Ghia Corrida e Brezza, esportivos com base Ford

 

O antigo construtor de carrocerias criou interessantes
modelos a partir do Fiesta original e de um derivado do Escort

Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação

 

Embora possa representar para muitos apenas uma versão de acabamento de modelos como Del Rey, Escort e Focus, o nome Ghia identifica um fabricante de carrocerias especiais, a Carrozzeria Ghia, fundada em 1915.  Ao ser vendida por Alejandro De Tomaso para a Ford, em 1970, a empresa assumiu a posição de estúdio de desenho, do qual saíram muitas propostas de carros-conceito como os modelos esportivos apresentados aqui.

 

 

O primeiro deles, o Corrida, foi mostrado no Salão de Turim em novembro de 1976 como o primeiro conceito derivado da plataforma do Ford Fiesta, cuja geração inicial acabara de estrear no mercado europeu. Considerando-se as formas e proporções do carro original, até que o esportivo conseguiu um bom trabalho de estilo com seu perfil baixo, frente afilada, faróis escamoteáveis e vidros amplos e inclinados. Os retrovisores compactos sugeriam uma preocupação com a aerodinâmica, que apenas começava a ocupar as mentes dos projetistas na época, três anos depois da primeira crise do petróleo.

 

A intenção da Ghia era um esportivo com motor central-traseiro e tração posterior, mas não havia tal disposição nos carros de série da Ford: a solução foi somar componentes de duas unidades do EXP

 

A carroceria de alumínio tinha portas do tipo asas de gaivota, que se abriam para cima por um mecanismo pneumático e encolhiam a parte inferior, para que pudessem ser erguidas mesmo em locais estreitos ou com carros estacionados ao lado. O painel de formas retas usava sete módulos cúbicos para os mostradores e comandos. Para acesso à bagagem, o usuário do Corrida dispunha de duas portas: o vidro traseiro, basculado para cima, e a tampa inferior, que se abria para baixo e podia ser travada na posição aberta para ampliar a acomodação de carga. Apesar da sugestão de desempenho esportivo, o motor era o do Fiesta de produção, que não passava de 53 cv na versão de 1,1 litro.

 

 

Dois doadores, um só motor

Outra interessante criação da Ghia foi o Brezza, revelado no Salão de Turim de 1982. O modelo impressionava pelo cuidado com a aerodinâmica, percebido na forma fluida, na frente sem grade (o que a Ford passava a usar no mesmo ano no Sierra), nos vidros inclinados e rentes à carroceria, nas maçanetas embutidas e nas rodas traseiras quase encobertas. Estudos com modelo em escala revelaram um Cx de 0,30, muito bom para seu tempo, quando o Escort apresentava 0,385.

 

 

Se a vista lateral faz imaginar um vidro traseiro bem inclinado, ele na verdade era quase vertical, havendo apenas barras e pequenas janelas para simular as colunas de um hatchback. As rodas em modelo “trevo” eram as mesmas do Escort XR3 da época, já em produção na Europa e que chegaria ao Brasil um ano depois.

 

 

As tomadas de ar atrás das portas do Brezza não estavam lá à toa: a intenção da Ghia era desenvolver um esportivo com motor central-traseiro e tração posterior, mas não havia tal disposição nos carros de série da Ford na época. A solução para elaborar o protótipo foi somar componentes de duas unidades do EXP, esportivo derivado do Escort norte-americano com motor de 1,6 litro e 70 cv e tração dianteira.

Filippo Sapino, então diretor da Ghia e responsável pelo estilo do Brezza, contou à revista Road & Track como isso se deu: “Cortamos um EXP com três quartos do comprimento, logo à frente do eixo traseiro, e o outro atrás das rodas dianteiras, à frente da parede de fogo [que divide o cofre do motor da cabine].  Então encaixamos a frente com motor na parte traseira do primeiro chassi e removemos o motor desse chassi. Assim criamos um carro dirigível, embora não com a devida engenharia”.

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