Com apenas portas
dianteiras e pára-brisa comuns ao Punto, o Linea mostra formas
elegantes, que não parecem adaptação
A versão TJet vem com
pneus 205/50 R 17 e seu desempenho é muito bom, com destaque à
suavidade na entrega de potência |
No inicio da década de 1990 a Fiat ingressou no segmento dos sedãs médios com o Tempra. Para a época foi um grande lançamento, pois era o carro mais sintonizado com a Europa em sua categoria
(no Velho Continente tinha apenas um ano). E o Tempra inovou em vários aspectos. Além do desenho, foi o primeiro carro nacional a trazer cabeçote multiválvula e introduziu o motor
turboalimentado no segmento, perdendo a primazia só para o Uno.
Em 1998 o Tempra era substituído pelo Marea, que não causou o mesmo impacto, a não ser pelo motor de cinco
cilindros (exclusividade na produção nacional) e o belo desenho de sua versão perua. Como o Marea nunca foi um participante ativo do segmento de sedãs médios, a Fiat foi aos poucos sendo esquecida na categoria até a produção do carro ser finalizada, cerca de um ano atrás.
No entanto, a empresa quer agora voltar aos velhos tempos do sucesso do Tempra e para isso aposta todas as fichas no lançamento do Linea, seu lançamento mais importante neste ano. O segmento,
que este ano deve responder por 220 mil unidades, está hoje muito diferente daquele em que o Tempra
competiu. A quantidade de modelos é muito maior e a concorrência investe pesado para conquistar os consumidores desse tipo de carro. A tarefa não será fácil, mas o carro ítalo-mineiro guarda atributos muito interessantes, que devem despertar a atenção de quem pretende comprar um sedã médio
e ajudar a Fiat a conquistar a pretendida fatia de 15% desse bolo.
A começar pelo desenho. As linhas do Linea são belas e harmônicas, com formas fluidas que compõe um conjunto muito bem resolvido. Durante todo o percurso em que experimentamos o carro, foi comum vermos pescoços torcidos para admirá-lo, além de manifestação positiva acerca de seu desenho na sessão de fotos. A reação que o carro causou nas pessoas dá uma idéia de quanto será positiva a aceitação de seu
estilo, que seria obra do centro de desenho da marca na Itália e no
Brasil. Há espaço para melhoras, porém. Os repetidores laterais de luzes de direção
poderiam vir nos retrovisores em vez de nos pára-lamas (como em outros carros da própria marca, a linha Adventure e o Stilo), pois destoam um pouco do conjunto. Além disso, o friso na parte inferior da tampa traseira, a nosso ver, não é necessário. Sem ele, a sensação de largura do automóvel seria ampliada.
O Linea é derivado do Punto, mas o compartilhamento de peças é mínimo: apenas o pára-brisa e as portas dianteiras são comuns aos dois carros. No restante as carrocerias são distintas, o que permitiu um desenho equilibrado, sem a sensação de que um porta-malas saliente foi acrescentado a um hatch.
A Fiat ressalta que o Linea tem entreeixos 9 cm maior que o do Punto, bitola dianteira e traseira ampliadas (em 5 e 15 mm, na ordem), maior largura (importantes 45 mm) e nova distribuição de peso, fazendo com que o carro meça 4,56 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,50 m de altura e 2,60 m entre eixos.
A impressão que passa é de que é, de fato, maior que o Punto, mas não tão maior assim quanto os italianos querem nos fazer acreditar. O Linea parece um pouco estreito para seu porte. Com isso, o espaço interno pode ser seu calcanhar-de-Aquiles. A acomodação para cabeça no banco traseiro é modesta e sua largura não permite transportar com conforto três ocupantes, mesmo que magros. Só o espaço para pernas está dentro da média do segmento.
Continua |