O antecessor: uma parceria
com a Mitsubishi levou ao Dodge D-50, de linhas simples, feito para
competir com o Luv, o Courier e os japoneses
As linhas retas, inspiradas nas
do pesado Ram, marcavam o primeiro Dakota; embaixo a versão Sport de
1988, com acessórios e motor V6 |
Na
década de 1960, dois fabricantes japoneses —
Toyota e Nissan, esta por meio da marca
Datsun — passaram a oferecer nos Estados Unidos picapes de médio porte,
bem mais leves, compactos e econômicos que os tradicionais modelos das
"três grandes" norte-americanas, General Motors, Ford e Chrysler. Sem
experiência nessa categoria, a não ser por modelos derivados de
automóveis, as fábricas locais preferiram firmar parcerias com outras
marcas japonesas para responder a Nissan e Toyota nos anos 70.
Da associação com a Isuzu a GM obteve o Chevrolet Luv, a Ford uniu-se à
Mazda para obter o Courier e a Chrysler lançou o Dodge D-50 em
cooperação com a Mitsubishi. Introduzido em 1979, o D-50 era simples,
compacto e despretensioso como seus concorrentes. Não parecia uma versão
reduzida do picape pesado da marca, pois as linhas retas lembravam mais
as de um automóvel. Esses utilitários já desfrutavam boa aceitação entre
motoristas urbanos, que os dirigiam como carros de passeio, o que
motivou a Dodge a oferecer itens decorativos como rodas esportivas,
pintura em dois tons, teto solar e estrutura de caçamba ("santantônio").
O D-50 era construído com carroceria sobre chassi e podia vir com dois
motores de quatro cilindros a gasolina: o de 2,0 litros, com potência de
93 cv e caixa manual de quatro marchas, e o de 2,6 litros e 105 cv, com
câmbio de cinco marchas ou um automático de três, ambos com
comando de válvulas no cabeçote. O
segundo trazia o refinamento de árvore de
balanceamento para conter vibrações. Com a adoção do nome Ram para
os modelos pesados, em 1981, o picape menor passava a se chamar Ram 50 —
ou Power Ram 50 no caso da versão com tração nas quatro rodas, lançada
no ano seguinte.
Em 1985 chegava um motor a diesel de 2,3 litros, seguido após dois anos
por uma reforma visual e a opção de caçamba mais longa. Sobre o mesmo
chassi, em 1988, aparecia o Sports Cab com cabine estendida e caçamba
curta. Mais potência vinha em 1990 com um motor de 2,4 litros e 116 cv,
ao lado da opção pelo Mitsubishi V6 de 3,0 litros e 142 cv. Contudo, o
pequeno Ram estava defasado diante dos lançamentos do
Ford Ranger, em 1982, e do
Chevrolet S-10, em 1984,
desenvolvidos lá mesmo nos EUA. A Chrysler estava ciente da necessidade
de conceber seu próprio picape médio e vinha trabalhando nele.
Ao chegar ao mercado, em 1986, o Dakota preencheu a lacuna entre os
picapes médios legitimamente norte-americanos. Um pouco maior que os
compatriotas da Ford e da GM, seguia seu mesmo padrão de linha retas e
simples, lembrando o Ram da época (evolução da série D de picapes
pesados) em tamanho menor. A ampla grade formada por quatro retângulos,
característica da Dodge, vinha ladeada por dois faróis retangulares e as
luzes de posição de mesmo formato. Havia poucos vincos e adornos na
carroceria, que não se destacava pela identidade em relação à
concorrência.
De início a fábrica ofereceu duas opções de caçamba, de 2 e 2,40 metros
de comprimento, que compunham as versões com distância entre eixos de
2,84 e 3,14 m. A cabine era sempre simples, com três lugares, e havia os
acabamentos básico, SE e LE. Sob o capô, mais alternativas: o motor de
quatro cilindros em linha, 2,2 litros e comando no cabeçote cedido pelos
automóveis da série K, com 96 cv, ou o V6 de 3,9 litros,
comando no bloco e 125 cv, ambos
alimentados com carburador e movidos a gasolina. O segundo era
praticamente um V8 de 318 pol³ (5,2 litros), bem conhecido dos
brasileiros por ter equipado nossos
Dodges, com dois cilindros a menos.
Se a caixa automática de três marchas estava disponível para qualquer
dos motores, no lugar da manual de cinco, a escolha de tração temporária
nas quatro rodas vinha vinculada à do motor mais potente.
A não ser pelo
primeiro uso em picapes da direção assistida com caixa de pinhão e
cremalheira — mais leve e precisa que as de esferas recirculantes e de
setor e rosca sem-fim —, o Dakota em nada era diferente dos vários
concorrentes em sua arquitetura. Como eles, tinha a carroceria apoiada
em um chassi do tipo escada, suspensão dianteira independente com braços
sobrepostos e traseira por eixo rígido com feixes de molas semielíticas.
A revista norte-americana Popular Science colocou o
Dakota LE com caixa automática em comparativo com o Jeep Comanche
(baseado no Cherokee) e picapes
pesados da Chevrolet (Cheyenne
1500) e da Ford (F-150),
todos com seis cilindros.
Continua
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