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O conservador três-volumes
estreava em 1990 e dois anos depois vinham mudanças de estilo, enquanto
o interior ganhava em conforto
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Ousadia polêmica: o Scorpio 1995
apostou em motivos ovais de pouca aceitação, mesmo depois dos retoques
feitos para 1998 (foto inferior) |
Testado pela revista inglesa Autocar, o Granada Scorpio de 2,0
litros foi considerado, "apesar de suas limitações dinâmicas, um pacote
impressionante e luxuoso", com posição de dirigir ergonômica e amplo
espaço para quatro pessoas, mas com escasso apoio lateral nos bancos.
Sua concorrência incluía os alemães
Audi 100 e Opel Rekord
(depois o Omega); os franceses
Peugeot 505 e
604 (mais tarde o 605),
Citroën CX (depois o XM) e
Renault 25; o inglês Rover 800; o
japonês Honda Legend e o sueco
Volvo série 700 (depois
900). Anos depois do Scorpio vinham o também sueco Saab 9000 e os
italianos Lancia Thema e
Alfa Romeo 164.
Ciente da insatisfação com os motores Pinto, a Ford providenciou sua
substituição em 1989 pela unidade DOHC de 2,0 litros, que — como indica
a sigla — tinha duplo comando de válvulas, mas com apenas duas válvulas
por cilindro, 123 cv e 17,6 m.kgf. No ano seguinte chegava a versão
turbodiesel de quatro cilindros, 2,5 litros, 92 cv e 20,8 m.kgf. Também
em 1990 estreava a versão mais quente Cosworth, carismático nome da
construtora de motores de corrida fundada em 1958 por Mike Costin e
Keith Duckworth, parceira da Ford por longo tempo. Com base no Cologne
V6 de 2,9 litros, trazia cabeçotes com duplo comando e quatro válvulas
por cilindro, o que resultava em 195 cv e 28 m.kgf, ótimos valores para
sua cilindrada na época. Mesmo lidando com 1.420 kg, o V6 o fazia passar
de 0 a 100 em 8,2 segundos e alcançar 225 km/h. Um legítimo concorrente
para o Omega de 24 válvulas, o R25 V6 Turbo e o XM V6.
Nos Estados Unidos, a divisão Lincoln-Mercury da Ford lançou em 1988 o
Merkur Scorpio como alternativa maior e mais luxuosa ao Merkur XR4,
versão local do Sierra. O V6 de 2,9 litros e 140 cv, adequado aos
limites de emissões poluentes norte-americanos, vinha com caixa manual
ou automática. Em teste, a revista Road & Track destacou o
interior espaçoso e confortável com bancos excelentes, o rodar macio, o
motor de alto torque e os ótimos freios, mas apontou aceleração e
estabilidade apenas medianas e achou confusos os comandos de ventilação.
E apontou um problema: o alto preço para uma marca sem o prestígio dos
alemães de topo. Talvez por isso ou pelos problemas de confiabilidade,
por lá ele teve vida curta e a Ford cancelou o programa Merkur em 1990.
Dois anos mais tarde a versão europeia tinha pequenas mudanças de
estilo.
Na nova década a empresa adotava os elementos ovais como tema. Começava
por grades e lanternas, como as do Escort 1992, e logo se estendia a
carrocerias inteiras, como no criticado
Taurus 1996. Na Europa não havia
esse modelo, mas existiu outra "vítima" do excesso de ovais: o Scorpio
reestilizado, que surgiu em outubro de 1994 e usou tal nome também no
Reino Unido, aposentando de vez a marca Granada. Não havia mais o
cinco-portas, apenas sedã e perua. A seção central não foi afetada,
embora houvesse novas folhas de porta. Já a frente e a traseira adotaram
formas muito controvertidas, que fizeram poucos adeptos e ganharam
severas críticas da imprensa e do público.
Na frente, os faróis enormes e algo ovalados — com modernos refletores
elipsoidais para o facho baixo sobre os
de superfície complexa do facho alto — ladeavam uma grade ampla e oval,
formando sulcos no capô para destacar uma seção da outra. Luzes de
direção e faróis de neblina estavam no para-choque. Atrás, a tampa do
porta-malas era lisa e muito volumosa na parte superior, deixando uma
faixa de perfil baixo junto ao para-choque para as lanternas. O
comprimento passava a 4,82 m sem alteração no entre-eixos. Era mesmo
difícil gostar da aparência do carro, que ganhou o apelido de "sapo
triste" entre os franceses e não agradou nem mesmo aos ingleses, tão
leais à Ford. O que era uma pena, pois o Scorpio mantinha as qualidades
do anterior e recebia melhor acabamento interno e painel modernizado,
parecido com o do Mondeo da época.
Os motores de 2,0 e 2,9 litros (este com 12 ou 24 válvulas) a gasolina e
de 2,5 litros a diesel eram os mesmos usados até então. O V6 de 24
válvulas, agora com 204 cv e 28,6 m.kgf, estava vinculado ao câmbio
automático e não mais havia o esportivo Cosworth. O de 2,0 litros
ganhava opção de 16 válvulas, com 136 cv e 17,9 m.kgf, e todos contavam
com injeção mais moderna, variador do
coletor de admissão e nova caixa automática. O V6 trazia controle
eletrônico de tração, o que amenizava a ausência da opção de tração
integral. Estavam disponíveis os acabamentos Executive, Ghia e Ultima,
em ordem ascendente de preço. A superior vinha com bancos de couro,
ajuste elétrico dos dianteiros, ar-condicionado automático e
controlador de velocidade.
A Autocar considerou-o melhor que o Saab 9000 e equivalente ao
Nissan Maxima, mas inferior ao Omega de segunda geração, lançado ao
mesmo tempo que o Ford. Uma variação de 2,3 litros e 16 válvulas da
linha DOHC, apta a 145 cv e 20,6 m.kgf, chegava em 1996. Para o ano
seguinte o turbodiesel vinha com melhorias e, com a exclusão do
Executive, entrava o Ghia X entre o Ghia e o Ultima. A Ford nunca
assumiu o fracasso desse Scorpio, alegando que ele correspondeu às
expectativas de vendas, mas o fato é que essas previsões não foram
divulgadas — nem o nome do autor do estilo. Se nos EUA o Taurus era
relevante a ponto de merecer uma reestilização com linhas mais
aceitáveis no modelo 2000, o Scorpio já não representava tanto para a
Ford na Europa, onde seu segmento como um todo vinha encolhendo.
Assim, tudo o que a empresa pôde fazer foram pequenos retoques no modelo
1998, com novos grade, faróis e lanternas, o que não eliminou a rejeição
do público. Com linha reduzida (apenas motores 2,3 16V, 2,9 24V e
turbodiesel), em junho desse ano o último Scorpio era fabricado. Sem um
sucessor direto, a Ford fez o Mondeo de
segunda geração, em 2000, bem maior que o anterior para que ele
pudesse, até certo ponto, representar a marca no segmento antes ocupado
pelo Scorpio.
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