Fiat Strada Volcano anda bem e é forte em custo-benefício

Motor Firefly traz agilidade à versão de topo, que se opõe à VW Saveiro Cross com preço bem menor

Texto e fotos: Fabrício Samahá



Depois da versão Endurance, “nova pela metade” por manter o antigo motor Fire, chegou a hora de avaliarmos uma Fiat Strada “nova por inteiro”: a topo de linha Volcano, que traz pela primeira vez na picape o motor Firefly de 1,35 litro, além de novidades técnicas e de conteúdo que a opção de entrada deixa de fora por questão de custos.

Custos em termos: como concluímos na avaliação da Endurance, não há razão para que ela seja a escolhida pelo comprador da nova Strada, a menos que ele usufrua o maior desconto concedido na venda direta a frotistas, empresas e produtores rurais. Isso porque o preço público sugerido da picape mais simples, quando dotada de opcionais, chega a superar o valor da versão de topo com os mesmos equipamentos. Quem pagaria mais por bem menos?

Vejamos, então, como se sai a Strada Volcano — em sua única configuração, a de cabine dupla e quatro portas — na análise em 10 itens. O preço sugerido é de R$ 80 mil com as rodas de série, como avaliada.

O novo desenho da Strada fica melhor com os faróis de leds e as rodas da versão de topo; lanternas traseiras inspiram-se nas da Toro



Estilo
Sem o para-choque dianteiro em preto fosco da Endurance, com modernos faróis de leds e belas rodas de alumínio, a Strada Volcano transmite impressão bem melhor. O desenho em si tem partes atraentes, como a traseira inspirada na da Toro, mas deixa claro que uma carroceria estreita ganhou largos para-lamas, o que a faz estranha de alguns ângulos.





Acabamento e conveniência
O visual interno da Volcano é praticamente o mesmo da Endurance, beneficiado apenas pela bonita seleção de materiais (tecidos diversos e revestimento sintético) aplicados aos bancos e o volante que simula couro. É um ambiente simples, mas os plásticos têm bom aspecto.

Nos itens de conveniências — que superam por pouco os da outra versão — destacam-se alerta para uso de cinto para motorista e passageiro, alerta programável para excesso de velocidade, assistente para saída em rampa, comandos de áudio e do computador de bordo no volante, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos, temporizador, fechamento automático ao travar o carro e comando a distância para abertura; câmera traseira de manobras, comando da tampa do tanque integrado à trava das portas, duas tomadas USB (uma acessível aos passageiros de trás), espelho em ambos os para-sóis, indicador específico de qual porta está mal fechada, mostrador de temperatura externa, sensores de estacionamento na traseira e vários bons espaços abertos para objetos.



Bonito revestimento é a principal diferença interna da Volcano; encostos dianteiros podem melhorar; banco traseiro ganhou espaço



A central de áudio com tela de sete polegadas e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play (que dispensam cabo se o telefone for compatível) é prática de usar. Como na outra versão, falta luz de cortesia para o banco traseiro e sobra um pouco dos vidros dianteiros quando abaixados.

Houve ganho apreciável em espaço aos passageiros da traseira na nova Strada, mas não espere encontrar o conforto de um automóvel


Posto do motorista
A posição de dirigir oferece relativo conforto, com volante bem desenhado e banco adequado, ambos ajustáveis em altura. Deveria melhorar o encosto duro e de pouco apoio lombar, que cansa as costas em viagens. Os instrumentos trazem computador de bordo com dois trajetos, repetidor digital do velocímetro, indicador de horas de uso do motor e alerta de perda de pressão de pneus (sem indicar qual deles).

Em vez dos limitados faróis de refletor único das demais versões, a Volcano traz ótimos conjuntos de leds, com luz branca e eficaz, que mantêm o facho baixo aceso quando se liga o alto. Ela também tem luzes diurnas, faróis de neblina (sem a luz traseira) e repetidores laterais de luzes de direção. Apesar dos bons retrovisores, as colunas dianteiras um tanto largas trazem prejuízo ao campo visual.

Boa central de áudio com interface sem fio para celular, controle de tração TC+, segunda tomada USB, indicador de horas do motor, monitor de pressão dos pneus



Espaço interno
Houve ganho apreciável em espaço aos passageiros da traseira na nova Strada, um bom feito ao se notar que a caçamba também cresceu e o comprimento é quase o mesmo de antes. Mesmo assim, não espere encontrar o conforto de um automóvel, compacto que seja: largura e vão para pernas são escassos e o encosto fica mais vertical. O espaço de cabeças, por outro lado, é bom.





