Glossário – C

O glossário de termos técnicos pretende esclarecer termos citados em artigos do site, evitando a repetição de seu significado a cada citação. Não é seu objetivo definir todos os incontáveis termos técnicos relacionados ao automóvel.

 

CAFE: sigla para Corporate Average Fuel Economy, ou consumo de combustível médio corporativo, em inglês. É um programa implantado em 1975 pelo ACEEE (American Council for an Energy-Efficient Economy, conselho norte-americano para uma economia energeticamente eficiente) que prevê limites de consumo, por fabricante, para veículos nos Estados Unidos. O sistema adotado resulta em que, se a empresa conseguir vender maior número de carros econômicos, terá direito a comercializar mais unidades de modelos de alto consumo. Os limites são diferentes para automóveis e utilitários (picapes, minivans e utilitários esporte).

 

Cancelamento ativo de ruídos: sistema voltado a tornar o interior do veículo mais silencioso para os ocupantes, por meio da produção de um “anti-ruído” que cancela o ruído indesejado. Nos automóveis, o sistema de áudio (mesmo que desligado) é o responsável por emitir o anti-ruído, em geral com o objetivo de cancelar frequências indesejadas dos ruídos mecânicos.

 

Calço hidráulico: acontece quando um líquido (água ou combustível) preenche as câmaras de combustão, formando uma massa que, ao contrário da “névoa” de ar e combustível, não pode ser comprimida. Ao se acionar a partida, os pistões sobem e encontram grande resistência. O motor não pega e, se submetido a um tranco, tem avariados componentes como pistões, bielas e até mesmo virabrequim. É mais comum que aconteça pela absorção de água em alagamentos.

 

Câmara de combustão hemisférica: assim chamada porque seu formato aproxima-se ao de uma semiesfera (ao contrário de outras dos mais variados aspectos), tem como vantagem a posição central da vela de ignição, portanto equidistante de todos os pontos da câmara. Essa é a melhor condição para uma combustão por igual, um dos fatores que reduzem as possibilidades de detonação.

 

Câmber ou cambagem: é o posicionamento vertical das rodas, um dos ângulos verificados em uma operação de alinhamento. O câmber é positivo se as rodas convergem para baixo, ficando mais distantes no topo; negativo se ficam mais distantes no ponto de contato com o solo, convergindo para cima; e neutro ou nulo, se ficam perpendiculares ao solo. A tendência atual é o emprego de cambagem nula ou negativa, para melhor estabilidade em curvas. Rodar com cambagem diferente da especificada pelo fabricante pode resultar em desgaste irregular dos pneus.

 

Caixa de transmissão 4+E: chama-se assim, com o E significando economia, a caixa de cinco marchas em que a quinta, por sua relação longa, não permite aumento da velocidade máxima, esta sendo atingida em quarta. O efeito de uma quinta marcha longa é a redução das rotações em viagem, com benefícios ao nível de ruído e à economia de combustível. Em contrapartida, esse tipo de caixa requer reduções de marcha mais frequentes em aclives e ultrapassagens. O mesmo princípio aplicado a uma caixa de seis marchas resulta na designação 5+E.

 

Caixa de transmissão de variação contínua (CVT): tipo de caixa que efetua uma variação contínua, gradual, das relações de marcha em vez de trabalhar com marchas definidas. Em regra, uma correia metálica liga duas polias com sulco em forma de “V” e largura variável. À medida em que as laterais de cada polia se afastam, por um sistema hidráulico, a correia afunda em seu sulco, como se a polia tivesse menor diâmetro. Com as laterais mais próximas, ela corre mais na periferia da polia, simulando diâmetro maior. Dentro dos limites, a CVT pode selecionar a relação mais adequada a cada momento. Isso permite que, por exemplo, a rotação de potência máxima do motor seja mantida durante uma aceleração. Além disso, essa caixa obtém grande suavidade de funcionamento.

 

Cárter seco: sistema de lubrificação em que o óleo não fica depositado num cárter convencional, na parte inferior do motor, mas em reservatório separado em outra localização do veículo. A maior vantagem é a possibilidade de montar o motor mais baixo no chassi, o que abaixa o centro de gravidade e melhora o comportamento dinâmico.

 

Cáster: ângulo de inclinação do eixo do pino-mestre (que fixa a roda à suspensão) em relação à vertical e ao eixo longitudinal do veículo. Quanto maior o efeito do cáster, mais intenso será o realinhamento da direção após as curvas. Outra influência desse fator ocorre nas curvas: um cáster elevado torna mais negativa a cambagem da roda externa e mais positiva a da interna, o que é ideal para melhorar a aderência dos pneus nessa situação. Por outro lado, um cáster menor faz a direção ficar mais leve. A diferença entre as rodas também é importante: cáster muito desigual faz a direção puxar para o lado em que o ângulo é menor.

