Cor e adesivos identificam
por fora esta unidade elétrica; no painel há apenas o velocímetro e,
acima do rádio, monitor de estado das baterias |
Até algum tempo atrás, carro elétrico no Brasil parecia coisa para se
locomover em campos de golfe, já que a última proposta de veículo urbano
com essa propulsão fora nos anos 80 com a linha
Gurgel Itaipu. Pois a Fiat
provou que a coisa não é bem assim e que se pode usar eletricidade para
andar de carro, com direito a diversão. Ao mostrar o carro-conceito
FCC2 no Salão de São Paulo e permitir que
ele fosse conduzido por um grupo de jornalistas, a marca italiana
mostrou que a tecnologia, no Brasil, está mais perto do que se
imaginava.
Só que naquela oportunidade, além de se tratar de um carro-conceito
esportivo e de linhas exóticas, a experimentação se deu em um kartódromo
e o carro era um protótipo, a única unidade existente. Agora a Fiat deu
nova oportunidade à imprensa de dirigir um carro elétrico nacional, uma
versão da Palio Weekend, durante o evento de lançamento do
Strada Cabine Dupla.
Os italianos, assim como fizeram com o álcool ao lançar o primeiro carro
movido a esse combustível (um 147)
no Brasil, estão há algum tempo desenvolvendo, em parceria com a usina
hidrelétrica de Itaipu e algumas empresas e universidades nacionais e
estrangeiras, o Palio elétrico. O projeto começou com o hatch da linha,
modelo que foi abandonado porque os parceiros do programa usam os carros
regularmente e precisavam de mais espaço para passageiros — os veículos
do projeto são homologados e licenciados para andar normalmente em vias
públicas.
O Palio tinha capacidade para apenas duas pessoas, já que o conjunto de
baterias ocupava o espaço do banco traseiro e do porta-malas. Diante
desse problema, a escolha natural recaiu sobre a Weekend, que
conseguiria manter os cinco lugares ao ter todo o conjunto de baterias
instalado no compartimento de bagagem. A ideia foi conceber um carro
urbano, ideal para percursos de pequena distância e baixa velocidade.
Para isso, a Fiat e seus parceiros optaram por baterias de sais de
níquel e motor elétrico fabricados pela empresa suíça Mesdea. O motor
produz uma potência de 19,5 kW (kilowatts), o equivalente a 38 cv, e
leva o carro de 0 a 60 km/h em razoáveis nove segundos. As
baterias pesam 165 kg, têm autonomia de 120 km e tempo de recarga de
oito horas.
A vantagem das baterias de sais de níquel é que elas não sofrem o
chamado "efeito memória": não importa a quantidade de energia ainda
contida nelas, o carro pode ser plugado na tomada novamente sem nenhum
prejuízo à capacidade das baterias. Além disso, possuem uma temperatura
ideal de funcionamento de 270°C e, quando não atingem tal temperatura,
ficam completamente inertes: não dispersam a energia contida nelas, de
maneira que se pode deixar o carro parado por um período prolongado sem
que isso dificulte seu funcionamento depois.
No entanto, essa característica é também um empecilho, pois elas não
entram em funcionamento enquanto não atingem essa temperatura. O
aquecimento das baterias é feito por um sistema dentro do conjunto e
esse calor não é transmitido para o habitáculo do carro, já que seu
isolamento é muito eficiente — a ponto delas se manterem quentes por
quase três semanas. Além das baterias, o sistema elétrico é composto
pelo motor e a transmissão, que na realidade tem como única função
determinar a direção em que o motor produzirá o movimento, para frente
ou para trás. Não há marchas, já que o torque do motor elétrico é
constante e disponível todo o tempo.
Continua |