Bancos dianteiros esportivos com ajustes elétricos são de série; interior ganhou espaço; console traz botão de partida, seletor de modos de condução e controles do sistema IDrive
Quando se dirige a até 36 km/h, o sistema armazena os movimentos efetuados ao volante nos últimos 50 metros percorridos. Se o motorista precisar dar ré em um local de baixa visibilidade, o sistema encarrega-se de refazer o trajeto sozinho a até 9 km/h, com as mesmas intervenções à direção, bastando ao condutor controlar a velocidade pelo freio.
A parada/partida automática do motor leva em conta as informações do GPS e da câmera frontal, a fim de evitar o desligamento ineficiente em condições em que a parada deverá ser breve. Outra câmera analisa a expressão do motorista, para reconhecer sinais de cansaço, e acompanha seus olhos: se o olhar se desviar, o sistema chama a atenção. Também há câmeras para mostrar na tela central os arredores do carro, imagens que podem ser transmitidas a um celular por aplicativo, de modo que o condutor monitore de qualquer lugar o que ocorre em torno dele.
O carro vem ainda com boa dotação de conveniências, mesmo na versão Sport, como abertura do porta-malas ao aproximar o pé do para-choque traseiro, ar-condicionado automático de três zonas, bancos dianteiros com ajuste elétricos e apoio lombar e teto solar com controle elétrico. O M Sport acrescenta assistente de farol alto, projeção de informações no para-brisa, quadro digital e sistema de áudio Surround Harman/Kardon, entre outros.
Motor de 2,0 litros revisto para mais 5,1 m.kgf de torque; à direita, grande ressonador na admissão (em destaque) ajuda nas respostas em baixa rotação antes de o turbo atuar
O interior é bem-acabado e espaçoso para quatro adultos, embora não confortável para cinco, tanto pelo formato dos bancos quanto pelo grande túnel central de transmissão. Apesar do uso de pneus que podem rodar vazios, o Série 3 oferece estepe, que muitos compradores requerem no Brasil. Com ele a capacidade de bagagem é modesta, 365 litros, mas passa a bons 480 com sua remoção (a bateria de 90 Ah vem no porta-malas, medida comum na marca para ajudar na distribuição de massas).
O motor acelera rápido, a transmissão faz reduções de marcha exatas em entradas de curva e o controle eletrônico deixa abusar e escorregar bastante nas curvas
Ao volante do 330i
O Série 3 mantém-se fiel à arquitetura de motor longitudinal e tração traseira, para equilíbrio de massas tanto lateral quanto entre eixos — é clássica na marca a divisão bem próxima a 50% a cada um. O eixo dianteiro bem à frente, inerente à tração traseira, traz equilíbrio de peso e estilo imponente. O peso do carro foi reduzido com maior uso de alumínio, magnésio e aços de alta resistência, assim como o centro de gravidade está mais baixo.
O motor de 2,0 litros com turbo de duplo fluxo e variação de tempo de abertura e do curso das válvulas, herdado da geração anterior, recebeu virabrequim mais leve, redução de atritos internos e bomba de maior pressão para a injeção direta de combustível (o valor máximo passou de 200 para 350 bars). Com isso, embora a potência seja igual, o torque máximo aumentou de 35,7 para 40,8 m.kgf.
Desempenho e som do motor empolgam, mas o melhor do Série 3 é seu comportamento em curvas: muita diversão antes que o controle de estabilidade seja acionado
A apresentação do 330i à imprensa, no Vello Cittá, foi praticamente um parque de diversões para adultos… ou crianças crescidas. A cabine baixa sugere uma posição esportiva para dirigir, mas sem aperto: mesmo o avaliador com 1,88 metro de altura pôde deixar as pernas esticadas e o volante bem perto de si, além de ter encontrado espaço suficiente para pilotar com capacete. Ao acelerar em ponto-morto nota-se um leve balanço com o torque do motor, proposital para dar impressão de potência — interessante como conseguem fazer isso em um motor leve e relativamente pequeno.
Partida liberada, o Série 3 demonstra por que a BMW é uma das referências mundiais em sedãs de desempenho. O motor acelera rápido, com um som que transmite potência, e a transmissão faz reduções de marcha perfeitas em entradas de curva — mal se precisa dos comandos de trocas no volante. A direção revela-se muito rápida e precisa e os freios mostram grande capacidade. Não apenas a suspensão e os pneus garantem estabilidade das melhores: também impressiona a calibração do controle eletrônico, que deixa abusar e escorregar até o limite em que o motorista estaria próximo de um acidente.
No M Sport, os pneus traseiros são 30 mm mais largos que os dianteiros. Com o volante esterçado, percebe-se o grande ganho de câmber dianteiro. Isso é causado pelo grande ângulo de cáster, que visa “tombar” as rodas para dentro da curva para que ajudem o carro a fazer mais curva, além de evitar que o pneu se dobre, apoiando toda a banda de rodagem. De fato, mesmo depois de mais de uma hora e uso na pista, não se via desgaste irregular nas bordas dos pneus dos automóveis do evento.
Os 330i alinhados para o teste no Vello Cittá; M Sport usa rodas de 19 pol com pneus traseiros mais largos; gráfico indica aceleração lateral no autódromo com pico máximo de 1,4 g
Conectado o instrumento de aquisição de dados Race Capture Pro, o 330i indicou que o turbo trabalha com 230 kPa de pressão máxima, o que significa por volta de 1,3 bar em pressão relativa. O motor, quando parado, indicava temperatura de 106º C e durante a volta trabalhava com 100º C, o que indica bom trabalho para não haver detonação. Mesmo em pressão máxima trabalhava com avanço de ignição positivo (4°): em outros motores turbo, em plena carga já vimos avanço negativo, o que prejudica a eficiência.
Foi possível medir também a aceleração lateral do Vello Cittá. Quando o carro era atirado nas curvas e começava a sair de traseira — algo fácil de controlar nesse BMW —, atingia o pico de 1,4 g indicado no gráfico, mas depois de se estabilizar mantinha um valor perto de 1,1 g. Não cabe aqui comparar a nosso teste-padrão de Um Mês ao Volante, primeiro pelo maior atrito do asfalto usado em pistas e segundo pelo método de medição. Nosso teste-padrão pega a média de toda a volta em um círculo, para filtrar esses picos, o que leva a números cerca de 0,2 g menores que o maior pico. Mesmo assim, os valores indicam um brinquedo de gente grande muito divertido.
O que não agrada no novo 330i M Sport? Essa é a grande pergunta. Todos os aspectos que um sedã esportivo se propõe a atender — desempenho, comportamento dinâmico, segurança, conforto, estilo — estão plenamente cumpridos, com ressalva para o espaço de bagagem ao levar estepe. Pode-se argumentar que R$ 270 mil são muito, mas a excelência de conjunto encontrada no lançamento bávaro tem seu valor.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo e levantamento |
Diâmetro e curso | 82 x 94,6 mm |
Cilindrada | 1.998 cm³ |
Taxa de compressão | 10,2:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 258 cv de 5.000 a 6.500 rpm |
Torque máximo | 40,8 m.kgf de 1.550 a 4.400 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 8 |
Tração | traseira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 8 x 19 pol (diant.), 8,5 x 19 pol (tras.) |
Pneus | 225/40 R 19 (diant.), 255/35 R 19 (tras.) |
Dimensões | |
Comprimento | 4,709 m |
Largura | 1,827 m |
Altura | 1,425 m |
Entre-eixos | 2,851 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 59 l |
Compartimento de bagagem | 365 l (480 l sem estepe) |
Peso em ordem de marcha | 1.470 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima | 250 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 5,8 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |