Paixão em estado alfa

A química entre desempenho intenso e carrocerias
sedutoras garantiu longa vida ao Alfa Romeo 6C

Logo após criar seu primeiro motor de oito cilindros com o P2 de 1924, a Alfa Romeo decidiu reforçar sua aposta numa configuração intermediária entre os modelos de quatro cilindros e o 8C. Sua iniciativa com motores de seis cilindros em linha já havia resultado no RL, lançado em 1922. E a mesma configuração de motor serviria de base para a criação de um dos modelos mais admirados do fabricante italiano na primeira metade do século passado: o 6C. Ao lado do 8C, ele formou uma dupla bem-sucedida, cuja mecânica era bastante usada por encarroçadores que os vestiam com suas mais distintas criações.

Desenhado por Giuseppe Merosi, o RL recebeu um seis-cilindros com comando no bloco e válvulas no cabeçote. Tinha duas versões, normal e Sport, e motores com cilindrada de 2.916 a 3.620 cm³ e potência de 56 a 71 cv. Das versões preparadas para a prova italiana Targa Florio em 1923 e 1924, uma chegou a alcançar média de 178 km/h em um trajeto de mais de 10 quilômetros com Giuseppe Campari ao volante. Até 1927, um total de 2.640 exemplares nas mais variadas versões foram construídos. O Príncipe do Sião foi o ilustre proprietário de um RL Sport com carroceria Castagna.

Nascido em 1910 e batizado pela sigla ALFA (de Anonima Lombarda Fabbrica Automobili), no bairro de Portello, em Turim, o fabricante italiano foi comprado cinco anos depois pelo empresário e engenheiro Nicola Romeo. Em 1920 era fabricado o primeiro carro com o emblema Alfa Romeo, o Torpedo 20-20 HP. Nos anos 20 a marca ganharia força com produtos cada vez mais diversificados. Os modelos de quatro cilindros passaram então a ter a companhia de outros com seis ou oito cilindros. Depois da primeira experiência com o RL, os Alfas de seis cilindros chegariam a uma precoce maturidade com o 6C.

A apresentação se deu no Salão de Milão de 1925, mas só dois anos depois o 6C 1500 chegaria ao mercado. Desenvolvido por Vittorio Jano, tinha um único comando de válvulas no cabeçote e herdava boa parte da tecnologia do P2, que havia vencido o campeonato mundial de Grande Prêmios no ano anterior. Seu desafio era ser menor e mais leve que o RL, o que foi alcançado graças, em grande parte, ao motor de capacidade cúbica bem mais modesta, 1.487 cm³. Além de melhor estabilidade e maior controle do carro permitidos pelo menor peso, propiciava a boa potência de 44 cv a 4.200 rpm.

O câmbio manual trazia quatro marchas e a tração era traseira. No chassi em forma de escada se apoiavam os eixos rígidos, com feixes de molas semi-elípticas e amortecedores a fricção para todas as rodas. Havia as opções de 2,90 e 3,10 metros de entreeixos. Com carrocerias de quatro lugares, o 6C 1500 era capaz de chegar a 110 km/h; com dois lugares a mais conseguia ir até 105 km/h. Roadsters também estavam disponíveis como opção. Desde cedo, encarroçadores como Touring e Zagato ofereciam suas interpretações para o projeto.

Em 1928, a versão Sport de corrida trazia comando duplo e 54 cv a 4.400 rpm. Muitos deles ainda recebiam compressor, o que elevava a potência a até 84 cv. Um 6C 1500 com esse recurso conquistou a primeira de 11 vitórias da marca na Mille Miglia (mil milhas) italiana. Fabricado até 1929, o 6C 1500 totalizaria 1.075 exemplares, 171 dos quais da versão Sport. Encerrada sua produção, a Alfa Romeo já tinha pronta a primeira evolução de seu conceito: o 6C 1750, que seria oferecido nas versões Touring, Grand Touring, Super Sport e Grand Sport. Continua

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Data de publicação: 26/2/08

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