Carioca com passaporte sueco

O Volvo PV36 de 1935, conhecido como Carioca,
representou um salto no estilo e na segurança da marca

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Nem sempre é a quantidade de carros produzidos que faz de um automóvel um modelo marcante. O Volvo PV36, por exemplo, só teve 501 unidades fabricadas entre 1935 e 1938. Feito na fria e distante Suécia, ele surpreende pelo apelido com o qual ficou conhecido: Carioca. Essa alcunha é atribuída a um estilo de dança em voga naqueles anos, mas dá um charme todo ensolarado, praiano e descontraído — típico do Rio de Janeiro — a um carro um tanto formal, embora criativo e avançado.

Nos anos 30 o automóvel conheceu sua primeira evolução mais marcante no desenho que vinha sendo adotado desde o fim do século 19. As carroças e carruagens que gradualmente evoluíram para os calhambeques conversíveis e, mais tarde, fechados seguiam uma evolução racional. O estilo dos sedãs do início daquela década era chamado de guarda-louça ou cristaleira, por ser quadrado e muito semelhante entre os mais diversos fabricantes.

O estranho carro-conceito Venus Bilo procurou avaliar a aceitação do público -- que não seria das maiores -- ao estilo streamline na Volvo

Com o automobilismo puxando cada vez mais a evolução do desempenho nas pistas, começava-se a valorizar a aerodinâmica, em carros com o mínimo de resistência ao ar possível. Daí a razão por trás da estética streamline, que despontou com o Chrysler Airflow, carro que chocou tanto o mercado da época que não vendeu bem. Paralelamente, na Europa, surgiam os ainda mais ousados Tatra T77, Peugeot 402 e o ultra-sofisticado Talbot-Lago "Teardrop". Na América, esse estilo só emplacaria com o Lincoln Zephyr.

Ainda em 1932 Assar Gabrielsson, um dos fundadores da Volvo, havia levado dos Estados Unidos um conterrâneo sueco que sempre trabalhara nesse setor do outro lado do Atlântico, Ivan Ornberg. Ele se tornara o diretor técnico da empresa e logo deixaria clara a influência americana em seu trabalho. Enquanto desenvolvia um novo motor, criou o carro-conceito Venus Bilo, feito à mão para testar a aceitação — que se revelaria parcial — de um desenho streamline da marca. Estava pavimentado o caminho para o primeiro modelo aerodinâmico da Volvo.

A tendência iniciada pelo Chrysler Airflow, com linhas mais fluidas e aerodinâmicas, foi representada entre os suecos pelo PV36 "Carioca"

O estilo do PV36 "Carioca" era claramente inspirado nos traços streamline de Detroit. Ele lembrava muito o próprio Airflow, embora sua frente fosse menos fluida e seus faróis viessem embutidos juntos à grade do radiador, em vez de se postar como parte dos pára-lamas dianteiros. Curiosamente, o logotipo Volvo na grade não vinha atado a um friso diagonal de ponta a ponta dessa peça. No PV36 o tradicional friso e o emblema se restringiam à parte superior direita da grade. O pára-brisa ainda era bipartido, mas não imitava as vigias laterais traseiras do Chrysler. Continua

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Data de publicação: 12/7/05

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