Enquanto o motor turbo de 120 cv trazia a agilidade esperada, o EXP de 1984 adotava o vidro traseiro do LN7 e mais equipamentos no interior

Com a remodelação frontal de 1986, o EXP se tornava mais parecido ao Escort; o motor crescia para 1,9 litro e deixava de oferecer versão turbo

O EXP media 4,32 m de comprimento, 1,67 m de largura e 1,28 m de altura, sendo mais longo e baixo que o modelo que lhe dera origem. Era o primeiro dois-lugares da Ford em 25 anos, desde que o Thunderbird passara a levar quatro pessoas. Se na aparência prometia alguma esportividade, ela não era encontrada sob o capô. Foi mantido o motor CVH do Escort, dotado de câmaras de combustão hemisféricas e comando de válvulas no cabeçote. A unidade de 1,6 litro com carburador desenvolvia potência de 70 cv e torque de 12,3 m.kgf e o câmbio manual tinha apenas quatro marchas, com opção por um automático de três.

Como se imagina, o desempenho (apesar do peso contido de 930 kg) era modesto para um carro com suas pretensões. O fato de custar bem mais que o Escort ajudava a criar uma expectativa não atendida — em contrapartida o EXP era muito econômico, tendo um teste indicado média rodoviária de 18,6 km/l. Ainda no modelo 1982 a Ford tentava trazer alguma agilidade com a opção de escalonamento mais fechado para o câmbio. Não adiantou muito e, em março desse ano, o motor recebia taxa de compressão mais alta, comando de válvulas e carburador revistos e melhorias em admissão e escapamento para passar a 80 cv. Apareceu também a opção de injeção eletrônica para 88 cv e 13 m.kgf.

As queixas ao desempenho diminuíram, mas não cessaram. A situação só melhoraria mesmo em 1984 com a chegada do EXP Turbo Coupe, que adotava um recurso em voga na época em modelos como Mustang e Thunderbird. Também disponível para o Escort, o turbocompressor vinha associado à injeção para aumentar a potência do motor CVH 1,6 para 120 cv e o torque para 16,6 m.kgf, o que trouxe notável melhora ao desempenho (as três outras opções permaneciam em linha). Para ser identificada com facilidade, a versão recebia seção inferior da carroceria em preto, novos para-choques — o dianteiro com maior tomada, o traseiro com o logo Turbo —, defletor de porta-malas e rodas exclusivas em alumínio com pneus TRX 185/65 R 365. Em toda a linha eram adotados câmbio de cinco marchas, novo volante e o vidro traseiro que equipara o LN7.

Em meados dos anos 80, carros compactos de dois lugares com certo apelo esportivo estavam em alta nos EUA. Havia o Pontiac Fiero, o Toyota MR2 — ambos de motor central — e o Honda CRX, além de hatches com um ar jovial como o Renault Fuego e o Volkswagen Scirocco. No entanto, a Ford não conseguia fazer decolar as vendas de seu EXP. Depois de uma breve ausência, o cupê era relançado em meados de 1986 para acompanhar a renovação do Escort naquele ano. A maior novidade era a frente  mais convencional, com capô praticamente plano, ampla grade em local habitual (embora com uma só fenda para tomada de ar) e faróis ladeados pelas luzes de direção. A traseira ganhava um defletor integrado ao conjunto, o motor CVH passava a 1,9 litro e eram oferecidas duas versões: Luxury Coupe, com acabamento mais simples, carburador, 90 cv e 13,8 m.kgf; e Sport Coupe, com potência e torque adicionais trazidos pela injeção (106 cv e 15,7 m.kgf), bancos esportivos, rodas de alumínio de 15 pol, painel diferenciado e suspensão revista. Teto solar e controlador de velocidade eram opcionais. O Sport passava a ter 115 cv e 16,6 m.kgf no modelo 1987.

Assim rejuvenescido, o EXP teve razoável aceitação, mas ainda menor do que a Ford esperava. Enquanto isso, a empresa norte-americana desenvolvia um cupê de médio porte e motor dianteiro, em projeto conjunto com a japonesa Mazda — da qual tinha participação acionária —, com a intenção de substituir o Mustang por um carro mais eficiente em consumo e adequado aos novos tempos. O cenário, porém, logo mudou: a crise do petróleo ficou para trás, o preço da gasolina voltou a cair e ganhou força o público fiel ao "carro-pônei" legitimamente ianque, com motores V6 e V8 e tração traseira. Já não havia sentido em tentar substituí-lo pelo novo carro.

Com o projeto já muito avançado para ser simplesmente jogado no lixo, a Ford decidiu concluí-lo e lançou em 1988 o Probe, sua versão para o Mazda MX-6, ambos produzidos em uma associação entre as marcas chamada AutoAlliance International. Como três cupês eram demais para o mercado, a opção natural foi sacrificar o modelo antigo que vendesse menos — o EXP. Em outubro de 1988, depois de 225 mil unidades produzidas (incluindo as do breve LN7), o irmão mais esportivo do Escort desaparecia para sempre.

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