Há pouco mais de 11
meses, em 3 de janeiro, publicávamos o primeiro Editorial do ano que se
iniciava. Era um tempo de esperança, a começar pela economia de País,
que arriscava uma arrancada depois da longa "patinação de embreagem"
vista em 2003. Aproveitávamos o ensejo para comentar outras expectativas
para 2004.
O ano aproxima-se do final — "passou voando", dizemos e ouvimos mais uma
vez — e nota-se que nem tudo saiu como gostaríamos. Naquele Editorial
dizíamos que "só não se falou ainda em aumento dos combustíveis", o que
não demorou a acontecer. Durante o ano ficou cada vez mais caro
abastecer nossos automóveis, por mais que a Petrobrás tentasse nos
convencer de que não repassaria aos preços internos as flutuações do
petróleo no exterior. Tocamos no tema na edição nº 177.
Também torcíamos pela moderação dos usineiros, com seus "aumentos
infundados" do preço do álcool. Precisa-se dizer o que é que aconteceu
há poucas semanas? Eles às vezes parecem dispostos a matar sua galinha
dos ovos de ouro — vulgo carro flexível em
combustível —, já que ao preço atual o álcool leva pouca vantagem
econômica sobre a gasolina.
Prevíamos um bom ano para a economia em geral e o mercado
automobilístico em particular, o que em boa parte se confirmou. O País
cresceu, mais apesar do governo Lula do que por causa
dele, a julgar pelos juros elevados e a sanha por arrecadação de
impostos. A indústria que produz carros, nosso enfoque principal,
comemora: até novembro, a produção do ano superava em 20% a do mesmo
período de 2003. As vendas internas cresceram 13%, e as exportações,
nada menos que 50% entre os mesmos períodos. É mesmo uma boa notícia,
embora ainda haja — dissemos isso também — um longo caminho a percorrer
até que alcancemos o número de habitantes por automóvel, por exemplo, da
Argentina, para não falar no dito Primeiro Mundo.
Naquele Editorial aguardávamos o 23º Salão do Automóvel, que aconteceu
em outubro com um conjunto de atrações internacionais dos melhores em
sua história. Infelizmente, ficou marcado também por dois pontos
negativos: a escassez de lançamentos nacionais, indicação de como
esfriaram os investimentos dos fabricantes ultimamente, e o desrespeito
à Imprensa pela organização no dia da visita presidencial, comentado na
edição nº 187.
De fato, 2004 foi — apesar de todos os indicadores positivos — um ano
fraco em novidades no mercado. Tudo o que se lançou foi variação ou
reestilização de modelos conhecidos, o que é pouco para aquecer as
vendas com o ímpeto que todos desejam. Resta esperar que 2005 seja bem
melhor nesse aspecto — e tudo indica que será, com a expectativa de
lançamentos de relevo em alguns segmentos.
Ao leitor, que por mais um ano nos acompanhou e ajudou a fazer do
BCWS a referência brasileira em sites de automóveis, a equipe
transmite os votos de boas festas e de um 2005 de muita prosperidade.
Continuaremos aqui para curtir, junto com você, este fascinante mundo
motorizado.
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