Coração do mato

Para atender ao governo italiano a Alfa Romeo desenvolveu
o jipe Matta, que levou o cuore sportivo longe do asfalto

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Após a Segunda Guerra Mundial, países como Inglaterra, França, Itália e Alemanha começavam a se reerguer. Quase toda a indústria automobilística havia utilizado suas unidades fabris para fins bélicos, mas aos poucos voltavam às atividades normais, produzindo modelos já antiquados que existiam antes do conflito, às vezes com pequenas modificações.

Por causa da guerra, o Jeep fabricado pela Willys americana, bastante utilizado no fronte, havia influenciado muito a paisagem e a indústria local. Vários exemplares do exército americano ficaram na Europa. A influência foi tal que cada país envolvido no conflito quis fabricar seu similar. Aconteceu assim com a Inglaterra, que começou a produzir em 1949 o mundialmente conhecido Land Rover, além do Austin Champ. A Alemanha fez o DKW Munga, conhecido aqui como Candango. A França, por sua vez, elaborou o Delahaye VLR. Alguns deles são desconhecidos mesmo para os aficionados por este tipo de veículo.

Com as formas simples habituais em jipes, o AR/51 ou Matta trazia o estepe sobre o capô e, na frente, uma grade que formava o escudo da Alfa Romeo

Outro muito pouco famoso foi o Alfa Romeo AR/51 (sigla para Autovettura da Ricognizione, ou veículo de reconhecimento, e 1951), que mais tarde, devido à publicidade que anunciava que ele poderia ir a qualquer lugar, ficou conhecido como Matta. Quem normalmente pensa em Alfa Romeo lembra-se imediatamente de cupês, sedãs e conversíveis esportivos, em geral com duplo comando no cabeçote, câmbio de cinco marchas com alavanca em ótima posição, muita aceleração e velocidade. Fora o charme.

Mas a grande fábrica italiana não deixou passar em branco sua aventura no fora-de-estrada. O que levou ao AR foi uma concorrência, feita pelo Ministério da Defesa, para a produção de um jipe capaz de abastecer as forças armadas do país. O pequeno modelo da Alfa foi apresentado em 1951. A grade frontal era dividida em seis entradas horizontais que formavam o escudo da fábrica, em um interessante efeito. Ao lado dela estavam faróis circulares, que podiam vir com grade protetora, e abaixo as luzes de direção. Completava a frente pára-lamas de desenho simples, mas robusto. O capô tinha uma inclinação curva discreta e o pára-brisa era bipartido e podia se rebater para a frente.

A maior parte foi para o Ministério da Defesa da Itália, mas alguns jipes chegaram a outros órgãos do governo e uma pequena parte a compradores civis

Mais conhecido pelo apelido Matta — que também quer dizer louca em italiano —, o jipe media 3,52 metros de comprimento, 1,57 m de largura, 1,82 m de altura e 2 m de distância entre eixos. Pesava 1.250 kg sem acessórios bélicos. A carroceria era apoiada em chassi em aço e trazia uma armação para a montagem da capota de lona. Uma versão perua chegou a ser fabricada em pequena escala. Os pára-choques eram simples, assim como todo o desenho da carroceria. A partir dos pára-lamas dianteiros só se viam chapas lisas e planas. Continua

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Data de publicação: 5/9/06

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