Derivado do Toyota RAV4, utilitário esporte de luxo anda bem
e revela sofisticação para competir com adversários estabelecidos
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
As operações ainda um tanto tímidas da Lexus — divisão de prestígio da Toyota — no Brasil ganham um reforço com um utilitário esporte de tamanho médio, menor que o RX 350: o NX 200T, que chega para concorrer com modelos como Audi Q3, BMW X1 e X3, Range Rover Evoque e Volvo XC60. A versão básica tem preço sugerido de R$ 216.300, que passa a R$ 236.900 com o pacote F-Sport.
O conteúdo de série, coerente com a faixa de preços, abrange 10 bolsas infláveis (frontais, laterais à frente e atrás, cortinas e para proteção dos joelhos de motorista e passageiro ao lado), controle eletrônico de estabilidade, faróis principais e de neblina com leds, rodas de 17 polegadas, câmbio automático de seis marchas, sistema multimídia com tela de 7 pol, navegador, toca-DVDs e TV digital, ar-condicionado automático de duas zonas, seletor de modos de direção, aquecimento e resfriamento dos bancos, teto solar com acionamento elétrico, bancos dianteiros com ajustes elétricos, câmera traseira para manobras e monitor de ponto cego.
Faróis de leds, grade em forma de carretel e lanternas traseiras
compõem o desenho ousado do NX, mais baixo que o RAV4
O pacote F-Sport acrescenta rodas de 18 pol, grade dianteira em padrão colmeia, portas e painel central com acabamento em aço escovado, bancos de couro nas cores vermelho e preto, pedais de alumínio, projeção de informações no para-brisa, teto solar panorâmico, suspensão adaptativa e modo de condução Sport+.
Alguns equipamentos não chegaram
ao Brasil, como controlador da distância
à frente e assistente para estacionar
Considerando suas dimensões e o único motor oferecido pela Lexus — o turbo de 2,0 litros e quatro cilindros com potência de 238 cv —, os concorrentes abrangem o Q3 Ambition (R$ 180 mil), o X1 SDrive 28i GP Sport (R$ 183.950), o X3 XDrive 20i (R$ 206.950), o Evoque em versões Pure Tech (R$ 193.500) e Prestige (R$ 218 mil) e o XC60 T5 R-Design (R$ 193.950). Os adversários da Audi e da Volvo oferecem também versões mais potentes (o RS Q3 e o XC60 T6), mas de preço superior, e o Evoque pode ir bem mais longe em termos de valor nas versões Prestige Tech e Dynamic Tech.
Como tem sido regra nos mais recentes modelos da Lexus, a ampla grade em forma de carretel domina o aspecto frontal do NX, ladeada por faróis de leds, recurso usado também nas luzes de neblina. As laterais recorrem a vincos marcantes e a uma linha de cintura tão alta que os passageiros do banco de trás ficam reduzidos a uma pequena janela. A traseira usa um vidro mais inclinado que o usual na categoria, tudo concorrendo para um aspecto bastante esportivo e ousado. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,33 é muito bom para o tipo de veículo.
Entre as diferenças visuais do pacote F-Sport estão rodas de 18 pol,
grade colmeia e teto solar maior; a suspensão torna-se adaptativa
Derivado da plataforma do Toyota RAV4, o NX mede 4,63 metros de comprimento, 1,845 m de largura, 1,645 m de altura e 2,66 m de entre-eixos, sendo 6 cm mais longo e 7 cm mais baixo que o modelo de origem (as demais medidas são iguais). O interior destaca-se pelo cuidadoso acabamento, à altura do preço cobrado. O couro dos bancos, console e revestimento das portas tem um toque muito macio e o sistema de ajustes do banco do motorista, todo elétrico e com memória, assim como do volante, torna muito fácil encontrar a posição ideal de dirigir.
O painel de instrumentos traz muita informação, mas é fácil e rápido de visualizar. Os recursos incluem mostradores de pressão dos pneus e, no F-Sport, de aceleração (força gravitacional) longitudinal e transversal e pressão de turbo. O sistema multimídia usa tela de sete polegadas para áudio, vídeo (com toca-DVDs e televisão digital), navegação, telefonia e computador de bordo. Sua operação pode ser feita por um painel tátil, como o que substitui o mouse em computadores portáteis. Só um pouco estranho o posicionamento da alavanca de câmbio, que parece feita para carros com volante do lado direito. Tanto o espaço para os passageiros quanto o volume útil de bagagem, 580 litros até a cobertura, são adequados à categoria.
Alguns equipamentos oferecidos no exterior não chegaram à versão brasileira. São os casos de controlador da distância ao tráfego adiante, monitor do risco de colisão frontal, comutação automática do facho dos faróis (usa o alto apenas quando não há risco de ofuscar outro motorista), assistente para estacionamento, alerta para saída da faixa de rolamento, reclinação elétrica do banco traseiro e quinta porta com abertura e fechamento motorizados.