Caçamba
Com o aumento de capacidade em 164 litros, a caçamba da Strada agora comporta 844 litros até as bordas, mantendo a capacidade em peso de 650 kg. Essa versão vem com cobertura marítima, que protege a carga e favorece a aerodinâmica, e o acionamento bem leve da tampa não deixa saudades da antiga. Uma luz na lateral direita é acionada no painel. O estepe sob a caçamba, na Volcano, é do tipo temporário.


Caçamba está bem maior e tampa traseira é leve; a Volcano traz “santantônio” esportivo e estepe temporário; note o perfil do eixo


Próxima parte


Preços

Sem opcionais  R$ 79.990
Como avaliado  R$ 79.990
Completo  R$ 84.990
Preços sugeridos em 17/8/20 para São Paulo, SP; apenas o preço completo inclui pinturas especiais

Equipamentos de série e opcionais

• Strada Volcano – Alarme, ar-condicionado, assistente de partida em rampa, banco do motorista com ajuste de altura, bancos com revestimento sintético e de tecido, bloqueio eletrônico de diferencial, bolsas infláveis laterais dianteiras, câmera traseira de manobras, capota marítima na caçamba, central de áudio com tela de 7 pol e integração a celular sem fio, computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade e tração, direção assistida elétrica, faróis de leds com luzes diurnas, faróis de neblina, monitor de pressão dos pneus, rodas de alumínio de 15 pol, sensor de estacionamento traseiro, volante com ajuste de altura.

• Opcional – Rodas de alumínio de 16 pol.

• Garantia – Três anos sem limite de quilometragem.

Próxima parte


Motor Firefly de 101 cv (gasolina) trouxe desempenho próximo ao do antigo E-Torq de 130 cv; precisão da transmissão é melhorável

Motor e desempenho
As duas versões superiores da Strada usam o mais moderno motor Firefly, que não chega a ser sofisticado — tem apenas duas válvulas por cilindro, por exemplo —, mas usa boas soluções como bloco de alumínio e acionamento do comando de válvulas por meio de corrente. Ele supera o antigo Fire em suavidade de operação, potência e torque, com 109 cv e 14,2 m.kgf com álcool.

Mesmo que com gasolina (nosso padrão de teste) os valores caiam para 101 cv e 13,7 m.kgf, seu desempenho melhora bastante: a Volcano acelerou de 0 a 100 km/h em 12,6 segundos, contra 14,1 s da Endurance, e ficou apenas 0,2 s atrás da antiga Adventure com motor E-Torq de 1,75 litro (130 cv) e transmissão automatizada Dualogic. A redução de peso em relação àquela versão anterior, em expressivos 110 kg, explica em boa parte o resultado.

Como pontos negativos, as relações de marcha curtas resultam em alta rotação em viagem (quase 4.000 rpm a 120 km/h em quinta) e ruídos mecânicos como um todo são bem notados no interior. A Volcano também mostra um incômodo frequente nos Fiats: o pedal acelerador tem começo de curso um tanto abrupto, que abre em grande parte a borboleta. Isso torna desafiadora uma saída em baixa velocidade e faz um bom motorista parecer habilitado ontem. A transmissão de engates leves poderia melhorar em precisão.

Eixo traseiro rígido cobra seu preço em conforto de rodagem, mas a Volcano nos pareceu melhor na absorção de irregularidades

Consumo
Menos peso e motor mais eficiente deixaram a Volcano bem mais econômica em cidade que a Adventure anterior: fez 15 km/l de gasolina no trajeto urbano mais leve e 12,9 no rodoviário, ante 12 e 12,7 km/l do modelo antigo. Como se nota, em velocidades mais altas o motor de 1,35 litro anula em boa parte sua vantagem sobre o 1,75 de antes.

Seu desempenho melhora bastante com esse motor: de 0 a 100 km/h em 12,6 segundos contra 14,1 s da Endurance e 12,4 s da antiga Adventure

Comportamento dinâmico
Quando o comprador da Strada Volcano não escolhe as rodas opcionais de 16 polegadas, os pneus são de uso misto, Pirelli Scorpion ATR no caso — não de asfalto como os da Endurance —, o que traz algumas consequências ao comportamento dinâmico. Apesar do bom controle pelos amortecedores, a sensação em curvas rápidas é de resposta menos precisa, com maior subesterço e mais tempo para o comando dado ao volante se refletir em mudanças de direção. Nada que comprometa a segurança: com a devida precaução, pode ser dirigida como qualquer carro, além de agora dispor de controle eletrônico de estabilidade.

