O começo na Europa, na Fórmula Ford; de pé, seu parceiro Chico Rosa

Depois de estrear na F-1 no GP da Inglaterra de 1970 (em cima), vencia nos EUA e se tornava o primeiro piloto da Lotus para o ano seguinte

Em 1972, de Lotus preto e dourado, Emerson foi o campeão mais jovem da F-1; embaixo está com Colin Chapman (de preto) e Ronnie Peterson

Dois anos depois, o bicampeonato já na McLaren, ao volante do M23

Das nove corridas de Fórmula Ford, ganhou três, obteve dois segundos lugares e dois terceiros. Logo seu nome era muito citado pelos grandes do automobilismo inglês. Fez a melhor escola de pilotagem na época em toda a Europa, a de Jin Russel, que pôs em suas mãos um Fórmula 3. E colheu rapidamente os frutos, pois Emerson ganhou oito das 11 provas, sagrando-se campeão. Estava com apenas 22 anos, sabia de seu talento e era responsável. Tantas virtudes saltaram aos olhos de Colin Chapman, o proprietário da Lotus, que sabia muito bem recrutar pilotos impares como Jim Clark e Graham Hill — e precisava de um segundo homem para fazer dupla na Fórmula 1 com o austríaco Jochen Rindt.

Estreia na Lotus   Emerson começava 1970 pilotando o velho Lotus 49. enquanto seu colega estreava o revolucionário Lotus 72 nas cores vermelha e dourada. O campeonato estava repleto de estrelas: Jack Brabham, Jackie Stewart, Pedro Rodriguez, Jacky Ickx, Clay Regazzoni. Rindt venceu as provas de Mônaco, Zandvoort, Clermont-Ferrand, Brands Hatch e Hockenheim, mas morreu num acidente em Monza, na Itália, em setembro. A Lotus, em respeito, não competiu nas duas provas seguintes, mas foi aos Estados Unidos para a penúltima prova do campeonato em Watkins Glen. Nesse respeitado autódromo, que abrigava a F-1 desde 1961, o brasileiro ganhou sua primeira prova na categoria, garantindo o campeonato para a Lotus e o título póstumo para o colega de equipe.

Em 1971, Fittipaldi tornava-se o primeiro piloto da Lotus em dupla com o sueco Reine Wisell. Apesar das grandes qualidades do carro e da equipe, o ano foi muito ruim e ele ficou em sexto no campeonato, atrás de Jackie Stewart, Ronnie Peterson, François Cevert, Jacky Ickx e Joseph Siffert. Nessa época os carros estavam muito bonitos e eram facilmente identificados pelos aerofólios e cores. Era difícil ver projetistas sem genialidade. O ano seguinte começava com muitas novidades para o brasileiro. Nosso país seria sede pela primeira vez de uma corrida de F-1, em uma prova internacional de grande importância. O Lotus modelo 72 de Emerson estava melhor e com novas cores. Preto e dourado, parecia mais uma seta bem afiada. Seu motor era um Ford-Cosworth DFV, V8 de 3,0 litros, com 440 cv a 10.000 rpm e câmbio de cinco marchas. À exceção da Ferrari, BRM e Matra, com motores V12, todas as equipes estavam com o Ford.

Na prova não oficial de estreia em Interlagos, o argentino Carlos Reutemann (Brabham-Ford) foi o vencedor, mas as provas da Espanha, Bélgica, Inglaterra, Áustria e Itália, Emerson venceu. Garantiu o campeonato já em Monza, numa bela festa da Lotus. Chapman fez seu boné voar muito esse ano para saudar o mais jovem campeão do mundo da F-1, recorde que ele manteve até 2005, quando Fernando Alonso o superou. Fittipaldi tinha apenas 25 anos. Em 1973, tinha como companheiro de equipe o veloz sueco Ronnie Peterson. O brasileiro o admirava bastante e não poupava elogios, mas foi um ano de erros para a equipe, com estratégia indefinida. Emerson perdia o campeonato para o rival e amigo Jackie Stewart. As famílias se freqüentavam e se gostavam. Era o último ano do escocês, que estava triste por causa da morte de François Cevert e desgostoso com o aumento de acidentes na categoria.

Em 1974, Emerson estava em nova equipe e com muito ânimo. Pilotaria o McLaren M23, branco e vermelho, e tinha como companheiros o neozelandês Denny Hulme e o inglês Mike Hailwood. O monoposto projetado por Gordon Coppuck e John Barnard era muito bonito e confiável. Estreou com muita classe, vencendo na Argentina com Hulme e no Brasil com Emerson — nossa primeira prova oficial. O dirigente da equipe Teddy Mayer estava muito satisfeito. Emerson ainda teria o primeiro lugar em Nivelles, na Bélgica, e em Mosport, no Canadá. A McLaren também se sagrava campeã mundial de construtores e Fittipaldi era bicampeão mundial.

Emerson continuava na equipe para 1975, mas estava engajado num antigo sonho: construir o primeiro Fórmula 1 de origem brasileira. O monoposto com carroceria muito avançada tinha um belo e interessante desenho. Em parceira com o irmão Wilson e a cooperativa de produtores de açúcar Copersucar, nascia o Copersucar Fittipaldi FD-01, de cor prata, com um pássaro estilizado nas cores laranja, verde e amarela. A Fittipaldi Automotive Ltda. usou várias peças de carros nacionais de produção, como a caixa de direção; rodas, carroceria e suspensão eram feitas aqui. O motor era o Ford-Cosworth e o desenho do carro tinha assinatura do competente Ricardo Divila — a sigla FD era Fittipaldi Divila. Um time de primeira.

Comandando o McLaren, Emerson venceu os GPs da Argentina, do Brasil e da Inglaterra, em Silverstone. Ficou em vice no mundial, atrás do austríaco Niki Lauda, da Ferrari. Em 1976 assumia o posto do carro que levava seu sobrenome. Era o início de um sonho e a família estava toda envolvida, mas o ano não foi bom: ficou em 17º com apenas três pontos em três sextos lugares. Na Bélgica, nem se classificou para a largada. Continua

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