Acessórios e rodas de até 17 pol realçam a esportividade do HGT, que usa motor de 1,75 litro e calibração própria de suspensão; capacidade de bagagem é de 300 litros
As duas versões superiores adotam o E-Torq em sua última fase, a Evo VIS, que associa variação de tempo de abertura das válvulas e coletor de admissão variável, como no Jeep Renegade 2017 e na Toro 2018. Com melhor distribuição de torque que na versão original usada no Punto, esse motor de quatro válvulas por cilindro obtém 135/139 cv e 18,8/19,3 m.kgf. São boas marcas para um carro de 1.243 kg (com caixa manual), que o habilitam a acelerar de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e atingir velocidade máxima de 192 km/h com álcool.
A alternativa para dispensar o pedal de embreagem nessas versões, para alívio de muitos, é uma caixa automática tradicional com conversor de torque e seis marchas, a mesma da Toro, oferecida pela primeira vez em um automóvel nacional da Fiat (o 500 já usava). Ela traz função neutra, que desacopla a transmissão com o carro parado e freado (para reduzir consumo), e permite mudanças manuais com comandos junto ao volante, a exemplo da automatizada. Não há programa esportivo. Todos os motores têm parada/partida automática com botão de desativação, preaquecimento de álcool para partida a frio e acionamento do comando por corrente.
Por que não uma unidade turboalimentada? Afinal, a Fiat foi pioneira em automóveis nacionais em 1994 (Uno, seguido de Tempra) e tem longa tradição em motores turbo, que hoje encontram aceitação bem maior no mercado. A marca admite que é uma tendência, mas que no momento não se justificaria do ponto de vista mercadológico.
Interior do HGT vem com faixa vermelha e pode ter bancos de couro; tela de 7 pol nos instrumentos vem também no Precision; ar-condicionado é automático
Embora simples em concepção, o Argo surge atualizado em termos técnicos. A direção tem assistência elétrica (era hidráulica nos antecessores) e há recursos eletrônicos comuns no mercado atual, mas ausentes de Palio e Punto, como monitoramento indireto da pressão dos pneus (exceto 1,0), controle de estabilidade e tração e assistente de saída em rampa (versões 1,3 GSR e 1,75). Itens de segurança como fixação Isofix para cadeira infantil e cintos de três pontos para os cinco ocupantes estão em toda a linha, mas bolsas infláveis laterais são opcionais só para as 1,75 e não há cortinas.
As impressões com o Precision são agradáveis, com rodar macio e silencioso e volante leve em uso urbano; nas curvas, revelou chassi bem projetado e pneus de grande aderência
As suspensões seguem conceitos consagrados, dianteira McPherson e traseira com eixo de torção. No HGT todas as definições são mais esportivas — as quatro molas e amortecedores e o estabilizador dianteiro —, assim como a calibração do controle de estabilidade e da assistência de direção; os freios dianteiros usam discos de maior diâmetro (são ventilados também no Precision) e podem ser aplicadas rodas de 17 pol.
Ao volante do Argo
No lançamento em São Paulo, SP, foi possível dirigir as versões Drive 1,3 manual, Precision 1,75 automática e HGT 1,75 manual do Argo. Infelizmente, só tivemos o Precision para o melhor dos trajetos: uma viagem de 170 km pela Rodovia Castello Branco e pela sinuosa Estrada dos Romeiros. Os outros dois foram dirigidos em breve circuito urbano.
Motor 1,75 (foto maior) e a caixa automática de seis marchas são os mesmos da Toro; para o Firefly 1,3 há opção da automatizada GSR de cinco marchas
As primeiras impressões ao volante são agradáveis, com rodar macio e silencioso, volante bem leve em uso urbano e comandos suaves. O motor 1,75 não chega a ser brilhante em desempenho pelo peso elevado, acima de 1.200 kg, mas produz pouco ruído em viagem; a 120 km/h em sexta está a apenas 2.400 rpm. Ao elevar as rotações (pode ir a 6.200 rpm) se torna barulhento, sem vibração excessiva.
Na Estrada dos Romeiros, o Argo revelou um chassi bem projetado, que o deixa “na mão” ao tomar as curvas. É grande a aderência dos pneus Continental de 16 pol e o controle de estabilidade só atua em condições realmente críticas. No entanto, essa versão não parecia à vontade naquele uso empolgado: há mais movimentos de carroceria do que o ideal e a direção parece leve ao andar forte ou mesmo em velocidade mais alta em rodovia. O acerto do HGT seria, sem dúvida, mais apropriado às condições.
