Nas linhas simples e agradáveis
ou na mecânica a favor do motorista, o MX-5 inspirava-se nos clássicos roadsters ingleses dos anos 50 e 60
O interior da versão Eunos
japonesa: dois lugares sem desperdício de espaço, acabamento simples,
capota com prático acionamento manual |
Em
meados do século passado, um estilo de automóvel fazia muito sucesso
entre quem buscava simplesmente prazer em dirigir. Os pequenos roadsters
— modelos abertos com apenas dois lugares e, em geral, motores de quatro
cilindros de cilindrada moderada — eram febre na Europa e trouxeram
muita fama a marcas inglesas que criaram verdadeiros clássicos nessa
categoria, como o MG B e os vários modelos
da Triumph.
Com o tempo esse segmento foi ficando esquecido. As marcas focavam seus
esforços em carros mais práticos, que servissem a mais pessoas e
utilizações. De fato, poucos tipos de carros são tão pouco práticos
quanto um roadster; por outro lado, talvez não haja um gênero que traga
mais satisfação a quem o dirige. Nos Estados Unidos, picapes e
utilitários esporte assumiam a função de carros de lazer. Se em 1980
havia opções como Triumph TR7 e
Spitfire, Fiat X
1/9, Alfa Romeo Spider e MG
B, ao fim daquela década apenas o Alfa permanecia disponível. E um nome
clássico do segmento, o Lotus Elan,
ressurgia com motor japonês (Isuzu) e tração dianteira. Uma heresia.
Mas houve um fabricante, fora do circuito europeu, que imaginou fãs de
pequenos conversíveis sedentos por uma novidade. E ela veio pelas mãos
da japonesa Mazda em 1989: o MX-5, popularmente conhecido pelo nome Miata,
que ele usou até anos atrás no mercado norte-americano. Pode-se creditar
o surgimento do carro a um jornalista com passagens pelas revistas
Automotive News e Motor Trend, Bob Hall. A família de Hall
teve em Los Angeles, na Califórnia, uma série de roadsters ingleses que
despertaram nele essa paixão. Em 1981 ele se via trabalhando no braço
local do departamento de pesquisa e desenvolvimento da Mazda.
Em uma viagem à matriz da empresa em Hiroshima, Hall foi questionado por
Kenichi Yamamoto, executivo daquele setor da Mazda, sobre que carro ele
achava que a empresa deveria lançar. Hall sugeriu um pequeno
dois-lugares aberto e acessível e até indicou o aproveitamento da plataforma do
modelo 323 da marca, que então usava tração traseira, mas havia quem
considerasse que esse tipo de carro não traria a imagem de modernidade
sempre almejada pela empresa. Embora Bob insistisse em seu plano, ainda não
tivera êxito.
Em 1983 a Mazda mostrava interesse em projetar um pequeno carro esporte —
desde que fosse um cupê com motor e tração dianteiros ou motor central e
tração traseira. Hall e o departamento norte-americano mantiveram sua
posição, que sairia vencedora só três anos depois. O projeto do roadster,
de código P729, agora era uma realidade a cargo do engenheiro Toshihiko
Hirai. A ideia foi ganhando corpo a partir das sugestões da equipe —
membros notadamente apaixonados por carros esporte. O desenvolvimento do
novo carro foi um dos primeiros a contar com amplo uso de computadores
para definir o chassi.
Lançado no Salão de Chicago, EUA em fevereiro de 1989, o pequeno MX-5 Miata chegou ao mercado norte-americano no terceiro trimestre de 1989 já
como modelo 1990. Na Europa era chamado apenas de MX-5, enquanto no Japão
levava o nome Eunos Roadster — Eunos era uma marca de prestígio da Mazda
naquele mercado, assim como Lexus, Acura e Infiniti atuavam nos EUA para
Toyota, Honda e Nissan, nesta ordem. MX-5 significava o quinto projeto "Mazda
Experimental", enquanto Miata era "recompensa" em idioma alto
alemão antigo. Continua
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