Esportividade em traje de gala

Nas décadas de 60 e 70, os britânicos Jensen foram
sinônimos de sofisticação e exclusividade

Texto: Francis Castaings - Edição: Fabrício Samahá

Nos anos 20 os irmãos Jensen, estabelecidos em West Bromwich, na Inglaterra, construíam carrocerias esportivas e as montavam em chassis de carros de produção em série. O primeiro deles foi sobre um Austin Seven. Era um modelo de dois lugares, com pára-brisa levemente inclinado para trás, capô longo e traseira curtíssima -- um pequeno esportivo muito atraente.

No início dos anos 60 nascia o CV8, cupê elegante e muito rápido (esquerda) que antecedeu ao Interceptor FF (no alto, um modelo 1966)
Em 1937 veio o primeiro Jensen, com mecânica Ford V8 de 3,6 litros, dois carburadores e caixa manual com overdrive Laycock de Normanville. O sistema destinava-se a produzir efeito sobremarcha e fazia o ruído e o consumo caírem, porque as rotações do motor eram mais baixas. O overdrive, uma pequena caixa adicional de comando elétrico, era para ser usado sobretudo em estradas.

Apesar de manter o apelo esportivo, tinha quatro lugares, sendo que os dois traseiros tinham uma cobertura de lona para protegê-los das intempéries quando não eram usados. A empresa sempre inovava e manteve esta tradição em detalhes de carrocerias e mecânicos pouco ortodoxos. Além da grade vertical do radiador, tinha entradas de ar com grades cromadas nos pára-lamas.
O grande vidro traseiro envolvente era similar ao do Brasinca 4200 GT brasileiro, mas o Interceptor usava um motor Chrysler V8 de 6,3 litros

No pós-guerra, em 1949, a Jensen dava início à série Interceptor, que faria enorme sucesso durante décadas. Um bonito sedã de quatro portas com capota de lona, motor Austin de quatro litros e seis cilindros. As linhas eram bem curvas, seguindo a tendência da época; tinha dois faróis auxiliares. Mantinha a transmissão com overdrive e chegava aos 140 km/h de velocidade final -- nesta velocidade a rotação ficava abaixo de 3.400 rpm.

Em 1954 a esportividade continuava e era lançado o modelo 541. O esportivo era muito bonito, equipado com belas rodas raiadas com cubo rápido central, frente longa com pára-lamas em curva descendente e faróis redondos. A grade dianteira quase oblonga traduzia agressividade. Tinha motor Austin com três carburadores e era equipado com servofreio. Em 1956 passava a contar com freios a disco nas quatro rodas e caixa overdrive de série.

O interior sofisticado, com acabamento típico dos melhores carros ingleses, era um destaque do Jensen

Uma versão mais potente, 541 R, chegaria em 1957. Alcançava a velocidade final de 200 km/h, o que o colocava no páreo do Jaguar XK150, evolução do famoso XK120 e seu maior concorrente.

No início da década de 60, a fábrica fez várias alterações no chassi do 541, colocou um potente motor Chrysler V8 de 5,9 litros e transmissão automática Torqueflite. Nascia o CV8, carro esporte muito bonito e moderno, que chegava aos 225 km/h. Em 1964 o CV8 recebia um motor ainda mais forte, de 6,3 litros, 335 cv a 4.600 rpm, válvulas no cabeçote e um carburador de corpo quádruplo da marca Carter.

Um precursor: sua mecânica trazia inovações como freios antitravamento e tração integral permanente, que as grandes marcas só adotariam anos depois
Em 1966 era lançado um novo Interceptor, que seria o maior sucesso da marca. Foi o Jensen que teve a maior repercussão mundial. Tinha motor de origem norte-americana, um Chrysler "big block" (bloco grande), com oito cilindros em V, 6,3 litros, 330 cv brutos. Chegava a 228 km/h e acelerava de 0 a 96 km/h (60 milhas por hora) em 6,7 segundos. Colocava-se na classe dos supercarros pelos ótimos números de desempenho -- e era muito elegante. Continua
A intriga internacional
A semelhança -- incrível para alguns -- do Jensen com nosso Brasinca GT 4200, ou Uirapuru, apresentado no início dos anos 60, quase causou problemas. O vidro traseiro era muito parecido, pois fazia parte da lateral. Havia lá suas semelhanças no resto do conjunto, mas o que chamava mais a atenção era este detalhe. Já o acabamento e a motorização não tinham nada em comum com o carro brasileiro.

O bonito e original esportivo nacional foi projetado por Rigoberto Soler. De origem espanhola, chegou jovem ao Brasil e trabalhou na década de 60 nas extintas Vemag e Willys-Overland do Brasil. O Uirapuru foi lançado no salão de 1962. Usava mecânica Chevrolet originária dos picapes GM, com motor de 4,2 litros, seis cilindros em linha e três carburadores. Foram fabricados só 75 exemplares do bonito 4200 GT.

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