Posto do motorista é esportivo e bem definido; bancos usam couro e camurça sintética; tela corta o vento; porta-malas leva 280 litros
Entre os bons detalhes desse Audi estão alerta programável para excesso de velocidade, comandos por voz (em português brasileiro) para áudio/telefone/navegação, controle elétrico de vidros com função um-toque, freio de estacionamento com acionamento elétrico e retenção automática nas paradas, limpador de para-brisa e faróis automáticos, luzes de leitura por leds, molas a gás para sustentar o capô, porta-luvas com fechadura e tecla coringa (configurável para a função desejada) no volante.
Há ainda o conhecido Drive Select, o seletor de modos de condução, com programas Efficiency (favorável à economia), Comfort (ao conforto), Dynamic (à esportividade), Auto (ajuste automático ao modo de dirigir) e Individual (configurável). Ele afeta o comportamento de motor (acelerador) e transmissão, o som de escapamento e a assistência de direção, que podem ser ajustados de modo independente. Pontos melhoráveis: há pouco espaço para objetos do dia a dia e faltam ajustes separados de ar-condicionado para motorista e passageiro, faixa degradê no para-brisa, iluminação nos para-sóis, porta-luvas refrigerado e tomada de 12 volts (há saída USB de alta corrente para recarregar aparelhos, mas e se o conector não for compatível?).
A capota do TT, revestida de tecido (preferível ao teto rígido pelo equilíbrio visual, pois não exige uma tampa de porta-malas comprida para guardá-la), pesa apenas 39 kg, tem acionamento todo automático e pode ser recolhida ou erguida em 10 segundos. A Audi previu comando em movimento a até 50 km/h, mas não fechamento pelo controle remoto da chave: de fora do carro, a única forma é retirando a chave metálica do chaveiro eletrônico e inserindo-a na fechadura. Trata-se de decisão por segurança: garante que o usuário estará ao lado do carro, atento a uma criança que possa colocar a mão no trajeto do mecanismo, por exemplo.
Quadro digital de 12,3 pol apresenta múltiplas informações, do grande mapa de navegação a áudio e computador; pode também destacar dois instrumentos
O vigia traseiro é de vidro com desembaçador e há uma tela para cortar vento com comando elétrico atrás dos encostos (ao contrário do que muitos pensam, o vento em um conversível com janelas fechadas chega à nuca dos ocupantes pelo retorno de ar, não a seu rosto pela frente). A capacidade do porta-malas, 280 litros, mantém-se com capota guardada ou recolhida. O estepe, interno, é do tipo temporário.
O ruído rasgado (frep!) nas trocas de marcha faz curtir sensações auditivas que um dia serão possíveis apenas pelo Youtube
Som e comportamento empolgam
O motor do TT Roadster cativa já nos primeiros quarteirões. O funcionamento é suave, isento de vibrações, e o som de escapamento soa como música no modo Dynamic, que abre “borboletas” em duas das quatro saídas para um ronco mais presente e encorpado. De capota recolhida, o ruído rasgado (frep!) nas trocas ascendentes de marcha em alta rotação, assim como a aceleração interina nas reduções, faz curtir sensações auditivas que um dia serão possíveis apenas pelos vídeos do Youtube.
As respostas ao acelerador são rápidas, sem retardo perceptível de ação do turbo. Se o desempenho não chega a estonteante, há mais que o suficiente para divertir: nossas medições registraram aceleração de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos e retomada de 80 a 120 em 5 s, com velocidade máxima limitada a 250 km/h. Contribuem para a agilidade as trocas de marcha instantâneas da transmissão automatizada S-Tronic de seis marchas e dupla embreagem, que admite mudanças manuais pela alavanca ou pelos comandos junto ao volante. Em modo manual continua a fazer trocas automáticas para cima (no limite de giros) e reduções no fim de curso do acelerador.
