Pela primeira vez um picape do porte desse Toyota oferecia tração nas quatro rodas, que incluía suspensão mais alta; embaixo, o pacote SR-5

O modelo 1984 tinha mudanças de estilo e opção de cabine estendida; dos novos motores, destaque ao 2,4-litros turbo a gasolina com 135 cv

O desempenho deixou a desejar, com 17,4 s para passar de 0 a 96 km/h, mas o Luv e o Brat foram ainda mais lentos: 19 e 19,6 s, na ordem. Ciente da necessidade de melhorar as respostas ao pé direito, a Toyota implantava em 1981 o motor 22R com 2,4 litros, 97 cv e 17,7 m.kgf, ao lado da estreia de uma unidade a diesel de 2,2 litros com aspiração natural, comando no cabeçote, 62 cv e torque de 12,8 m.kgf, restrita à versão SR5 com caçamba longa. A publicidade o anunciava como "construído desde o primeiro passo para ser resistente como um diesel — não apenas um motor a gasolina modificado", uma evidente alusão à prática da GM de converter motores para criar suas versões a diesel, em geral com maus resultados. Bem aceito em muitos mercados por sua robustez e economia, esse tipo de motor não tinha grande número de adeptos nos EUA, onde o preço de tal combustível não era tão vantajoso e o menor consumo — em um país com gasolina barata — nem sempre compensava o alto preço do propulsor.

O teste da norte-americana Car and Driver relatava que "a caixa de cinco marchas é curta para obter o máximo empurrão do motor a diesel de bom torque. Basicamente você troca de marcha como louco até 50 km/h e depois roda em relativa paz". Embora o motor Toyota fosse elogiado por minimizar o incômodo ruído tradicional do diesel, sua economia em combustível só justificava o maior preço da versão após 64 mil quilômetros rodados, calculava o teste. A Popular Science colocou desta vez a versão a diesel ao lado dos similares da Datsun e da Volkswagen, este derivado do Golf (chamado de Rabbit nos EUA). O Toyota saiu-se melhor que o VW em espaço e que o Datsun em facilidade de manobras, além de ter a caçamba mais ampla, mas perdeu para ambos em freios, comportamento dinâmico e conforto de marcha. Embora com a maior potência, foi também o mais lento para acelerar de 0 a 96 km/h: 32 segundos ante 24 do outro japonês e 27 do alemão. Para quem optasse pelo veículo a gasolina, o Hilux 1983 trazia nos EUA a edição especial Mojave, com para-choques cromados e as opções de ar-condicionado e controlador de velocidade. Nessa época a Toyota oferecia naquele país 14 variações do picape.

Estendido e turbo   Sem alterar os traços básicos do desenho, a quarta geração do Hilux chegava na linha 1984 com linhas suavizadas, pequenos quebra-ventos nas janelas, abas largas nos para-lamas e, em parte das versões, laterais lisas na caçamba para um aspecto mais "limpo". Importante novidade era a caçamba estendida, chamada de Xtracab (o "x" em inglês faz soar como "extracab"), que trazia espaço adicional para bagagens no interior. As medidas eram de 4,43 m de comprimento e 2,61 m entre eixos, com cabine simples e caçamba curta; 4,73 e 2,84 m, com caçamba longa; e 4,96 e 3,08 m com cabine estendida. Fora dos EUA, a opção de cabine dupla com quatro portas tornava-se bastante popular. Motores e transmissão não mudavam, mas a suspensão era recalibrada com ênfase no conforto. Alteração que, no entanto, não agradou à Consumer Reports em comparativo de picapes compactos: "O Toyota tem os melhores consumo e aceleração do grupo, mas seu conforto e sua estabilidade são abomináveis", inconvenientes que não compensavam o baixo preço na opinião da revista. Na época os fabricantes dos EUA já ofereciam projetos próprios na categoria, como Ford Ranger e Chevrolet S-10, ainda em gerações anteriores às que conhecemos no Brasil.

Se desempenho já não era problema, tornava-se um destaque no modelo 1985 com a adoção de injeção eletrônica no motor a gasolina (chamado de 22RE), o lançamento de um novo 2,4 a diesel (código 2L) e a oferta de turbocompressor para ambos, além da opção de caixa automática de quatro marchas. O 22RTE a gasolina chegava a 135 cv e 23,7 m.kgf, valores muito expressivos para um picape desse porte na época, e podia equipar apenas a versão Xtracab com tração traseira e câmbio automático. Na avaliação da Car and Driver, era "potência suficiente para rever completamente suas noções de desempenho em minipicapes. Realmente, é um novo mundo", Além de acelerar de 0 a 96 km/h em pouco mais de 10 segundos, era possível "ultrapassar com segurança em lugares fora de questão para um modelo normal", pois a faixa de 140 km/h surgia com facilidade. "O picape até mantém 130 km/h em subidas com meio acelerador", destacava, "e se o tráfego faz cair a, digamos, 70 km/h, uma pressão do pé logo o faz mostrar 130 de novo, ainda subindo".

