Depois de cinco anos de supremacia, o Ford Fusion teve de entregar o
título de Melhor Sedã Grande na 14ª Eleição dos Melhores Carros
do Best Cars. Quem o recebeu este ano foi o Hyundai Sonata, que
também em vendas tem dado trabalho ao modelo da Ford desde o lançamento no
Brasil, no ano passado. Para saber que atributos justificam a escolha do novo
favorito dos leitores, submetemos o Sonata a uma avaliação.
O primeiro ponto a favor desse Hyundai está bem à vista: as linhas modernas,
ousadas, que o diferenciam de qualquer concorrente em um segmento onde o estilo
conservador predomina. Mesmo que a grade de múltiplos detalhes cromados divida
opiniões, o Sonata de quinta geração (leia
sua história) parece despertar o desejo de compra na maioria das pessoas com
seu desenho marcante, com destaque para os vincos pronunciados. Muito bom o
coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,28 em uma época
de pouca importância ao tema.
A criatividade de formas da carroceria estende-se ao interior, caso do painel
central e do volante com formas que combinam com as linhas externas. Os
materiais revelam boa escolha e cuidado na montagem, com plásticos de toque
suave e revestimento de couro nos bancos e portas. O motorista dispõe de um
banco bem desenhado, com amplos apoios laterais e espuma de densidade correta, e
dotado de regulagem elétrica para todas as funções, incluindo altura e
inclinação do assento e apoio lombar (o do passageiro também tem ajustes
elétricos, mas só para os movimentos básicos), e duas memórias de posição.
Quando se abre a porta o assento recua para facilitar o acesso e a saída,
retomando seu ajuste ao ser ligada a ignição.
Os instrumentos são bem legíveis com sua iluminação branca e azul, mesmo com
mostradores digitais para combustível e temperatura. No centro do quadro, uma
tela colorida traz diversas mensagens, computador de bordo (que não informa
consumo em km/l) e a luz do sistema Eco Driving, que não passa de um vacuômetro,
indicando ao motorista que ele acelerou um pouco mais. Como não segue o
método carga de direção, serve para muito pouco.
No volante há comandos de áudio, do controlador de
velocidade e do computador; o freio de estacionamento é acionado por pedal.
Os comandos são fáceis de usar, com destaque para os de ar-condicionado, que
exibem em bom tamanho a direção do fluxo do ar, mas a versão para o Brasil não
traz duas zonas de ajuste de temperatura, oferecidas em outros mercados. O
sistema de áudio — de qualidade de reprodução muito boa — traz toca-CDs para
seis discos no painel, MP3 e conexões USB e auxiliar, mas falta a interface
Bluetooth para celular. Interessante o grande
teto solar, com parte dianteira móvel (báscula e corre para trás, por fora) e
traseira fixa, ambas dotadas de forros com comando elétrico. Pequena falha aqui:
como não há temporizador do controle, precisa-se
religar a ignição para fechar o teto ou o forro esquecido aberto.
Há grande número de itens de conveniência no Sonata, entre os quais acesso ao
interior e partida do motor por botão sem uso de chave (basta mantê-la consigo),
recolhimento elétrico dos retrovisores externos, aquecimento dos bancos
dianteiros, porta-óculos de teto, dois porta-copos, amplo porta-objetos no
console, molas a gás para manter o capô aberto, alerta para porta mal fechada,
acendedor de cigarros, estepe em tamanho integral (até com roda de alumínio,
raríssima hoje), para-brisa com faixa degradê e encosto bipartido no banco
traseiro.
Contudo, alguns itens podem melhorar: o controle elétrico de vidros tem
função um-toque só para o do motorista e não
permite fechá-los a distância, há sensores de
estacionamento apenas na traseira (as dimensões do carro justificariam os
dianteiros), o botão do pisca-alerta é preto e difícil de encontrar em uma
emergência, o alarme não protege o interior com ultrassom, não há acionamento
automático para faróis ou limpador de para-brisa, o revestimento de couro do
volante está ausente nas regiões de pega e a buzina tem um som rouco, um tanto
feio. Ainda, o extintor de incêndio — aplicado no Brasil, pois não é exigido
mundo afora — fica à vista junto aos pés do passageiro da frente e o atrapalha,
podendo até enroscar sua trava em tiras de sandálias.
O Sonata oferece bom espaço para quatro adultos e uma criança, com destaque para
a ótima acomodação das pernas de quem viaja atrás. Negativo é o conforto do
passageiro central desse banco, pelo encosto muito duro, além de deslocar os
colegas ao lado para uma região do banco menos anatômica. O porta-malas tem
capacidade modesta para o porte do carro, 463 litros, quando o usual em sua
classe é oferecer mais de 500. O uso de articulações pantográficas
na tampa
ajudaria tanto a ganhar espaço quanto a evitar o risco de amassar a bagagem ao ser
fechada.
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