Em termos de conforto essa versão nos pareceu um pouco melhor na absorção de pequenos impactos — talvez por variações de produção, já que as suspensões não mudam e os pneus mistos seriam, em tese, até mais firmes. Mas não se engane: a traseira dura deixa claro que se tem um eixo rígido com molas parabólicas e grande capacidade de carga. Aqui, nada de automóvel.

Pneus de uso misto deixam respostas de direção menos precisas; faróis de leds mantêm facho baixo quando se aciona o alto

A Strada oferece grande vão livre do solo, freios apropriados e um novo controle de tração ajustável, o TC+. Quando se aciona o botão no painel, o sistema busca manter as rodas dianteiras tracionando por igual, como em um bloqueio parcial do diferencial, mesmo que ambas patinem em um pouco em certos tipos de terreno — o que às vezes é necessário para manter o carro em movimento, como em lama e areia.

Na Volcano a direção adota nova assistência elétrica, preferível tanto pelo menor peso em manobras quanto pela ausência de manutenção (não usa fluido como a hidráulica). Em velocidade o volante ganha peso apropriado. O diâmetro de giro poderia ser menor para o comprimento da picape.

Segurança passiva
Nada muda aqui em relação à Endurance: bolsas infláveis laterais dianteiras (com proteção também à cabeça) são itens de série, assim como os recursos hoje exigidos por lei: fixação Isofix para cadeiras infantis, encostos de cabeça e cintos de três pontos para os cinco ocupantes.

Com muito mais que a versão Endurance por preço semelhante, a Volcano leva boa vantagem em custo-benefício sobre a Saveiro Cross

Custo-benefício
O preço de R$ 80 mil da Strada Volcano (sem as rodas opcionais de 16 pol) faz dela uma opção atraente não apenas diante da versão Endurance, mas também da concorrente mais direta, a Volkswagen Saveiro. Nessa faixa de valor a rival fica limitada à versão de entrada Robust com pacote de opcionais, que custa R$ 80.890 com conteúdo bem menor: não tem controle de estabilidade, bolsas infláveis laterais, cobertura marítima, rodas de alumínio ou qualquer sistema de áudio.

Para ter os principais desses itens é preciso optar pela Saveiro de topo, a Cross, cujo preço salta para R$ 92.690 — mesmo assim, sem as bolsas laterais e com apenas duas portas. Apesar do melhor desempenho da picape Volkswagen, que tem 110/120 cv no motor 1,6 de 16 válvulas, e de alguns itens que faltam à Fiat, como controlador de velocidade e freios traseiros a disco, parece difícil justificar tamanha diferença.

Uma alternativa é a Renault Duster Oroch, cuja versão Dynamique de 1,6 litro e 118/120 cv custa R$ 80.690. É uma picape maior e mais espaçosa, mas de projeto antigo e com menos equipamentos que a Strada — faltam bolsas laterais, controle de estabilidade e câmera traseira, entre outros. Tudo isso deixa a Strada Volcano com boa relação custo-benefício na categoria.

Mais Avaliações

Nossas notas

Estilo 3
Acabamento e conveniência 4
Posto do motorista 3
Espaço interno 3
Caçamba 4
Motor e desempenho 4
Consumo 4
Comportamento dinâmico 3
Segurança passiva 4
Custo-benefício 4
Média 3,6
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Desempenho e consumo

Aceleração
0 a 100 km/h 12,6 s
0 a 120 km/h 19,0 s
0 a 400 m 18,7 s
Retomada
60 a 100 km/h (3ª.) 7,4 s
60 a 100 km/h (4ª.) 11,2 s
60 a 120 km/h (4ª.) 17,7 s
80 a 120 km/h (4ª.) 12,6 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 15,0 km/l
Trajeto exigente em cidade 8,4 km/l
Trajeto em rodovia 12,9 km/l
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Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas no cabeçote
Válvulas por cilindro 2, variação de tempo
Diâmetro e curso 70 x 86,5 mm
Cilindrada 1.332 cm³
Taxa de compressão 13,2:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 101/109 cv a 6.250 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 13,7/14,2 m.kgf a 3.500 rpm
Transmissão
Tipo de caixa e marchas manual, 5
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a tambor
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo rígido, mola semielíptica
Rodas
Dimensões 15 pol
Pneus 205/60 R 15
Dimensões
Comprimento 4,48 m
Largura 1,732 m
Altura 1,595 m
Entre-eixos 2,737 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 55 l
Caçamba 844 l
Peso em ordem de marcha 1.174 kg
Desempenho e consumo (gas./álc.)
Velocidade máxima 165/168 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 12,4/11,2 s
Consumo em cidade 12,1/8,4 km/l
Consumo em rodovia 13,3/9,4 km/l
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro

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