O novo motor a diesel rendia 83 cv e 16,8 m.kgf, com aspiração natural, e passava a 92 cv e 22 m.kgf quando dotado de turbo (código 2LT). Mesmo com o melhor desempenho, continuou a não fazer muito sucesso nos EUA e saiu de produção já em 1986. Nesse ano o picape 4x4 para aquele mercado ganhava em conforto de marcha com a suspensão dianteira independente por braços sobrepostos e barras de torção, como a da versão 4x2. Quando dotado de caixa automática, a caixa de transferência tinha controle eletrônico e os cubos de roda dianteiros vinham com roda-livre automática — um pacote conveniente para o motorista urbano, mas rejeitado pelos praticantes mais radicais do fora-de-estrada, que preferiam a confiabilidade do acionamento manual da roda-livre e a resistência do eixo rígido a obstáculos severos. Esses ficariam satisfeitos se pudessem comprar o Hilux com eixos rígidos, vendido em outros mercados. Continua

Nas telas
Quando se precisa de um picape robusto para locais quase inatingíveis, o Hilux aparece como grande opção. E o cinema explorou bem essa capacidade ao colocar o Toyota em numerosos filmes, tanto norte-americanos quanto europeus e asiáticos.

Um modelo verde claro da primeira geração, de 1969, enfrenta estradas precárias no filme tailandês Dirty Heroes (1980), que também mostra caminhões e jipes da época. Não há menos poeira para o picape 1979 da aventura Baby - O Segredo da Floresta Perdida (Baby: Secret of the Lost Legend, 1985, EUA). Mais bem-tratado é o Hilux da mesma época, bege, do drama europeu Mandela - A Luta pela Liberdade (Goodbye Bafana, 2007), sobre o racismo na África do Sul.

A geração que estreou em 1984 aparece na comédia australiana The Crop (2004), com um picape branco transformado em casa móvel; no drama neozelandês The Quiet Earth (1985), com um de cabine dupla da mesma cor; e na comédia inglesa Freiras em Fuga (Nuns on the Run, 1990), com outro modelo branco, de cabine simples.

Quem quiser ver o modelo lançado em 1989 pode assistir à aventura norte-americana Fuga Mortal (Joshua Tree, 1993), com um picape cinza de cabine estendida; ao drama argentino XXY (2007), filmado no Uruguai, que mostra um modelo de cor escura já bastante surrado; ao romance sueco Grabben I Graven Bredvid (The Guy in the Grave Next Door no título em inglês, 2002), com um vermelho de cabine estendida; à comédia francesa La Vache et le Président (2000), com um cinza de cabine dupla; e à aventura francesa Cavaleiros do Ar (Les Chevaliers du Ciel, 2005), onde aparecem em ação picapes brancos. Uma unidade laranja e modificada, com rodas largas e altura de rodagem reduzida, é vista em Koizora (Sky of Love no título em inglês, 2007), um drama japonês.

O Hilux de 1997 está no filme de terror alemão Um Grito Embaixo d'Água (Swimming Pool - Der Tod Feiert Mit, 2001), com uma versão cinza de cabine dupla com grandes pneus e tomada de ar elevada, própria para superar trechos alagados. A geração atual também já é vista em alguns filmes.

O picape tem presença ainda em várias séries de TV. Muitos deles já apareceram em diversos episódios de Peking Express, lançada em 2004 na Holanda com cenas filmadas na China, Índia, Bolívia e Peru, entre outros países. Em Auf Achse, exibida na Alemanha de 1978 a 1996, um modelo 1982 amarelo aparece em trabalhos pesados em dois episódios. Em Autofil, que passou de 2001 a 2008 na Noruega, vê-se um modelo de cabine dupla também amarelo e muito equipado, com direito a guincho frontal, quebra-mato e para-lamas alargados para encobrir pneus enormes.
Dirty Heroes Baby
Freiras em Fuga Fuga Mortal
Koizora Um Grito Embaixo d'Água
Auf Achse Peking Express

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