Motor de 230 cv e transmissão muito rápida garantem desempenho interessante; tração dianteira não impede ótima atitude em curvas rápidas
Embora recorra a uma arquitetura de tração dianteira, não ideal para um carro esporte — seria preferível dividir entre os eixos as tarefas de tracionar e esterçar —, o TT recebeu uma acertada calibração de suspensão. Comporta-se muito bem em curvas e, apesar da tendência ao subesterço nas mais fechadas, fica praticamente neutro nas de alta e mostra grande aderência dos pneus 245/35 R 19 da marca sul-coreana Hankook (fabricação húngara). É tão difícil alcançar seu limite em vias públicas que só vemos necessidade do modo mais permissivo do controle eletrônico de estabilidade em circuitos.
O rodar obtém conforto aceitável para o tipo de automóvel, com a traseira um pouco mais dura — menos que, por exemplo, a do S3 Sedan avaliado no ano passado. Embora o perfil baixo dos pneus cobre seu preço na absorção de irregularidades, é um carro com que se pode conviver no dia a dia. Poderia ser melhor a filtragem de ruídos dos pneus.
É mesmo uma pena que poucos possam pagar por um concentrado de prazer sobre rodas como o Audi TT Roadster. Um mundo com milhares deles nas ruas, certamente, faria despertar a paixão por automóveis em jovens — ou nem tão jovens — motoristas.
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Comentário técnico
• O motor da família EA-888, também usado em inúmeros modelos do grupo Volkswagen, inclui recursos técnicos como variação contínua do tempo de abertura das válvulas de admissão e escapamento, variação do curso das válvulas de admissão (sistema Valvelift, restrito aos Audis) e sistemas de injeção direta e indireta. O bloco de ferro fundido, desfavorável do ponto de vista de massa, facilita suportar as elevadas pressões do motor superalimentado. As árvores de comando recebem movimento do virabrequim por uma corrente.
• A conhecida transmissão automatizada S-Tronic (terminologia da Audi: na VW é DSG) opera com as embreagens em banho de óleo. Como se nota na ficha técnica, há uma relação de diferencial para primeira a quarta marchas e outra para quinta e sexta. Isso explica o aparente absurdo da quinta mais curta que a quarta.
• O estrutura do TT usa cinco tipos de aço e três tipos de alumínio, de modo a obter diversos graus de peso e resistência, conforme a necessidade. São de alumínio soleiras, capô, portas e tampa do porta-malas, assim como componentes da suspensão — braços de controle e subchassi dianteiros e mangas de eixo traseiras. As rodas são de alumínio forjado, com a curiosidade de que o mercado brasileiro o recebe com medida superior em 2 pol à básica da Alemanha (19 em vez de 17 pol).
• Um dos recursos da Audi contra as limitações da tração dianteira em um carro esporte é o sistema de vetorização de torque, que freia a roda dianteira interna em curvas, de modo a enviar maior parcela de torque à externa e afastar o subesterço.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo e levantamento |
Diâmetro e curso | 82,5 x 92,8 mm |
Cilindrada | 1.984 cm³ |
Taxa de compressão | 9,6:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 230 cv de 4.500 a 6.200 rpm |
Torque máximo | 37,7 m.kgf de 1.600 a 4.300 rpm |
Potência específica | 115,9 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automatizada de dupla embreagem, 6 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 2,92 / 9 km/h |
2ª. | 1,79 / 14 km/h |
3ª. | 1,19 / 22 km/h |
4ª. | 0,83 / 31 km/h |
5ª. | 0,86 / 42 km/h |
6ª. | 0,69 / 52 km/h |
Relação de diferencial | 4,77 (1ª. a 4ª. marchas) e 3,44 (5ª. e 6ª.) |
Regime a 120 km/h | 2.300 rpm (6ª.) |
Regime à velocidade máxima informada | 6.000 rpm (5ª.) |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (ø ND) |
Traseiros | a disco (ø ND) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,0 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 19 pol |
Pneus | 245/35 ZR 19 Y |
Dimensões | |
Comprimento | 4,177 m |
Largura | 1,832 m |
Altura | ,355 m |
Entre-eixos | 2,505 m |
Bitola dianteira | 1,572 m |
Bitola traseira | 1,552 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,32 |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem | 280 l |
Peso em ordem de marcha | 1.350 kg |
Relação peso-potência | 5,9 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 2 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2016 |
Pneus | Hankook Ventus S1 Evo2 |
Quilometragem inicial | 7.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |