Na versão THP, desempenho é destaque: motor turbo de até 173 cv, caixa automática de seis marchas e menor peso que na maioria dos concorrentes
Como no Peugeot 2008 THP, as versões turbo do Cactus trazem o controle eletrônico de tração ajustável Grip Control, que oferece os modos Padrão, Neve, Lama, Areia e ESP Off (controle de estabilidade desligado). Controle de tração pode ser amigo ou inimigo no fora de estrada, de acordo com a aderência disponível: em algumas condições, como areia e lama, muitas vezes é preciso deixar as rodas dianteiras patinarem um pouco para manter o carro em movimento. Tal sistema cuida disso conforme a posição selecionada no comando do painel.
É boa a dotação de conveniências, como ar-condicionado automático de duas zonas, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso ao interior e partida do motor, faróis e limpador de para-brisa automáticos, fechamento de vidros a distância, monitor de pressão dos pneus e retrovisor interno fotocrômico (veja na página anterior o quadro de equipamentos de cada versão). Alguns itens que ficaram de fora são faixa degradê no para-brisa, iluminação nos para-sóis e na parte traseira da cabine e sensores de estacionamento (disponíveis como acessórios).
Acerto da suspensão pela Engenharia local deixou o Cactus bem confortável e com estabilidade correta; o nacional roda 34 mm mais alto que o europeu
No mercado europeu o novo C4 Cactus oferece motores a gasolina de 82 e 110 cv, ambos da série Puretech, e turbodiesel de 100 cv. No Brasil as unidades são outras, as flexíveis de 1,6 litro bem conhecidas dos produtos PSA. A THP turbo é combinada a uma transmissão automática pela primeira vez em modelos dessa plataforma, uma opção que sempre fez falta no 2008. Essa caixa oferece os modos de condução normal, esporte e econômico e permite seleção manual de marchas pela alavanca, com reduções para frente.
Embora mantenha os conceitos de suspensão do europeu, nosso Cactus foi alvo de reestudo nessa parte. Lá a Citroën usa amortecedores especiais com duplo batente, opção descartada aqui em nome da economia na reposição — a fama de peças e manutenção caras é algo que a marca quer deixar no passado. Assim, trabalhou-se em uma boa calibração com ênfase no conforto e na robustez. Nas versões turbo, um avanço em relação ao 2008 THP são as juntas tripoides chamadas de anti-shudder, com duas articulações internas. O objetivo é eliminar vibrações causadas pelo ângulo de trabalho da semiárvore de transmissão, como ao acelerar forte em pisos irregulares. Os pneus Pirelli Cinturato P7, usados em duas medidas, tiveram o composto desenvolvido para o modelo.
Ao volante do C4 Cactus
A avaliação pela imprensa reuniu boa variedade de condições na região de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, desde rodovias de bom asfalto até um pequeno trajeto acidentado, passando por estradas de terra — foi possível dirigir apenas o Shine Pack THP. E o C4 Cactus deixou boas impressões.
Caixa automática combina-se ao motor THP pela primeira vez nessa plataforma; pneus 205/55 R 17 equipam todas as versões, salvo a mais simples Live
Motor e transmissão confirmam o esperado: é um SUV rápido, empolgante para acelerar e com grande reserva de torque para subidas e ultrapassagens. Além de estar entre os mais potentes do segmento (só perde por poucos cv para o Ecosport Titanium), o Cactus é o melhor em torque em baixa rotação entre os motores flexíveis ao lado do Tracker (ambos perdem para o Renegade turbodiesel) e bastante leve, com 1.214 kg na versão Shine. Sua relação peso-potência com álcool fica em 7 kg/cv, ante 7,7 do citado Ford, 8,4 do Creta de 2,0 litros, 9,1 do Captur de mesma cilindrada, 9,2 do Tracker e do HR-V e 10 do levíssimo, mas pouco potente, Kicks.
O rodar do Cactus convenceu, com elevado grau de conforto e absorção de irregularidades das melhores, e a atitude em curvas transmite confiança
A caixa automática foi bem calibrada e o conjunto parece lidar melhor com todo o torque que o 2008. Alguma aspereza pode ser notada no motor em alta rotação, mas o nível de ruído é sempre baixo, seja mecânico ou de outras fontes — pelo menos na faixa de velocidade usada no percurso, até 100 km/h ou pouco acima.
Havia expectativa pelo comportamento da suspensão. Primeiro, pelo grande aumento de altura de rodagem em relação ao original europeu; segundo, pelo desempenho da versão turbo, que requer estabilidade acima da média. Mas o Cactus, mais uma vez, convenceu. Ele mantém o jeito macio, meio flutuante, dos recentes Citroëns e com isso consegue elevado grau de conforto. Tanto no asfalto quanto na terra, a absorção de impactos e irregularidades provou-se uma das melhores da categoria, talvez superada apenas pelo Ecosport. A maciez dos amortecedores não prejudica sua atitude em curvas, que transmite confiança para o tipo de carro. O vão livre do solo de 225 mm (o maior da classe) e os bons ângulos de entrada e saída evitaram contatos no trecho com valetas e lombadas pronunciadas.
Vão livre do solo (225 mm) credencia o Cactus a certas aventuras fora de estrada; o controle de tração oferece cinco programas para diversos terrenos
O que não agradou? Pouca coisa. O quadro de instrumentos digital monocromático (o mesmo do C4 Lounge) cumpre sua função, mas poderia ter estética mais moderna e elaborada. Ajustar o ar-condicionado requer comutar a tela central para tal função, o que distrai e toma tempo — prepare-se para respirar fumaça antes de conseguir ativar a recirculação de ar, que deveria ter seu próprio botão. O porta-malas é modesto, como citado, e a Citroën poderia oferecer mais itens de segurança nas versões mais simples, como bolsas infláveis adicionais e controle de estabilidade. Como tem sido comum no mercado, assistente de saída em rampa vem nas versões automáticas, mas não na manual, que mais ganharia com o recurso.
São poucos senões para um produto cheio de qualidades. E que, apesar de chegar ao Brasil já no meio de seu ciclo de produção europeu, demonstra atualidade diante dos concorrentes há mais tempo no mercado. Para a Citroën, foi uma espera recompensada.
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Ficha técnica
C4 Cactus Feel aut. | C4 Cactus Shine THP aut. | |
Motor | ||
Posição | transversal | transversal |
Cilindros | 4 em linha | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 78,5 x 82 mm | 77 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.587 cm³ | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 | 10,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 115/118 cv a 5.750 rpm | 166/173 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 15,5/16,4 m.kgf a 4.000 rpm | 24,5 m.kgf a 1.400 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de caxa e marchas | automática, 6 | automática, 6 |
Tração | dianteira | dianteira |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim | sim |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica | elétrica |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 17 pol | 17 pol |
Pneus | 205/55 R 17 | 205/55 R 17 |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,17 m | 4,17 m |
Largura | 1,714 m | 1,714 m |
Altura | 1,534 m | 1,563 m |
Entre-eixos | 2,60 m | 2,60 m |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 55 l | 55 l |
Compartimento de bagagem | 320 l | 320 l |
Peso em ordem de marcha | 1.204 kg | 1.214 kg |
Desempenho (gas./álc.) | ||
Velocidade máxima | 185/190 km/h | 212 km/h |
Acel. de 0 a 100 km/h | 12,1/12,0 s | 7,5/7,3 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |