Em sua sétima geração, a Volkswagen se inspira no Arteon para ganhar espaço entre Corolla e Civic
Texto: Danillo Almeida – Fotos: divulgação
A categoria de sedãs é uma das mais antigas e, graças a isso, surpreende por sua resistência ao avanço dos utilitários esporte. Contudo, costuma apresentar concorrência muito forte. No Brasil, por exemplo, que sedã médio consegue fazer ameaça real às vendas do Toyota Corolla? Mudar isso é o que os fabricantes vêm tentando fazer das mais variadas maneiras. O fruto mais recente disso veio da Volkswagen: uma geração inteiramente nova do Jetta.
Seguindo uma tradição de nascença, ele é derivado direto do Golf somente na parte mecânica — recebeu desenho próprio na parte dianteira em todas as gerações, exceto a quinta, de 2005. A nova se assemelha ao hatchback no uso da plataforma MQB, mas tem estilo inspirado no irmão maior Arteon, sucessor do CC como sedã de perfil esportivo — e não no Passat, como era de se esperar.
Este tipo de carroceria foi popularizado pelo Mercedes-Benz CLS em 2004. O teto com caimento suave e a traseira curta dão um ar mais jovial, livre do conservadorismo que a idade deu aos sedãs. Entre os modelos médios, percebe-se com clareza essa tendência no Honda Civic, que não teve aceitação massiva, mas conseguiu se firmar como alternativa oposta ao mais tradicional Corolla. Como o modelo da Volkswagen ainda precisa formar seu público, apostou na solução intermediária que se analisa aqui.
A Volkswagen gosta de dar a mesma importância visual a faróis e grade. Os faróis do Jetta têm um formato que complementa o da entrada de ar, de modo que não chamam atenção sozinhos, mas são grandes o suficiente para não parecer continuação da grade como, por exemplo, os da Fiat Toro. O desenho interno dos faróis, embora atual, não foge da discrição típica do fabricante.
Aqui o Jetta tira inspiração do Passat, em vez do Arteon. Entrada de ar larga, em posição elevada e de altura moderada faz o carro parecer mais largo e imponente sem roubar as atenções. No sedã grande, ela é meramente a escolha apropriada. Em um pequeno, como o Voyage, seria excessiva. No Jetta, torna o visual imponente e colabora para aquela sensação de “carrão” que tanta gente aprecia.
Como a entrada superior recebe tanto destaque, é natural que a inferior tenha sido relegada. A forma de trapézio com o lado maior na base contribui com a sugestão de largura, ao passo que a ausência de cromados evita o destaque. Um ponto fraco é o contorno retilíneo: expressa esportividade leve, como é de praxe na Volkswagen, mas destoa da suavidade do contorno da entrada superior. Não é bom que peças intimamente relacionadas passem impressões tão diferentes.
Os faróis de neblina em trapézio seguem bem o padrão do fabricante (basta ver Virtus e Voyage), mas o desenho do seu entorno podia melhorar: cada um à sua maneira, o suporte em plástico preto e os vincos adjacentes na carroceria são grandes e chamativos. Quebrar o excesso de área vazia é importante, claro, só que há muito destaque para uma peça pequena e de papel secundário.
A intenção de tornar o Jetta mais esportivo aparece bem em detalhes como esse. O volume tem que ser curto por causa do motor transversal, mas o perfil baixo tira a imagem de carro familiar. Além disso, os vincos aplicados ressaltam o motor e as rodas, não a carroceria. Tudo isso cria uma impressão de leveza e dinamismo, não de massa. Colaboram para isso as rodas em tamanho grande e com vão reduzido nos para-lamas.
Um vinco forte na linha de cintura, para separar as janelas visualmente e dissimular a altura do carro, e outro bem mais simples na base das portas para criar um efeito de luz e sombra onde ficariam frisos plásticos. Essa solução consegue resultado visual agradável sem precisar de recursos complexos, mas já aparece em tantos carros da Volkswagen que ficou cansativa de ver. É fácil que o Jetta seja confundido com o Virtus quando visto de lado.
Mais uma vez como o Virtus, o Jetta foi inspirado no estilo mais arrojado do Arteon. Para acomodar a silhueta esportiva foi preciso adicionar uma janela traseira, inédita no modelo. Como isso torna todas as colunas finas, ajuda a construir a imagem dinâmica desejada. Em paralelo, a Volkswagen prezou pela limpeza visual e usou vidros sem divisão interna nas portas traseiras.
Os sedãs de perfil esportivo diferem dos convencionais na linha do teto, que faz uma transição mais suave entre a cabine e o porta-malas. No novo Jetta, o comprimento “oficial” do terceiro volume é tão pequeno que, nos anos 90, ele poderia ser considerado um notchback como o Citroën Xantia. Como a geração anterior tinha uma silhueta mais convencional, este é um dos pontos onde a atualização se percebe mais facilmente.
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