
O curioso protótipo de 1947: um
só lugar ao centro, chassi do Jeep americano e motor Rover de 1,4 litro





Um ano depois, o Land Rover
definitivo, com três lugares, pára-brisa bipartido e rebatível, capota
de lona que podia ser removida e motor de 1,6 litro a gasolina |
A
indústria automobilística tem modelos longevos praticamente em todo o
mundo. Na França o Citroën 2CV foi
um exemplo; na Itália, o Fiat 500 da década
de 1950 foi reinterpretado com muita pompa depois de meio século; na
Alemanha e no Brasil, o Volkswagen sedã teve
longa vida; e na Inglaterra houve a primeira geração do
Mini, que inspirou uma nova geração. É também
de lá que um modelo completará no ano que vem 60 anos de vida: o famoso
utilitário Land Rover.
Após a Segunda Guerra Mundial, havia no Reino Unido muitos
Jeeps americanos, mas não existiam
peças de reposição para todos. Embora destinados a virar sucata, todos
sabiam da robustez e da valentia desse utilitário. Eram muito usados
pelos irmãos Spencer e Maurice Wilks, presidente e engenheiro chefe (na
ordem) da The Rover Company Ltd., que até então só produzia automóveis.
Para percorrer a fazenda que pertencia à família, com muitas terras
cultivadas, os Spencers precisavam de um veículo fora-de-estrada.
Os irmãos decidiram então fabricar um veículo com as mesmas
características do Jeep, tendo outros proprietários rurais como bons
clientes. Reuniram seus técnicos, liderados por Robert Boyle, para
traçar os primeiros esboços. Sobre o chassi de um jipe americano
montaram o motor Rover de quatro cilindros, 1,4 litro e potência de 48
cv. O pára-brisa tinha uma só peça, os pára-lamas dianteiros eram curvos
na parte da frente e os faróis estavam inseridos na grade do radiador.
Uma característica inusitada era que o volante ficava no centro do
carro, assim como o único banco.
Uma caixa de transferência com redução fazia a tração nas quatro rodas e
havia dispositivo de roda-livre. A carroceria era construída em uma liga
de alumínio e magnésio chamada Birmabright, mais fácil de moldar,
resistente à corrosão e de custo bem menor que o do aço, que na época
estava com preço muito alto. Após alguns meses de testes, em setembro de
1947 a empresa dava sinal verde para uma pré-série de 48 unidades, feita
na fábrica de Solihull — construída durante a guerra depois que a de
Coventry foi bombardeada.
Estavam equipados com um chassi de chapas soldadas e galvanizadas a
quente. Alguns modelos tinham direção do lado direito, outros do lado
esquerdo, abandonando a posição inicial. As portas eram planas e podiam
ser retiradas. Unidades foram entregues às forças armadas e a
proprietários rurais, que as aprovaram. Estavam deixando de lado o
trator e puxando o arado com o jipe. Em 30 de abril de 1948, no Salão de
Amsterdã, na Holanda, era apresentado ao público o utilitário Land Rover.
O sucesso foi imediato: a produção de 100 unidades por mês não
conseguiria satisfazer à demanda.
O primeiro modelo, denominado 80 por causa da distância entre eixos em
polegadas, equivalente a 2,03 metros, tinha capota de lona e três
lugares. A posição do motorista era boa, mas a dos acompanhantes deixava
a desejar. A capota até a coluna central podia ser estendida até o final
da carroceria e ser toda retirada, com o pára-brisa rebatido.
Continua
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