A rápida evolução de estilo que se seguiu, porém, deixou os carros da Armstrong Siddeley rapidamente envelhecidos. Uma reviravolta nessa situação aconteceu em outubro de 1952 com o sedã Sapphire 346, que em dois anos substituiria toda a linha veterana da marca. Era um carro grande (4,90 metros de comprimento, 2,89 m de distância entre eixos, 1,83 m de largura) e alto (1,60 m) com três volumes, traseira curta em suave declínio e quatro portas, das quais as dianteiras se abriam para trás ("suicidas"). Pesava 1.575 kg.

O motor de 3,4 litros e seis cilindros, com potência de 125 ou 150 cv, dava bom desempenho ao Sapphire e havia opção de câmbio pré-seletivo

As formas lembram as de outros modelos ingleses de luxo daquele tempo, como os da Jaguar, Daimler, Rolls-Royce e o Austin Princess. Os pára-lamas ainda se destacavam do corpo da carroceria, o capô era mais alto que eles e os faróis principais e auxiliares vinham ao lado da ampla grade de frisos verticais. Acima desta estava o emblema da esfinge. O pára-brisa inteiriço acompanhava as tendências, mas no restante o Sapphire era um tanto conservador — como ao encobrir a maior parte das rodas traseiras. O Jaguar MK VIII era um dos concorrentes diretos.

O motor de 3.435 cm³ e seis cilindros em linha (origem do número 346), com comando de válvulas no bloco, desenvolvia potência de 125 cv e torque máximo de 24,3 m.kgf, mas quando equipado com dois carburadores Stromberg passava a 150 cv. A segunda opção alcançava máxima de 160 km/h (contra 145 da outra), expressiva para os padrões de então. O câmbio manual tinha todas as marchas sincronizadas, o que era incomum na época, mas o destaque era a opção do sistema Wilson de pré-seleção, com controle elétrico, em que o motorista selecionava a marcha antes que ela fosse realmente ser usada. A tração era traseira.

Menores e com motores de 2,3 litros, os modelos 234 e 236 tentaram atingir um segmento inferior, mas derraparam na falta de personalidade do desenho

Cerca de 90% da produção era exportada, aproveitando o estímulo do governo para obter divisas e acelerar a reconstrução econômica do Reino Unido. A segunda série — chamada de Mark II dentro do hábito inglês — aparecia em 1955 com as novas opções de câmbio automático, de fabricação Rolls-Royce, e da limusine alongada em 48 cm. No mesmo ano, no Salão de Londres, a Armstrong Siddeley anunciava um Sapphire mais compacto e acessível, identificado pelos números 234 e 236.

A última versão usava o motor de seis cilindros, 2.309 cm³ e modestos 85 cv do antigo Whitley, enquanto a outra, mais esportiva, trazia um novo quatro-cilindros com 2.290 cm³ e 120 cv. Os pára-lamas estavam incorporados ao conjunto, os dianteiros traziam os faróis e o porta-malas vinha mais protuberante. As rodas traseiras já não se escondiam tanto. O carro media 4,57 m de comprimento e 2,82 m entre eixos. Apesar de mais atuais, as linhas não fizeram muitos adeptos. Era evidente a falta de inspiração se comparado a concorrentes como o elegante Jaguar 2.4 Litre. Essa série duraria apenas três anos.

O Star Sapphire trazia maior cilindrada, direção assistida e freios a disco, mas durou pouco: em dois anos a empresa encerrava a produção de carros

Em outubro de 1958, o mesmo Salão de Londres era palco para a estréia de uma sutil evolução do Sapphire 346, a Star Sapphire. Com linhas praticamente iguais às do modelo de 1952, mantinha sua elegância, mas já não atendia a quem exigisse um estilo contemporâneo. O motor de seis cilindros foi ampliado para 3.990 cm³, o que resultou em 165 cv, e os freios dianteiros adotaram discos. Havia também direção assistida e câmbio automático Borg Warner em vez do Rolls-Royce. Algumas unidades receberam carroceria alongada; pequeno número foi convertido em carros fúnebres e ambulâncias.

A associação da Hawker Siddeley à Bristol Aero Engines — divisão de motores de aviões da Bristol — em 1959 fez surgir a Bristol Siddeley. Embora a fabricação de carros pelas empresas se tornasse independente do setor aeronáutico, a Armstrong não levou este negócio adiante por muito tempo: já em meados de 1960 encerrava atividades, após 7.697 unidades do Sapphire 346 e meras 902 do Star. O modelo 234/236 somou apenas 1.107 exemplares entre as duas versões.

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