Solução da prateleira

Em vez de projetar um adversário para o Jeep, a Chevrolet
combinou elementos e retirou a capota: surgia o Blazer

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Com a capota de plástico e fibra, ele parecia um Suburban encurtado; sem ela, ganhava um ar descontraído que sugeria seu uso para o lazer

 
 

Três motores de seis e oito cilindros eram as opções em 1969; no caso de tração nas quatro rodas, ambas as suspensões usavam eixo rígido

Mais de 15 anos de produção tornaram bastante conhecido no Brasil — como carro familiar, utilitário rural ou mesmo camburão policial — o Chevrolet Blazer, o utilitário esporte derivado do picape médio S10. Entretanto, nos Estados Unidos o nome Blazer precede em várias décadas o modelo que conhecemos: foi de 1969 a 1994 que a Chevrolet norte-americana produziu um utilitário de grande porte com essa designação.

Nos anos 60 os veículos fora-de-estrada vinham conquistando a preferência de motoristas urbanos nos EUA. Ofereciam crescentes doses de conforto e desempenho, sem abdicar da capacidade de transpor terrenos difíceis. Se o Jeep CJ da Willys havia introduzido esse conceito para o uso civil, fabricantes como a Ford (com o Bronco) e a International Harvester (com o Scout) ofereciam alternativas àquele pioneiro. Já a General Motors permanecia ausente da competição.

O primeiro Blazer surgiu com uma proposta diferenciada. Em vez de desenvolver um pequeno jipe, a divisão Chevrolet tomou por base o chassi e a cabine de seus picapes pesados, que também eram usados no utilitário de passageiros Suburban, e elaborou uma perua com duas portas e distância entre eixos bem menor — apenas 2,64 metros para um comprimento de 4,51 m. Além de resultar em um interior mais espaçoso que os do Bronco e do Scout, graças à maior largura, a ideia permitiu reduzir custos de produção pelo aproveitamento de componentes, tanto de carroceria quanto de interior e de mecânica.

De linhas simples, aquele Blazer tinha ampla grade com dois faróis circulares e vários elementos cromados, como os para-choques. O acesso ao compartimento de bagagem era feito por duas portas: uma articulada embaixo, como a tampa de caçamba dos picapes, e um vidro independente que se movia para cima. A divisão GMC oferecia o mesmo modelo sob o nome Jimny e com algumas diferenças visuais, como os quatro faróis.

O interior trazia conveniências como ar-condicionado, ainda raras na categoria, e o banco do motorista era separado, enquanto na parte traseira vinha um inteiriço. Mas o que realmente chamava atenção era a opção de teto conversível, em que toda a área superior da cabine, feita de plástico reforçado com fibra de vidro, podia ser retirada — uma ideia que seria reprisada anos mais tarde pela Dodge com o Dakota, a Nissan com o Murano Cross-Cabriolet e a Range Rover com o Evoque conversível.

Três motores formavam o catálogo de opções iniciais: o seis-cilindros em linha de 250 pol³ ou 4,1 litros, com potência de 155 cv e torque de 32,5 m.kgf; o V8 de 307 pol³ ou 5,0 litros, com 200 cv e 41,5 m.kgf; e o V8 de 350 pol³ ou 5,75 litros, com carburador de corpo quádruplo, 255 cv e 49 m.kgf (todos os valores são brutos). Eram unidades clássicas, com comando de válvulas no bloco. Uma alternativa adicional vinha em 1970, o V8 de 292 pol³ ou 4,8 litros. Em termos de transmissão, podia-se escolher entre os câmbios manuais de três e quatro marchas e o automático Turbo Hydramatic de três.

O Blazer estava disponível com tração traseira ou com sistema temporário nas quatro rodas — este largamente preferido pelo público, à proporção de 10 para um. No primeiro caso a suspensão dianteira era independente e, assim como o eixo traseiro rígido, usava molas helicoidais. Já a versão 4x4 vinha com ambos os eixos rígidos, dotados de feixes de molas semielípticas. Freios a tambor nas quatro rodas foram padrão até 1971, quando os dianteiros passaram a ser a disco.

A proposta da Chevrolet encontrou êxito crescente, a ponto de vender em 1972 quase quatro vezes o total colocado nas ruas em 1970. Mas a linha de picapes pesados já estava por ser redesenhada e, assim, em 1973 o Blazer ganhava nova carroceria, em que os destaques eram a frente com quatro faróis retangulares, empilhados dois a dois, e os recortes retilíneos nas caixas de roda em vez de circulares. Na traseira, uma única porta articulada por baixo substituía o sistema duplo, mas o vidro podia descer dentro da tampa por acionamento mecânico (a manivela) ou elétrico.

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Data de publicação: 21/4/12

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