Legado de troféus

Por trás do novo Alfa Romeo 8C Competizione se
esconde uma história repleta de inovações e vitórias

Fazia tempo que um novo Alfa Romeo não despertava tanta curiosidade quanto o exclusivo 8C Competizione, destaque do Salão de Paris de 2006 que terá uma série limitada de 500 unidades. A inspiração para o modelo vem da própria casa e de longa data. Antes da Segunda Guerra Mundial, a participação da Alfa Romeo nas pistas passou por um momento de grande proeminência, quando o então jovem engenheiro Vittorio Jano criou o propulsor de oito cilindros em linha que viria a denominar os modelos 8C originais da marca.

A tarefa inicialmente confiada a Jano era a de revisar o motor de seis cilindros da Alfa, tanto para a produção de modelos de passeio quanto para o tornar ainda mais competitivo nas corridas. O engenheiro terminou acrescentando dois cilindros à receita. O oito-cilindros começou a ser testado em 1923 com o modelo P1, já com compressor e duas velas por cilindro — a conhecida ignição Twin Spark, ou dupla centelha —, mas só surgiu mesmo com o P2 no ano seguinte. Dois carburadores Memini vinham instalados logo atrás do compressor no motor de 1.987 cm³, que era composto por quatro blocos de aço laminado. Era o primeiro carro que Jano projetava.

O novo propulsor gerava a potência de 140 cv a 5.500 rpm e trabalhava em conjunto com um câmbio de quatro marchas. Por fora, o escapamento dominava a parte central da lateral. O esportivo era quase um monoposto. O encosto de seu banco era dividido em uma parte mais próxima ao volante, do lado direito, e outra metade mais afastada para um segundo ocupante: o mecânico, obrigatório pelo regulamento. O P2 estreou no segundo Circuito de Cremona, uma corrida de 200 milhas (320 quilômetros) em que ele venceu com média de 158 km/h, chegando a até 195 km/h na disputa de velocidade máxima num trecho de 10 km.

Era o início de uma lenda do automobilismo chamada Alfa Romeo. No primeiro Campeonato Mundial em 1925, com Antonio Ascari ao volante, o P2 seria o vencedor. Uma coroa de louros adornaria o logotipo Alfa Romeo - Milano dos carros da marca dali para frente. Mas o fabricante não descansaria sobre esses louros. Em 1929, por exemplo, o oito-cilindros já produzia 155 cv a 5.500 rpm e em 1930 ainda ganharia mais 20 cv. Assim, o P2 conseguiu chegar a até 225 km/h. Foi a preparação para o primeiro modelo Alfa Romeo denominado 8C, projetado para manter os resultados notáveis na categoria Sport.

O fabricante italiano criou um oito-cilindros com os mesmos diâmetro e curso do seis-cilindros do 6C 1750, o que resultava em 2.336 cm³. Produzido de 1931 a 1934 para o novo Alfa Romeo 8C 2300, consistia em dois blocos em liga leve interligados e, fato inédito, o cabeçote de liga também vinha em duas partes. O 8C 2300 vinha com três opções de entreeixos — 264, 274 e 310 cm — para ruas ou pistas. Com o entreeixos mais curto o P3 de corrida, também conhecido como Tipo B, foi o primeiro monoposto autêntico da marca, já que as provas não mais exigiam um mecânico a bordo.

O P3 venceu Targa Florio em 1931 e 1932, assim como os Grandes Prêmios italianos realizados no circuito que lhe rendeu o nome Monza. Um 8C 2300 longo dominou Le Mans de 1931 a 1934, além de outras vitórias em série na Mille Miglia. Giuseppe Campari, Tazio Nuvolari e Rudolf Caracciola foram alguns dos pilotos do período que venceram a bordo de um 8C 2300. A potência variava com a versão: 142 cv a 5.000 rpm no modelo longo cortado, 155 cv a 5.200 rpm no Spider (modelo aberto) de corrida e no carro de Le Mans de 1931, 165 cv a 5.400 rpm no Monza e até 180 cv a 5.400 rpm no modelo para Le Mans, usado de 1932 a 1934. Continua

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Data de publicação: 17/7/07

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