A julgar pelos freios e as condições de segurança da época, eram carros muito velozes. Os 8C atingiam máxima de 165 km/h (modelo longo) até 225 km/h (Monza). Vários modelos de rua foram encarroçados por empresas independentes, como Zagato, Touring e Castagna. A versão Spider, curta, era reconhecível por seus três faróis de igual tamanho à frente da grade do radiador. Um total de 188 unidades do 8C 2300 foi produzido até 1934. Desses, não houve dois iguais sequer. A evolução do 2300 passaria brevemente pelo 8C 2600 de 1933, cujo oito-cilindros o levava a 217 km/h na configuração Tipo B de corrida.

O 8C 2900 chegava em 1934; este 2900 B de entreeixos longo, de 1938, levava quatro pessoas

Em 1934 nascia o 8C 2900. Chamado à época de mais rápido e belo carro esporte do mundo, ele é hoje considerado o grã-turismo de maior prestígio da Alfa Romeo antes da guerra. Feito para dois passageiros, o 8C 2900 A foi o primeiro dessa geração a ser produzido e logo participou da categoria Sport. Tinha o motor do monoposto Tipo B, de 2.905 cm³, e suspensão independente à frente e atrás como no Tipo C de corrida. Este, mais especificamente o 8C 35 Tipo C 1935, era equipado com motor de 3,8 litros e 330 cv e foi usado pela Ferrari.

Outra curiosidade que a escuderia do cavalinho rampante utilizou foi o Bimotore de 1935, também tendo um oito-cilindros da Alfa como base... na verdade, dois. Enzo Ferrari uniu a dupla de propulsores para criar um motor de 16 cilindros em linha, 6,3 litros e 540 cv. A idéia era superar o Mercedes-Benz W25 B "Flecha de Prata" de Caracciola, o que mesmo assim não foi possível. Correndo pela própria Alfa Romeo, o 8C 2900 A teve na Mille Miglia de 1936 seu batismo de fogo — e três dos exemplares participantes dominaram o pódio. Com 220 cv a 5.300 rpm, eles chegavam a até 230 km/h. O mesmo seria repetido em 1938.

O 2900 B Mille Miglia teve apenas três exemplares construídos em 1938, o bastante para preencher o pódio da prova italiana que lhe deu nome

Desde 1937 a Alfa Romeo já fazia o 8C 2900 B com chassi curto no Spider de corrida de dois lugares. Com 180 cv a 5.200 rpm, era capaz de alcançar 185 km/h. Havia também uma versão de chassi longo, o Touring Coupé de quatro lugares. Já o 8C 2900 B Mille Miglia — um roadster aerodinâmico desenhado pela Touring — em 1938 teve só três unidades produzidas, o suficiente para que o pódio da prova para a qual foram feitos fosse todo delas. Era o carro de produção mais rápido do mundo. Trazia freios com comando hidráulico e transeixo traseiro e é considerado um precursor dos Alfas modernos.

Houve também o 2900 B Speciale, que correu na 24 Horas de Le Mans em 1938. Também criado pela Touring, tinha uma carroceria aerodinâmica e leve e conseguiu dar a volta mais rápida da prova a 154,7 km/h, mas uma válvula quebrada o tirou da competição. No mesmo ano o monoposto 158, projetado por Gioacchino Colombo e chamado carinhosamente de Alfetta, estreou com primeiro e segundo lugar em Livorno. Ele inovou com o baixo centro de gravidade e suportes deslizantes nos feixes de mola transversais de sua suspensão, na frente e atrás.

Ao lado e na abertura deste artigo, o 2900 B Speciale que disputou Le Mans em 1938: com carroceria Touring e linhas aerodinâmicas, fez a volta mais rápida a 154 km/h

O 8C virou história com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939. Depois do conflito, seu legado de oito cilindros prosseguiria com os Alfettas de corrida, tanto o 158 quanto o 159. O primeiro foi comparado por Juan Manuel Fangio a um Stradivarius, o mais famoso violino do mundo. Foi com esse carro que Nino Farina venceu o primeiro campeonato de Formula 1 em 1950. A bordo do 159, Fangio seria o campeão no ano seguinte. Em 1967 a Alfa Romeo voltaria a correr com motores de oito cilindros, nos modelos 33, e adotaria essa configuração também no Montreal e numa série limitada do Alfetta GTV de 1977, ambos modelos de produção.

Os primeiros 8C representam o ápice de uma era artesanal e de brilho intenso nas competições para a Alfa Romeo. Depois da guerra, o fabricante italiano iniciaria uma fase mais focada na produção em escala e no mercado que nas pistas, tendo o 1900 e o Giulietta como desbravadores dessa nova era. O motor de oito cilindros criado por Vittorio Jano passou a figurar como uma obra-prima desses áureos tempos, em que bólidos campeões das pistas testavam a tecnologia que seria empregada em esportivos caros com carroceria exclusiva. Uma prática antiga e sofisticada que o novo 8C Competizione homenageia em grande estilo.

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