Na concepção mecânica simples do A1, duas estrelas: o motor com turbo e compressor,
oferecido no Sportback e no três-portas, e o câmbio automatizado de sete marchas
A opção de dotar o motor de dois sistemas de sobrealimentação certamente só teve esse excelente resultado por conta da evolução dos sistemas de controle eletrônico. De fato, uma explicação simples do sistema é dizer que o compressor Roots (cujo exemplo mais recente de aplicação em nossa indústria foi o Ford Fiesta Supercharger) é um dispositivo mecânico que “sopra” mais ar na câmara dos cilindros para aumentar seu enchimento. O turbo faz o mesmo, mas depende da pressão dos gases de escapamento para começar a “soprar”.
Muitos imaginam que o compressor, por sua ligação mecânica (via correia) com o motor, seja sempre o primeiro a começar a operar assim que o motor sai da marcha-lenta. Engano! Um turbo moderno é tão eficiente nessa tarefa que pode caber apenas a ele, no A1, o papel de aumentar a potência disponível logo nas faixas de giros mais baixas. Na verdade, a decisão de usar ou não o auxílio do compressor cabe à central eletrônica após analisar o uso do acelerador e a rotação do motor. O controle do funcionamento é feito por meio de uma válvula situada na entrada de ar, após o filtro, que segundo sua posição faz o ar seguir primeiro para compressor ou direto para o turbo.
A Audi prevê diferentes condições de uso:
1) Pouca abertura de acelerador: a válvula fica toda aberta e o ar de admissão segue direto para o turbo. Como a energia dos gases de escapamento é baixa, a pressão produzida pelo turbo é mínima e há vácuo em vez de pressão no coletor de admissão.
A central eletrônica define se o compressor deve atuar ou apenas o turbo, mas o que
importa é o resultado: muito torque e respostas instantâneas em qualquer rotação
2) Grande abertura de acelerador e rotação até 2.400 rpm: compressor e turbo trabalham juntos, já que a válvula está fechada ou parcialmente aberta para regular a pressão de admissão. O compressor comprime o ar que chega ao turbo, no qual é ainda mais comprimido. Com o acelerador todo aberto, a pressão absoluta no coletor de admissão chega a 2,5 bar (ou 1,5 bar acima da pressão atmosférica).
3) Rotação acima de 2.400 rpm: a pressurização é controlada para não ultrapassar a pressão máxima de 2,5 bar, seja impedindo que todo o ar chegue ao compressor, seja pela válvula de alívio do turbo.
A expressão “motor sempre cheio” é plenamente real no A1: afundar o pé no acelerador em baixíssima rotação é dar chance a um benéfico exibicionismo da atual tecnologia Audi
O que se consegue com esse sofisticado arranjo? No pequeno motor de 1,4 litro do A1, o anunciado torque máximo de 25,5 m.kgf já está presente a apenas 2.000 rpm e se preserva até 4.500 rpm. Em termos práticos, isso representa um motor que se comporta como se tivesse o dobro da cilindrada. A transição entre compressor ativo e inativo é imperceptível, magistralmente gerenciada pela eletrônica.
E se você já ouviu a expressão “motor sempre cheio”, saiba que no A1 Ambition tal expressão é plenamente real. Afundar o pé no acelerador em baixíssima rotação é dar chance a um benéfico exibicionismo da atual tecnologia Audi, com o câmbio de incrível agilidade se juntando à “pegada” do motor para arremessar o conjunto — de massa declarada de 1.300 kg, nada baixa para um carro de seu porte — à frente de modo decidido. A Audi divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 7 segundos e velocidade máxima de 227 km/h, ante 203 km/h e 9,0 s do Sportback de 122 cv. E se o consumo em ciclos-padrão é um pouco mais alto, as marcas informadas ainda são excelentes (veja abaixo na ficha técnica).
Com a praticidade das cinco portas, que os concorrentes Mini e DS3 não oferecem,
a Audi espera conquistar mais fãs para seu charmoso modelo de entrada
Em razão do roteiro percorrido, qualquer consideração sobre estabilidade em curva seria leviana. Todavia, mesmo em se tratando de um carro de fórmula simplificada e comum quanto a suspensões — McPherson na dianteira, eixo de torção atrás —, o A1 já se provou referência em agilidade e capacidade de divertir quem aprecia o dirigir esportivo. Cúmplices nisso são o já mencionado câmbio, a direção cuja assistência mostra ajuste exato e, nessa versão, os pneus 215/40 R 17, capazes de jogar a potência do menor dos Audis no solo de maneira muito competente.
O A1 Sportback e seu irmão de três portas pertencem a uma categoria de carros que exige um tipo bem específico de cliente: alguém que sabe valorizar dotes dinâmicos de agilidade que apenas pequenos carros podem oferecer. Seus requintes tecnológicos — câmbio e motor de dupla sobrealimentação — são joias da engenharia que conciliam desempenho a consumo reduzido, com índice de emissões poluentes e de gás carbônico (CO2) bastante baixos.
Uma opção que rende dividendos em prazer de dirigir, em qualidade dinâmica e em adequação ao cenário das metrópoles. Nascido para ser um prático vetor urbano, o A1, agora em versão de cinco portas, ganha em praticidade e se apresenta como um dos mais divertidos carros do mercado. Caro? Sim, mas certamente um modelo que fornece tecnologia e eficiência como poucos, e que certamente ajudará a Audi a aumentar sua fatia no segmento.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 76,5 x 75,6 mm |
Cilindrada | 1.390 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, compressor, turbocompressor e resfriador de ar |
Potência máxima | 185 cv a 6.250 rpm |
Torque máximo | 25,5 m.kgf de 2.000 a 4.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual automatizado / 7 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | eletro-hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson |
Traseira | eixo de torção |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 215/40 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,954 m |
Largura | 1,746 m |
Altura | 1,422 m |
Entre-eixos | 2,469 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 45 l |
Compartimento de bagagem | 270 l |
Peso em ordem de marcha | 1.290 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 227 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,0 s |
Consumo em cidade | 13,3 km/l |
Consumo em rodovia | 19,6 km/l |
Dados do fabricante |