
Anunciado como o carro mais
econômico do mundo, o primeiro Bond surgiu em 1948 com motor de 122 cm3
e linhas bastante peculiares

O Minivan, ou minifurgão, era
parte da série Mark B, que trazia também suspensão traseira, mais espaço
para bagagem e motor de 197 cm3

O Mark C, no alto da página, e o
D, acima: linhas mais agradáveis e novo sistema de direção que
permitia ao carro girar para os lados

A série E mostrava novo desenho,
com pára-lamas integrados, e usava carroceria de alumínio sobre chassi
de aço no lugar do monobloco

As linhas do Mark F eram
praticamente as mesmas, mas ele oferecia maior largura interna e o motor
de 246 cm3 permitia chegar a 90 km/h |
Nem
todo inglês conhecido por Bond é um agente secreto associado a ambientes
e veículos sofisticados. Em atividade entre 1948 e 1971, o fabricante
britânico de automóveis Bond tornou-se famoso por minicarros bastante
simples — e pelos modelos esporte da série Equipe, que abordaremos em
outra oportunidade.
Sua trajetória começou com a construção de um protótipo na oficina de
Lawrence "Lawrie" Bond, em Longridge, Lancashire, na Inglaterra. A
necessidade de instalações mais adequadas levou Bond a firmar parceria
com a Sharp's Commercials, que tinha espaço disponível em sua unidade de
Preston. Em maio de 1948 era apresentado um pequeno protótipo com três
rodas (o que permitia sua condução com habilitação de motocicleta na
Inglaterra), carroceria monobloco de alumínio
(aço estava em falta na Europa pós-guerra) e motor de motocicleta
Villiers, com um cilindro a dois tempos, 122 cm³ e velocidade máxima de
50 km/h. Não havia suspensão traseira, mas a simplicidade e economia de
combustível iam ao encontro do que o público procurava à época.
Em novembro começavam as vendas do Bond Minicar, mais tarde conhecido
como Mark A, a primeira série. Seu desenho era peculiar: frente volumosa
e arredondada, faróis recuados em relação ao capô e pára-lamas salientes
para as rodas traseiras, enquanto a dianteira única mal aparecia. Não
havia portas — apenas recortes nas laterais para facilitar o acesso —
nem vidros, só coberturas plásticas. Por dentro estavam o banco
inteiriço para duas pessoas, com bastante intimidade, e o volante à
direita. A capota recolhia-se na traseira singela, sem lanternas ou
pára-choque.
O motor de 122 cm³ vinha montado junto à precária suspensão dianteira de
alumínio, que usava amortecedor a fricção (mais tarde passaria a
hidráulico). Atrás, a única absorção de irregularidades era trazida
pelos pneus de baixa pressão e só essas rodas possuíam freios, acionados
a cabo. O câmbio tinha três marchas, sem ré, e o limpador de pára-brisa
era acionado manualmente. Acreditando em seu potencial, a Sharp's já
detinha os direitos do projeto e da fabricação, mas conservava o nome
Bond. A empresa só passaria a se chamar Bond Cars Ltd. em 1964.
Uma versão com maior potência, a De Luxe, vinha em 1950 com motor de 197
cm³ da mesma Villiers. Em julho do ano seguinte aparecia o Mark B, ou
segunda série, com esse motor de maior cilindrada, mais espaço para
bagagem atrás dos bancos, pára-brisa com estrutura reforçada (que era
opcional no A), freios aprimorados e, melhoria muito aguardada,
suspensão traseira com mola helicoidal para cada roda.
A versão utilitária Minitruck era lançada em 1952 com as mesmas formas
do Minicar básico, exceto pela abertura na capota para colocação de
carga e o banco de um só lugar, que deixava livre o restante da cabine.
Também interessante era o Minivan, um furgão com cabine fechada de
alumínio na parte traseira. A parte dianteira continuava com capota
móvel, mas logo foi oferecida uma opção com janelas laterais e pequenos
bancos para crianças, montados de lado na parte de trás.
Com a estréia do concorrente Reliant Regal de
quatro lugares, em 1952, a Bond não mais estava só na categoria. Era
preciso atualizar o Minicar e deixá-lo mais atraente, o que ocorria em
outubro de 1952 com o Mark C, a terceira série. O longo e
desproporcional capô ligava a cabine a uma frente típica de automóvel,
com faróis ao lado da grade e formas mais harmoniosas. O "carro mais
econômico do mundo", como anunciava sua publicidade, fazia até 28
km/l de gasolina e tinha outra grande
novidade: o sistema de direção permitia girar a roda
dianteira em 180°, de modo que o carro girava para os lados, ideal para manobrar em espaços muito reduzidos.
O Mark C trazia ainda pequena porta lateral para passageiros, suspensão
traseira mais eficiente e partida elétrica do motor na versão De Luxe.
Além desta e da básica, continuavam o Minitruck e o furgão, agora
chamado de Family Safety Model (modelo de segurança da família). No Mark
D, de maio de 1956, poucas mudanças visuais — grade, pára-lamas
traseiros, opção de teto rígido para as versões básica e De Luxe — eram
compensadas por melhorias técnicas: motor de nova geração (ainda um
Villiers de 197 cm³), câmbio de quatro marchas, melhor embreagem e
sistema de partida que permitia girar o motor ao contrário, deixando o
carro com marcha à ré — não uma, mas quatro!
Continua
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