No tamanho do futuro

Duas décadas antes de as grandes de Detroit produzirem
compactos, a Kaiser lançava o Henry J nos moldes europeus

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

A paisagem automobilística americana não apresentava nada de tão interessante em termos de segmentos de mercado até os anos 1950. De modo geral havia os modelos médios e grandes, em diferentes padrões de acabamento, e os utilitários, também sempre em dimensões avantajadas. A partir dessa década, porém, começaram a surgir novos nichos como o dos roadsters esportivos, onde se encaixaram o Corvette e o Thunderbird. Outra novidade veio da novata Kaiser: um carro compacto com jeito de europeu, nos padrões que Detroit exploraria para valer a partir de 1970 com Chevrolet Vega, Ford Pinto e AMC Gremlin.

Seu nome era Henry J. Tinha uma enxuta carroceria fastback e apenas duas portas. O Nash Rambler havia inaugurado o segmento um ano antes, mas parecia os carros maiores e mais rebuscados dessa marca. A simplicidade do compacto Kaiser já lembrava os acessíveis importados que destoavam dos carros de Detroit, dos quais o Volkswagen Sedan era o mais popular – talvez por ser a antítese de tudo o que os americanos faziam em termos de carro. O Henry J era o segundo modelo da Kaiser-Frazer, já que as duas divisões existentes repartiam um mesmo projeto com diferentes níveis de acabamento.

Uma surpresa no meio do século: em setembro de 1950 chegava ao mercado americano o Henry J, com o estilo americano aplicado a um porte de carro europeu

As atividades desse pequeno fabricante tinham se iniciado em junho de 1946, para a linha do ano seguinte. A Kaiser-Frazer Corporation era uma companhia formada em 1945 por Henry J. Kaiser, um bem-sucedido construtor de navios, e Joe Frazer, que vinha da direção da Willys-Overland e da Graham-Paige. Esta última, apesar de ativa durante a guerra, não fazia carros desde 1940 e cedeu as instalações para os modelos pioneiros da nova empresa. Havia duas marcas, a Kaiser e a mais sofisticada Frazer. Seus automóveis eram os primeiros totalmente novos do pós-guerra, ao lado dos Studebakers.

Ainda em 1946, a Kaiser-Frazer tentou um acordo com a Fiat italiana para desenvolver um modelo pequeno. As negociações fracassaram, mas os planos se mantiveram. Vendido a partir de setembro de 1950, o Henry J era bastante rudimentar. Não contava nem com porta-luvas e seu painel era um mero retângulo de instrumentos atrás do volante com velocímetro, hodômetro, amperímetro e indicadores de temperatura, nível de combustível e óleo. O rádio ia encaixado sob essa peça.

"O mais importante carro novo na América": o mote tentava lhe atribuir uma relevância que o público não reconheceu, fazendo do pequeno Henry J um modelo de vida curta

Houve até um concurso em que milhares de participantes tentaram – em vão – batizar o compacto, que acabou tendo o nome escolhido pela própria Kaiser. Nasceu homônimo ao presidente da empresa, Henry J. Kaiser. O carro era comercializado como sendo de uma divisão independente do grupo. Ele se unia à nova linha de sedãs da marca desenhados por Howard A. Darrin, o Howard “Dutch” Darrin, para 1951. A divisão Frazer, em seu último ano, mantinha seus modelos anteriores com poucas alterações. Continua

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Data de publicação: 21/9/04

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