Com esse conversível nas mãos, duvidamos que as novas gerações ainda preferissem curtir a vida pelos eletrônicos
Texto e fotos: Fabrício Samahá
É um fato: os jovens de hoje andam pouco interessados em automóveis. Prazer de dirigir parece um conceito cada dia mais distante desse público, que vê o carro como mero meio de transporte, sem a interação e a satisfação que lhe trazem eletrônicos como celulares, tablets ou mesmo videogames. Não sairia barato, mas temos certeza de que muitos mudariam de ideia se pudessem ter em mãos um Audi TT Roadster.
O belo conversível esportivo de dois lugares, lançado no Salão de Paris de 2014 e um ano depois no Brasil, sintetiza algumas das melhores sensações que se podem ter ao volante, boa parte delas esquecida em meio aos infindáveis congestionamentos de hoje. O Roadster está disponível em duas versões: Ambition, ao preço de R$ 267 mil, com motor quatro-cilindros turboalimentado de 2,0 litros com potência de 230 cv e torque de 37,7 m.kgf, e TTS, por R$ 320 mil, com a mesma unidade ajustada para 286 cv e 38,7 m.kgf (leia avaliação). Não está disponível o acabamento mais simples Attraction, restrito ao cupê.
O TT Roadster esbanja elegância, sem perder a identificação com a primeira geração; faróis de leds e rodas de 19 pol são destaques
Os equipamentos de série do TT Ambition passam por alarme antifurto, bancos com ajuste elétrico, bolsas infláveis laterais, comutação automática de faróis, controlador e limitador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de leds, parada/partida automática do motor, rodas de 19 polegadas, seletor de modos de condução e sistema de áudio MMI Plus com toca-DVDs, disco rígido e navegador. Como opcionais há um pacote de R$ 10.500 com áudio Bang & Olufsen (inclui amplificador de 14 canais e 12 alto-falantes), chave presencial para acesso e partida do motor e sensores de estacionamento também à frente.
O TT foi o primeiro Audi com um recurso que se tem estendido pela marca: o quadro de instrumentos configurável com tela de 12,3 pol
Em qualquer versão, o desenho é um destaque do TT. As formas da terceira geração estão mais angulosas, mas preservam a essência do estilo do primeiro modelo, apresentado em 1995 como cupê de conceito e que chegou ao mercado quatro anos depois na versão Roadster. Entre os pontos altos estão os faróis, as rodas, a tampa do bocal do tanque de combustível inspirada em antigos carros de corrida e o defletor traseiro retrátil, que aparece ao alcançar 120 km/h e pode também ser erguido por botão no painel. Não há faróis de neblina: apenas luzes auxiliares para uso com facho baixo ou alto, que iluminam melhor as laterais da via.
Restrito a dois lugares no Roadster pelo lugar reservado à capota (o TT cupê tem banco traseiro para duas crianças ou uso temporário, o chamado 2+2), o interior mostra o acabamento de qualidade habitual na Audi e combina couro e camurça sintética no revestimento dos bancos. O visual transmite esportividade por toda parte, do volante com base achatada e desenho perfeito ao cinzeiro com aspecto de alumínio. Peculiar é o ar-condicionado com comandos e mostrador dentro dos difusores de ar, parte da estratégia de obter um aspecto interno “limpo”.
Defletor retrátil e arcos de proteção; capota de tecido pode ser acionada a até 50 km/h; tampa de tanque lembra carros de corrida
O motorista dispõe de posição irrepreensível, com volante, pedais e banco bem definidos entre si, ajuste elétrico integral (até mesmo de apoio lombar) e memórias. Como é comum em carros esporte, os ocupantes sentam-se tão baixos que a base das janelas fica à altura do ombro, o que prejudica a visibilidade, mas faz parte da proposta. Embora o retrovisor esquerdo seja um ótimo biconvexo, o direito não é, e acaba mostrando menos do que se gostaria de ver para mudanças de faixa.
O novo TT foi o primeiro Audi com um recurso que se tem estendido pela marca: o quadro de instrumentos digital configurável Virtual Cockpit com uma tela de 12,3 polegadas e alta resolução (1.440 x 540 pixels). O modo básico de exibição simula mostradores analógicos com informações variadas no centro, mas por uma tecla no volante se dá mais espaço à seção central, como para mostrar um grande mapa de navegação em três dimensões e indicadores adicionais como termômetro de óleo lubrificante. Nesse caso aqueles instrumentos ficam menores, o que não afeta o controle da velocidade por haver indicação digital. Não há marcador de pressão do turbo. Fica de fora o modo com o conta-giros no centro, reservado ao TTS.
O sistema é funcional, fácil de configurar e tem leitura impecável mesmo com capota aberta, mas traz uma limitação. Os sistemas de áudio e navegação ajustados pelos controles no console central são visualizados apenas diante do motorista: não há tela no centro do painel, o que os tira do campo visual do passageiro. O áudio em si é dos melhores tanto em qualidade de som e presença de graves quanto em recursos, que abrangem toca-DVDs e conexões auxiliar, duas USBs e duas para cartão SD.
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Desempenho e consumo
O TT revelou boa capacidade de acelerar e retomar em nossa pista, na qual foi medido até 160 km/h, como costumamos fazer com carros mais potentes. Ao acelerar de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos ele ficou apenas 1,2 s atrás do S3 Sedan da mesma marca, que tem 50 cv a mais e tração integral (a dianteira do Roadster, em teoria, torna mais difícil transmitir toda a potência ao solo), e 1,6 s atrás do bem mais potente BMW M135i (320 cv). O A3 Sedan nacional de 220 cv, também com tração apenas à frente, foi 1,3 s mais lento que o TT na mesma prova.
As boas marcas estenderam-se às retomadas, como 6,7 s de 60 a 120 km/h, tempo mais alto que o do S3 em 0,9 s (nesse caso o BMW foi 2,4 s mais rápido) e melhor que o do A3 em 0,4 s. O Roadster mostrou ainda que consome combustível com moderação, como ao rodar 12,2 km/l em nosso trajeto rodoviário.
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 6,8 s |
0 a 120 km/h | 9,1 s |
0 a 160 km/h | 14,5 s |
0 a 400 m | 14,9 s |
Retomada | |
60 a 100 km/h* | 5,3 s |
60 a 120 km/h* | 6,7 s |
80 a 120 km/h* | 5,0 s |
80 a 160 km/h* | 11,4 s |
Consumo | |
Trajeto leve em cidade | 11,8 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 6,3 km/l |
Trajeto em rodovia | 12,2 km/l |
Autonomia | |
Trajeto leve em cidade | 531 km |
Trajeto exigente em cidade | 284 km |
Trajeto em rodovia | 549 km |
Testes efetuados com gasolina; *com reduções automáticas; conheça nossos métodos de medição |
Dados do fabricante
Velocidade máxima | 250 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,1 s |
Consumo não disponível |
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