O novo Fusca: no sentido transversal o capô aparenta ter pouca curvatura, em especial se comparada à curvatura transversal do teto. Parece um pouco chapado, mas não chega a incomodar. Aplicar um detalhe estético adicional, como nervuras ou alguma saliência, poderia ser interessante.
Uma superfície que forma uma moldura para as aberturas dos para-lamas é sempre bem-vinda. Em geral causa impressão de bom acabamento e cuidado estético.
Para-lamas salientes e de contornos marcados foram abandonados há muito tempo pela indústria, no fim dos anos 40, mas resistiram com o Fusca e retornaram com o New Beetle e o PT Cruiser. Hoje têm um efeito interessante por não serem algo comum.
Essa versão com defletor poderia ser chamada de Super Fuscão, em homenagem à versão 1600 S nacional da década de 1970… Brincadeira à parte, a melhora foi sensível em relação ao defletor disponível para o New Beetle, que estragava a aparência do carro.
As formas do rebaixo da placa de licença seguem o manual da identidade de estilo atual da Volkswagen. Não combina tanto com o estilo do Fusca, mas ficou bom mesmo assim. Se comparado com a solução usada no New Beetle, está muito melhor.
A saia lateral já é saliente, mas o friso também saliente causa certa estranheza ao olhar. Será que a inspiração foi o antigo estribo? Não está ruim, mas é preciso se acostumar.
O recuo da coluna “A” e a quebra na passagem para o teto são soluções mais comuns que a avançada coluna e a transição suave do New Beetle, mas o novo desenho contribui para uma aparência mais esportiva e dinâmica.
À decisão acertada a respeito da coluna “A” soma-se a decisão acertadíssima de rebaixar o teto. O perfil do carro ficou ótimo.
Para-lamas salientes tendem a diminuir as rodas visualmente. Conseguiu-se um bom resultado nesse caso, bem equilibrado, auxiliado pelo perfil mais baixo do carro.
Via de regra, as superfícies nas regiões inferiores necessitam de um acabamento para causar boa impressão. Nesse caso, é quebrada por um vinco e inclinada para dentro. O recorte na região inferior central foi bem feito e dá esportividade ao visual.
Em todo o carro o uso de vincos foi bem pensado e executado. Estão nos lugares certos e nas doses certas, em geral demarcando as transições das superfícies, de forma a valorizar a estética, aparentar mais modernidade e criar diferenciação em relação à geração anterior.
As relações entre as alturas do para-brisa, da frente e do para-choque ficaram muito boas. Por conta da redução na altura total e no aumento da largura, parece que o carro está mais assentado no chão — dá a impressão de que vai grudar bem nas curvas.
A decisão em não usar lanternas circulares, inspiradas no antigo Fusca “Fafá de Belém” e que foram usadas no New Beetle, também foi acertada. Os novos contornos ficaram muito bons e combinam bem com o estilo do carro. O desenho das funções internas está de acordo com o estilo usado nos outros modelos da marca.
Esse vinco demarca a altura do para-choque e está bem posicionado para a traseira não aparentar caída.
Ao menos lá fora, há várias versões em que esta “almofada” está com acabamento em preto, o que faz mais sentido. Assim, na cor do carro, compete visualmente com o restante do desenho do para-choque e não combina como deveria.
O para-choque recebeu o tratamento estético que faz parte da identidade de estilo da marca para todos os modelos. Essas foram as únicas peças onde conseguiram aplicar tal identidade. E não é que ficou bom?
A Volkswagen tem dado atenção aos desenhos internos de faróis e lanternas e, já há um tempo, vem apresentando resultados muito bons. Esse ficou ótimo, com um ar moderno e rico. Pena que não se estenda às versões mais simples, sem lâmpadas de xenônio, tanto lá fora quanto no Brasil.
Capricharam até nas rodas, de aparência esportiva e visual também retrô. Chamam a atenção por lembrar um pouco as rodas Fuchs, em forma de estrela, usadas no Porsche 911 do fim dos anos 60 até os anos 80 e que, quando colocadas nos Fuscas antigos, o deixavam muito atraente.
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O autor
Edilson Luiz Vicente é designer com 22 anos de experiência na indústria automobilística, atuados em empresas de grande porte como Volkswagen, Ford e General Motors no Brasil, Isuzu no Japão e General Motors nos Estados Unidos. É um dos poucos de seu segmento com experiência também em projetos e engenharia. Também é professor no Istituto Europeo di Design em São Paulo. Mais informações.