Mitsubishi Outlander muda de novo e ganha um diesel

 

Utilitário esporte adota estilo mais imponente na linha 2016,
que traz a inédita opção de motor turbodiesel de 165 cv

Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação

 

Menos de dois anos após o lançamento da terceira geração do Outlander no Brasil, em agosto de 2013, a Mitsubishi já apresenta uma reforma visual para o utilitário esporte, apresentada em abril no Salão de Nova York. As mudanças de estilo vêm acompanhadas do primeiro motor a diesel oferecido no modelo.

Designado como New Outlander (talvez porque “novo” não parecesse novo o bastante…), o modelo 2016 passa a oferecer quatro versões: com motor de 2,0 litros e quatro cilindros, potência de 160 cv e torque de 20,1 m.kgf; com o V6 de 3,0 litros, 240 cv e 31 m.kgf em acabamentos GT e GT Pack; e o turbodiesel de 2,3 litros e quatro cilindros, com 165 cv e 36,7 m.kgf. O 2,0-litros tem cinco lugares, câmbio automático de variação contínua e tração dianteira; os demais, sete lugares, caixa automática tradicional de seis marchas e tração integral (confira os equipamentos de cada versão no quadro abaixo).

Inspirado no conceito XR-PHEV, o Outlander ganhou uma frente imponente, com grade e emblema maiores e mais elementos cromados — parece que não agradou o desenho “limpo” do anterior em uma época na qual os exageros estão em voga. As versões a diesel e GT Pack ganham faróis por leds no facho baixo, enquanto as outras continuam com lâmpadas halógenas. Na traseira, as novas lanternas também usam leds e assumem o tom vermelho como padrão, sem a ampla área cromada das anteriores. Não foi preciso mexer em painéis metálicos, o que acarretaria maior custo.

 

 
Mais cromados e adornos substituem aspecto limpo na frente do
Outlander; a versão a diesel vem completa e é a mais cara da linha

 

Por dentro as alterações foram sutis, como detalhes de acabamento cromados e em preto brilhante, volante com empunhadura revista e melhorias no isolamento acústico. O motor a diesel, dotado de quatro válvulas por cilindro e turbina de geometria variável, desenvolve o torque máximo (36,7 m.kgf) na faixa entre 1.500 e 2.750 rpm. A Mitsubishi afirma ainda ter aprimorado o câmbio CVT da versão de 2,0 litros, os amortecedores traseiros e a calibração da direção.

 

Mesmo que não se trate de um carro pensado para trilhas radicais, ele atende bem a quem precisa superar trechos de terra ou lama com a família

 

Ao volante

O Best Cars avaliou o Outlander 2016 no autódromo Velocittá, de propriedade da Mitsubishi e palco de muitos eventos esportivos. A primeira constatação com a nova versão a diesel é: esqueça o que já ouviu sobre veículos a diesel. O 2,3-litros encerra os preconceitos que ainda poderiam existir sobre o tipo de motor, pela notável suavidade de funcionamento e o baixo nível de ruído.

Dirigimos o utilitário esporte em uma pista de terra com obstáculos, na rodovia e até no autódromo, e ele confirmou sua grande versatilidade. Apenas a versão a diesel estava disponível, mas as impressões obtidas com o V6 em 2013 permanecem, em regra, válidas. O acabamento interno e o conforto dos bancos são adequados a um produto de R$ 174 mil e há numerosos itens de conveniência e segurança.

 

 
A traseira recebeu lanternas com mais vermelho; no interior de sete
lugares da versão, apenas detalhes de acabamento foram revistos

 

Foi feita uma simulação para medir o ângulo de esterço, que é muito bom para um carro de 4,7 metros. Na pista, surpreendeu o comportamento em curva, acima do esperado para um carro tão alto (1,68 m) e pesado (1.640 kg). Decerto que os pneus 255/55 R 18 têm boa dose de responsabilidade por essa eficiência. No limite percebe-se a inclinação da carroceria e os esforços da suspensão; mesmo assim, o carro passa uma sensação de segurança desejável em um modelo feito para a família.

 

 

O desempenho do motor a diesel foi muito bom, com atuação correta do câmbio, embora preferíssemos que os comandos de troca de marchas acompanhassem o volante em vez de ser fixos à coluna de direção. Em sexta marcha o motor manteve a rotação de 2.100 rpm a 120 km/h e, graças ao citado trabalho de isolamento acústico, ficou tão silencioso que realçou outros ruídos, como dos pneus e do vento passando pela coluna dianteira.

Para testar os vários componentes de segurança foi montado um circuito com slalom, frenagem, avaliações de controle de estabilidade e “desvio do alce” — mas nada ainda surpreende nesses sistemas eletrônicos, cada vez mais presentes em produtos dessa faixa de preço. Nos trechos fora de estrada o Outlander fez jus à fama da marca, várias vezes campeã dos mais severos ralis do mundo. O rodar é confortável e transmite robustez. Mesmo em condições de baixa aderência, o sistema ABS atua de forma confiável, sem liberar em demasia a força de frenagem.

 

 
Com alto torque e funcionamento suave, o 2,3-litros mostrou-se boa
opção para a estrada e fora dela, mas cabe considerar seu custo elevado

 

Pudemos testar as três opções de tração — 4×2, 4×4 sob demanda e 4×4 bloqueado — e, mesmo que não se trate de um carro pensado para trilhas radicais, ele atende muito bem ao usuário que tem sítio e precisa superar trechos de terra ou lama com a família dentro. Embora o tanque de combustível de 60 litros não esteja à altura do tipo de veículo (deveria ser maior, ao menos para o V6), a economia do motor a diesel resulta em grande autonomia. O que cabe considerar é se vale a pena pagar R$ 22 mil a mais que o V6 completo por essa versão.

Com um porta-malas gigantesco (na configuração para cinco pessoas) e uma terceira fileira de bancos razoável para adultos de baixa estatura, com cinto de três pontos e encosto de cabeça para todos, é realmente um carro 100% família. Por ser fácil de dirigir, vai agradar ao público feminino, que dispõe ainda de itens interessantes como o acionamento elétrico para abrir e fechar a tampa do porta-malas, sem correr o risco de riscar o esmalte da unha.

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