 

Central elétrica integrada: também chamada de multiplex, ela reúne todas as funções da parte elétrica do veículo em apenas dois cabos, um para a transmissão de dados, outro para a energia elétrica. As vantagens são reduzir em muito a quantidade de cabos (que ocupam menor espaço e pesam menos), facilitar a localização de defeitos no sistema elétrico, ampliar a quantidade possível de funções e facilitar a integração entre elas. Por exemplo, o sensor de chuva do limpador de para-brisa pode transmitir ao módulo central de controle a informação para que os vidros e o teto solar sejam fechados quando a chuva aumenta. Vários carros nacionais contam com esse tipo de central.

 

Centro de gravidade: ponto de aplicação, em um corpo, de todas as forças elementares devido à gravidade. É um dos elementos mais importantes em qualquer veículo em relação a seu comportamento dinâmico. Quanto mais baixo, melhor o comportamento.

 

Cfm ou pés³/min: siglas para o inglês cubic feet per minute e sua tradução em português, pés cúbicos por minuto. São a medida norte-americana de vazão, usada normalmente para indicar a capacidade máxima de um carburador.

 

Close-ratio: indica relações de marcha “fechadas”, ou mais próximas entre si se comparadas às de um câmbio wide-ratio (relações afastadas). Um câmbio com essa característica provoca pequena queda de rotações nas trocas de marcha ascendentes, tornando-se adequado a motores mais esportivos, em que a potência e o torque máximo manifestam-se numa faixa de giros estreita.

 

Código de velocidade: especificação do pneu que define a máxima velocidade que o veículo pode desenvolver, com carga máxima e por um certo período, sem o risco de perder a banda de rodagem por causa da força centrífuga (que tende a expulsá-la do pneu). Na medida 185/60 R 14 H, por exemplo, é representada pela letra H, que por convenção significa 210 km/h. Outros códigos comuns são T (190 km/h), V (240 km/h) e W (270 km/h).

 

Coeficiente aerodinâmico (Cx): valor que exprime a maior ou menor facilidade com que o veículo rompe o ar a sua frente. Quanto menor o valor, mais fácil esse rompimento e, em consequência, menor o consumo de combustível em uma mesma velocidade. Um bom valor hoje, em carros de passeio, é 0,30. Automóveis mais curtos em geral têm pior Cx, assim como picapes e utilitários esporte. Saiba mais sobre aerodinâmica.

 

Coletor de admissão de geometria variável: possui dois dutos, um mais curto e outro mais longo. Uma borboleta, gerenciada pela central eletrônica, determina se o ar admitido deve fazer um percurso ou outro. Se ela está fechada, o ar vai para o duto longo; se está aberta, vai para o duto curto. Uma vez que coletores curtos favorecem a potência em alta rotação, mas coletores longos melhoram o torque em baixas rotações, esse mecanismo faz com que o motor trabalhe sempre na configuração mais adequada ao regime de giros usado.

 

Coletor de escapamento dimensionado: feito de forma a permitir menor restrição ao fluxo de gases de escapamento e com a resistência ao fluxo igual para todos os cilindros. Isso não implica que o comprimento dos tubos seja o mesmo, mas que ofereçam uma mesma resistência. A nomenclatura usual AxB significa A tubos de entrada, em geral igual ao número de cilindros, e B tubos de saída, no fim do sistema de escapamento. Por exemplo, 4×1 ou 4-em-1.

 

Comando de válvulas no bloco e no cabeçote: disposições para a árvore responsável por acionar a abertura e o fechamento das válvulas do motor. O comando no bloco (em inglês definido como over head valve, OHV) usa tuchos, varetas e balancins para levar movimento do comando até o cabeçote, o que traz maior dificuldade de operação em altas rotações. Essa é a vantagem do comando no cabeçote (over head camshaft, OHC), que elimina a vareta e, em muitos casos, o balancim. Para movimentar o comando, nesse caso, não é usado componente de movimento alternativo, mas apenas de movimento circular. O comando no cabeçote, que pode ser simples ou duplo (com duas árvores), é maioria hoje em motores de carros e de motos.

 

Comando de válvulas variável: sistema de controle dos tempos de abertura e fechamento e do levantamento das válvulas (responsáveis pela admissão de mistura ar-combustível e saída de gases queimados do motor), que atua em duas ou mais configurações (diagramas). No caso do pioneiro VTEC, lançado pela Honda nos anos 80, cada par de válvulas possui três ressaltos: dois iguais nas extremidades e um diferente no meio. Em rotações baixas e médias, apenas os ressaltos externos, “mansos”, acionam as válvulas. Atingido um regime predeterminado, a pressão do óleo do motor, com controle eletrônico, coloca em funcionamento o ressalto “bravo” central. O motor assume então um novo diagrama de comando, com maior abertura e levantamento, que transforma seu desempenho e o leva até rotações mais altas. Uma variação mais simples desse princípio, que atua apenas nos tempos de abertura e fechamento, é o variador de tempo de válvulas.