Mostrado no F-Sport com o couro em dois tons, o interior mostra ótimo
acabamento e traz sistema multimídia com navegador, TV e DVD
O primeiro turbo da marca
O NX 200T usa um motor inédito no grupo, o primeiro turbo a gasolina da Lexus. Com injeção direta de gasolina, turbina de duplo fluxo e variação de tempo de válvulas de admissão e escapamento, desenvolve 238 cv e o torque de 35,7 m.kgf constante entre 1.650 e 4.000 rpm. Um arranjo dos comandos permite retardar o fechamento das válvulas de admissão, como no ciclo Atkinson, o que reduz as perdas por bombeamento e aumenta a eficiência. Outros mercados dispõem de uma versão híbrida, o NX 300H, com um 2,5-litros associado a motor elétrico.
A caixa de câmbio automática de seis marchas pode parecer antiquada no cenário atual, em que a concorrência usa até nove; mudanças manuais podem ser feitas pelos comandos no volante. O seletor de modos de condução altera diversos parâmetros — resposta do acelerador, assistência de direção, mudanças de marcha automáticas — entre os modos Eco, Normal e Sport, do mais favorável à economia ao focado em desempenho.
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O 2,0-litros de 238 cv do NX marca a estreia do turbo na Lexus; a
tração integral envia até 50% do torque para a traseira
A tração integral, que não oferece qualquer interação ao motorista, transmite torque apenas às rodas dianteiras em condições normais, mas pode enviar até 50% às traseiras (ou qualquer percentual nesse intervalo) se necessário por meio de acoplamento eletromagnético junto ao diferencial posterior. As suspensões seguem os conceitos do RAV4, dianteira McPherson e traseira independente com braços sobrepostos.
A promessa de esportividade se confirmou
e, apesar da 1,8 tonelada, logo se
perde a impressão de um carro pesado
A avaliação do NX 200T pela imprensa deu-se na pista da Fazenda Capuava, em Vinhedo, interior paulista — espaço um tanto restrito para analisar um utilitário esporte, mas que permitiu levá-lo ao limite em curvas. A promessa de ser mais um esportivo que um utilitário se confirmou. O motor é extremamente silencioso, com baixo índice de vibração e, apesar da mais de 1,8 tonelada, assim que ele começa a se deslocar desaparece a impressão de um carro pesado.
O NX 200T comporta-se bem, tem desempenho apropriado e produz
pouco ruído; painel do F-Sport mostraforça g e pressão de turbo
Nas primeiras curvas os pneus já avisaram que o limite seria bem acima do que imaginávamos para um carro de sua altura. Forçamos algumas delas e a rolagem da carroceria ficou abaixo do que se poderia esperar para um SUV. O controle eletrônico de estabilidade revelou boa calibração, atuando na medida para evitar uma vergonhosa rodada ou saída da pista, mas não aconselhamos desligá-los. Também impressionou a frenagem, mesmo no limite de entrada do sistema antitravamento (ABS). À primeira vista o freio parece “borrachudo” porque o curso do pedal é longo, mas mantém uma capacidade de frenagem segura mesmo após uso severo.
Embora tenha faltado uma avaliação em vias públicas para analisar o NX em sua utilização natural, a sensação na reta da pista foi de um carro agradável e silencioso, com motor que a 120 km/h em quinta marcha mantém moderadas 2.100 rpm. Segundo o fabricante, o consumo médio é de 9,2 km/l. Embora o desempenho não seja divulgado aqui, no exterior a aceleração de 0 a 100 km/h requer 7 segundos.
A expectativa da Lexus é atingir a venda de 100 unidades do NX 200T por mês “a médio prazo”, um incremento expressivo ao total alcançado pela marca no ano passado, de apenas 240 veículos. A julgar pelo gosto de muitos brasileiros pelos utilitários esporte — e pelo êxito de vendas de concorrentes de estilo também ousado, como o Evoque —, ele pode ser o que faltava para a divisão decolar no mercado nacional.
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Ficha técnica
Motor |
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Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 86 x 86 mm |
Cilindrada | 1.998 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 237 cv a 5.600 rpm |
Torque máximo | 35,7 m.kgf de 1.650 a 4.000 rpm |
Transmissão |
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Tipo de câmbio e marchas | automático, 6 |
Tração | integral |
Freios |
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Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção |
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Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão |
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Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal |
Rodas |
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Dimensões | 7,5 x 18 pol |
Pneus | 235/55 R 18 |
Dimensões |
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Comprimento | 4,63 m |
Largura | 1,845 m |
Altura | 1,645 m |
Entre-eixos | 2,66 m |
Capacidades e peso |
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Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 580 l |
Peso em ordem de marcha | 1.850 kg |
Desempenho e consumo |
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Não disponíveis | |
Dados do fabricante para pacote F-Sport |