, aos 49 anos, ele
não resistiu a um câncer. Casado com Eleanor Clay, Edsel deixou os
filhos Henry Ford II, Benson, Josephine e William Clay Ford, Sr. —
sendo que o primeiro também dirigiu a Ford, de 1945 a 1980. A
influência do filho de Henry Ford definiu uma era em que a
companhia se abriu mais à criatividade possibilitada pelo estilo,
o conforto e a sofisticação que à necessidade de motorizar o mundo
e bater recordes olímpicos de venda. |