Mesmo com o motor menor, o entreeixos ficava cinco centímetros maior, num total de 3,09 metros. Afinal, é de um Cadillac que estamos tratando. Espaço e conforto só viriam a combinar com medidas mais discretas 60 anos depois, com o Seville. Poucas mudanças de estilo foram adotadas em relação à linha 1914. Com a crescente popularidade de carrocerias fechadas, a Cadillac já vendia mais carros nessa configuração que qualquer outro fabricante de prestígio do mundo. Duas novas versões se uniam à família.

A Limousine de sete lugares (à esquerda) tinha teto no compartimento
do motorista, mas não vidros; na outra imagem o Sedan para cinco ocupantes

Uma era a Salon, um conversível de estilo phaeton para quatro ou mesmo cinco passageiros. Com duas portas no meio da carroceria, tinha uma estranha proposta de acesso ao interior: era fácil chegar ao banco traseiro, mas para se sentar nos bancos dianteiros individuais era necessário passar por entre eles. Por ser um carro aberto, era quase um convite ao motorista e passageiro da frente pular diretamente de fora para seus respectivos assentos.

A outra novidade já se posicionava no topo da linha Cadillac. Era a Berline, uma limusine completamente fechada, enquanto a outra limusine da marca, maior e também para sete passageiros, tinha o compartimento do motorista com teto, mas sem vidros. Mais compacta, a Berline tinha desenho bem mais equilibrado e charmoso, embora menos imponente.

Dois conversíveis do modelo 1915: o Touring, de sete lugares, e o Salon para quatro pessoas

Entre as demais versões havia o Roadster, com "banco da sogra" embutido numa traseira tão pronunciada que parecia derivada de um três-volumes. Completando a oferta estavam o Touring para sete passageiros, o Touring e o sedã duas-portas (ao estilo Salon), de cinco lugares, e o cupê Landaulet para três passageiros, com a parte traseira do teto dobrável ao estilo targa. Não é novidade que distinguir um carro dessa época de outros, ainda que de um mesmo fabricante, é assunto para especialistas experientes.

Sem olhar o motor, a única maneira de distinguir um Cadillac 1915 ao lado de um 1914 era notando as luzes de direção montadas junto ao pára-brisa. Em 1915 tiveram seu tamanho bem reduzido, tanto do corpo, quanto da lente. Nas carrocerias abertas a base das portas traseiras era mais arredondada e convexa. Nas fechadas, as quinas das janelas também passavam a ser arredondadas; atrás dos pára-lamas dianteiros havia uma portinhola na soleira para caixa de ferramentas. Outra curiosidade em relação ao primeiro Cadillac V8 era a grandiloqüência das brochuras distribuídas e da publicidade.

O modelo Touring de 1915: o V8 foi o grande acerto da Cadillac e tornou-se um símbolo da marca, assim como de vários outros grandes carros dos EUA

O exagero dominava: “...conforme o Cadillac corre suavemente sob a quase mágica influência deste novo princípio de potência, a sensação é tão única quanto se você nunca tivesse dirigido”. Outro texto enfocava o conforto afirmando que “você afunda no estofamento macio e flexível e é arrebatado pela deliciosa sensação de flutuar no espaço, sem notar o maravilhoso mecanismo que lhe move”. A campanha A punição da liderança, criada por Theodore F. MacManus, abordava a inveja que os líderes causam e é considerada uma das 100 melhores de todos os tempos nos EUA.

O V8 foi o maior acerto da Cadillac até hoje. Vieram os celebrados V16 e V12, mas eles pouco duraram. Motores de seis cilindros seriam emprestados de outras subsidiárias da GM nos anos 1970 e 1980 até surgir o recente CTS. Um quatro-cilindros só voltaria a constar no catálogo da Cadillac com o mal-fadado Cimarron de 1982. O V8 é um símbolo incontestável de potência desde que estourou com os muscle cars dos anos 1960. Seja pela esportividade ou maciez, o V8 ajudou a estabelecer a maior parte dos clássicos americanos. Que digam os fãs de Corvette, Mustang, Thunderbird e, claro, Cadillac.

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