Outra crítica vai à indecisão da caixa: às vezes, pelo comando do acelerador, reduz marchas e eleva muito os giros sem necessidade para logo após passar a uma marcha superior. Aplicado o modo manual evita-se essa sucessão de mudanças, mas não por inteiro: ao chegar ao fim de curso do pedal a redução vem de qualquer forma. Seria oportuno um batente definido, como algumas marcas usam, para o motorista saber quanto pode pisar sem baixar marchas. Ponto positivo da automática, porém, é a decisão correta de reduzir quando se corta a aceleração em declives.
Série de lançamento Mopar Opening Edition é o HGT com caixa automática, teto e retrovisores pretos, rodas escurecidas e plano de revisões gratuitas
Passamos ao HGT manual. O motor fica mais “alegre” e combina com o acerto esportivo do conjunto, que no caso usava pneus 16 como os do Precision. O rodar mais firme não penaliza o conforto em piso ondulado, qualidade herdada do Punto equivalente. Poderia ser melhor o comando da caixa, macio mas um pouco vago, típico dos Fiats. Engatar a marcha à ré requer uso de anel-trava. A rotação a 120 km/h em quinta fica por volta de 3.000 rpm.
Por fim, o Drive 1,3 também manual. Grata surpresa: o motor traz desenvoltura no uso urbano, faz pouco ruído nas rotações mais comuns e “gira” muito macio. A 120 seriam cerca de 3.300 rpm, regime adequado à cilindrada. Com suspensão suave como a do Precision, ele é mais simples por dentro, mas deixa a sensação de um carro atualizado e bem projetado.
No conjunto, o Argo nos convenceu. Percebe-se que a Fiat não buscou inovar no desenho ou na técnica, mas fazer bem feito um carro competitivo com os mais vendidos da classe — e capaz de superá-los em alguns quesitos, como a oferta de itens de segurança e de motor mais potente. Tudo indica que os tempos de coadjuvante nesse segmento ficarão no passado.
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Ficha técnica
Argo Drive 1,0 | Argo Drive 1,3 | Argo HGT 1,75 | |
Motor | |||
Posição | transversal | ||
Cilindros | 3 em linha | 4 em linha | |
Comando de válvulas | no cabeçote | ||
Válvulas por cilindro | 2, variação de tempo | 4, variação de tempo | |
Diâmetro e curso | 70 x 86,5 mm | 80,5 x 85,8 mm | |
Cilindrada | 999 cm³ | 1.332 cm³ | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 13,2:1 | 12,5:1 | |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | ||
Potência máxima | 72 cv a 6.000 rpm/ 77 cv a 6.250 rpm | 101 cv a 6.000 rpm/ 109 cv a 6.250 rpm | 135/139 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo | 10,4/10,9 m.kgf a 3.250 rpm | 13,7/14,2 m.kgf a 3.500 rpm | 18,8/19,3 m.kgf a 3.750 rpm |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 | manual ou automatizada, 5 | manual, 5 ou automática, 6 |
Tração | dianteira | ||
Freios | |||
Dianteiros | a disco | a disco ventilado | |
Traseiros | a tambor | ||
Antitravamento (ABS) | sim | ||
Direção | |||
Sistema | pinhão e cremalheira | ||
Assistência | elétrica | ||
Suspensão | |||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | ||
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | ||
Rodas | |||
Dimensões | 5,5 x 14 pol | 16 pol* | |
Pneus | 175/65 R 14 | 195/55 R 16* | |
Dimensões | |||
Comprimento | 3,998 m | 4,00 m | |
Largura | 1,724 m | 1,75 m | |
Altura | 1,50 m | ||
Entre-eixos | 2,521 m | ||
Capacidades e peso | |||
Tanque de combustível | 48 l | ||
Compartimento de bagagem | 300 l | ||
Peso em ordem de marcha | 1.105 kg | 1.140 kg (man.), 1.148 kg (aut.) | 1.243 kg (man.), 1.279 kg (aut.) |
Desempenho e consumo (caixa manual) | |||
Velocidade máxima | 157/162 km/h | 180/184 km/h | 190/192 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 14,4/13,4 s | 11,8/10,8 s | 9,6/9,2 s |
Consumo em cidade | 14,2/9,9 km/l | 12,9/9,2 km/l | 11,4/7,8 km/l |
Consumo em rodovia | 15,1/10,7 km/l | 14,3/10,2 km/l | 13,3/9,2 km/l |
Desempenho e consumo (caixa automatizada ou automática) | |||
Velocidade máxima | 180/184 km/h | 189/191 km/h | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,8/10,8 s | 11,1/10,4 s | |
Consumo em cidade | 12,7/8,9 km/l | 9,9/7,0 km/l | |
Consumo em rodovia | 14,4/10,0 km/l | 12,8/9,1 km/l | |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; na versão Precision, rodas de 15 pol e pneus 185/60 R 15 |