 

Compressor: sistema de superalimentação do motor (que força o ar para dentro dos cilindros) acionado por ligação mecânica com o virabrequim, em geral uma correia. Uma vantagem em relação ao turbocompressor é que, como não depende da pressão dos gases de escapamento, o compressor entra em ação já em marcha-lenta. Mas seu uso implica perda mecânica com o acelerador fechado ou pouco aberto e menor rendimento máximo que o do turbo.

 

Configuração de funções: sistema que permite ao usuário selecionar o modo de operação de diversos recursos do veículo. Entre as funções mais comuns estão travamento automático das portas ao rodar, seu destravamento em dois estágios (a do motorista em separado), temporizador do acionamento de faróis, o sistema das informações do computador de bordo (métrico ou inglês) e o idioma das mensagens exibidas no painel.

 

Controlador de velocidade: sistema que mantém a velocidade estabelecida pelo motorista sem o uso do acelerador. Compensa, dentro do possível, as variações causadas pela topografia da estrada (subidas e descidas), além de se desligar ao ser pressionado o freio ou a embreagem. Também conhecido, de forma imprecisa, por piloto automático.

 

Controlador de velocidade e distância: ou controlador de velocidade ativo, é uma variação do sistema acima, que usa um sensor de radar para monitorar e manter a distância segura em relação ao veículo à frente. Atua de forma automática nos freios e no acelerador, aumentando e reduzindo a velocidade. Se o carro da frente reduzir de repente, acima do limite de frenagem previsto pelo fabricante, o sistema emite sinais (luminoso e sonoro) para que o motorista freie.

 

Controle ativo de rolagem: sistema implantado pela primeira vez no Mercedes-Benz CL de 2000, identificado como ABC (Active Body Control), que comanda cilindros hidráulicos para compensar e praticamente eliminar os movimentos da carroceria durante acelerações, curvas e frenagens.

 

Controle eletrônico de estabilidade: sistema de segurança destinado a corrigir derrapagens e recolocar o veículo na trajetória desejada. Atua reduzindo ou interrompendo a potência do motor e freando individualmente uma ou mais rodas, sem qualquer intervenção do motorista. Em geral, sua atuação é informada por luz-piloto no painel. Em alguns casos possui dois ou mais programas de uso, que permitem diferentes graus de derrapagem antes da intervenção. Saiba mais

 

Controle de ponto-morto: recurso aplicado a algumas transmissões automáticas (como a do Volkswagen Polo) que passa ao ponto-morto em situações de parada, como ao permanecer imóvel e com freios acionados por alguns segundos. Ao liberar o freio a caixa retorna à posição Drive, sem intervenção do motorista. Durante a operação a alavanca seletora permanece na posição original, havendo apenas mudança interna. O objetivo é reduzir o consumo urbano, pois o motor deixa de tentar movimentar o carro.

 

Controle magneto-reológico de amortecimento: tecnologia usada para variação da carga dos amortecedores. O fluido sintético do interior do componente comporta-se como um fluido convencional, com partículas em ordem aleatória, até que o controle eletrônico determine o envio de uma carga magnética para alinhar essas partículas. Nessa condição, aumenta a resistência ao fluxo do fluido em milésimos de segundos, o que deixa o amortecedor mais firme. O controle eletrônico chega a monitorar os parâmetros de terreno e direção 1.000 vezes por segundo, o que permite variações muito rápidas.

 

Convergência: um dos ângulos verificados em um alinhamento de rodas, é a abertura horizontal entre duas rodas de um mesmo eixo. Se mais afastadas na frente, a direção é divergente; se mais abertas atrás, convergente. De modo geral, os carros de tração traseira usam rodas dianteiras convergentes, e os de tração dianteira, divergentes, pois a aplicação da potência tende a convergi-las.

 

Convexo: espelho retrovisor com ligeira curvatura da lente que resulta em campo de visão maior, mas com menor clareza de distâncias (os objetos refletidos parecem mais distantes do que realmente estão). Sua maior vantagem é trazer segurança e conforto em mudanças de pista e acessos em ângulo a vias, pois permite enxergar veículos na pista ao lado que o retrovisor plano não mostraria. No retrovisor do lado do passageiro seu uso é universal, enquanto no do motorista há divergências: é proibido nos Estados Unidos, mas muito usado na Europa. Há também o tipo biconvexo, com uma faixa externa de curvatura mais acentuada.

 

Crossover: cruzamento em inglês, define os veículos que combinam elementos de duas ou mais categorias, como automóvel e utilitário esporte ou minivan e utilitário esporte.

 

 

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