Retrospectivas de 2004

A economia e a indústria prosperaram, mas os lançamentos
foram escassos e ter um carro ficou ainda mais caro

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editorHá pouco mais de 11 meses, em 3 de janeiro, publicávamos o primeiro Editorial do ano que se iniciava. Era um tempo de esperança, a começar pela economia de País, que arriscava uma arrancada depois da longa "patinação de embreagem" vista em 2003. Aproveitávamos o ensejo para comentar outras expectativas para 2004.

O ano aproxima-se do final — "passou voando", dizemos e ouvimos mais uma vez — e nota-se que nem tudo saiu como gostaríamos. Naquele Editorial dizíamos que "só não se falou ainda em aumento dos combustíveis", o que não demorou a acontecer. Durante o ano ficou cada vez mais caro abastecer nossos automóveis, por mais que a Petrobrás tentasse nos convencer de que não repassaria aos preços internos as flutuações do petróleo no exterior. Tocamos no tema na edição nº 177.

Também torcíamos pela moderação dos usineiros, com seus "aumentos infundados" do preço do álcool. Precisa-se dizer o que é que aconteceu há poucas semanas? Eles às vezes parecem dispostos a matar sua galinha dos ovos de ouro — vulgo carro flexível em combustível —, já que ao preço atual o álcool leva pouca vantagem econômica sobre a gasolina.

Prevíamos um bom ano para a economia em geral e o mercado automobilístico em particular, o que em boa parte se confirmou. O País cresceu, mais apesar do governo Lula do que por causa dele, a julgar pelos juros elevados e a sanha por arrecadação de impostos. A indústria que produz carros, nosso enfoque principal, comemora: até novembro, a produção do ano superava em 20% a do mesmo período de 2003. As vendas internas cresceram 13%, e as exportações, nada menos que 50% entre os mesmos períodos. É mesmo uma boa notícia, embora ainda haja — dissemos isso também — um longo caminho a percorrer até que alcancemos o número de habitantes por automóvel, por exemplo, da Argentina, para não falar no dito Primeiro Mundo.

Naquele Editorial aguardávamos o 23º Salão do Automóvel, que aconteceu em outubro com um conjunto de atrações internacionais dos melhores em sua história. Infelizmente, ficou marcado também por dois pontos negativos: a escassez de lançamentos nacionais, indicação de como esfriaram os investimentos dos fabricantes ultimamente, e o desrespeito à Imprensa pela organização no dia da visita presidencial, comentado na edição nº 187.

De fato, 2004 foi — apesar de todos os indicadores positivos — um ano fraco em novidades no mercado. Tudo o que se lançou foi variação ou reestilização de modelos conhecidos, o que é pouco para aquecer as vendas com o ímpeto que todos desejam. Resta esperar que 2005 seja bem melhor nesse aspecto — e tudo indica que será, com a expectativa de lançamentos de relevo em alguns segmentos.

Ao leitor, que por mais um ano nos acompanhou e ajudou a fazer do BCWS a referência brasileira em sites de automóveis, a equipe transmite os votos de boas festas e de um 2005 de muita prosperidade. Continuaremos aqui para curtir, junto com você, este fascinante mundo motorizado.

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Data de publicação: 11/12/04

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