Volvo XC60 híbrido promete o melhor de vários mundos

Um SUV de 407 cv com muito conforto, segurança e consumo moderado por R$ 300 mil? Sim, mas há ressalvas

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Como seria para você o carro perfeito? “Rápido como um esportivo, mas econômico, e robusto como um utilitário esporte, mas confortável” parece uma boa definição. Dentro dessa proposta, o Volvo XC60 R-Design T8 é promissor. A versão híbrida do SUV reúne potência de 407 cv, consumo moderado e grandes atributos em conforto e segurança a um preço atraente: R$ 299.950. O Best Cars colocou-o na avaliação 10 Chances para saber suas chances de merecer sua garagem.

Estilo
A primeira geração do XC60, de 2009, manteve-se atraente por longo tempo. O novo modelo segue o mesmo tema de estilo,  atualizado e mais robusto. O resultado é dos melhores: um SUV elegante e com clara identidade da marca. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,32 é muito bom para o tipo de veículo. 1 ponto

 

O XC60 é dono de um estilo bem resolvido, que ganha apelo com as rodas de 21 pol; o híbrido T8 é oferecido em acabamento R-Design ao preço de R$ 299.950

 

Acabamento e conveniência
Interior luxuoso e com muitos equipamentos são esperados de um SUV de seu preço. O XC60 agrada aos olhos e ao tato pelo acabamento, que nesta versão combina couro e camurça sintética nos bancos. Detalhes como a alavanca de transmissão de cristal Orrefors dão requinte. A tela central vertical de 9 polegadas serve a numerosas funções, como o sistema de áudio Harman/Kardon de alta qualidade sonora, compatível com Android Auto e Apple Car Play.

 

 

Entre as muitas conveniências (veja quadro abaixo com equipamentos de série), vale citar alerta de uso de cinto para cinco pessoas com sensor nas fivelas, ar-condicionado programável (para aquecer ou resfriar a cabine em certo horário antes de se entrar) e com difusor nas colunas centrais para os passageiros de trás, câmera traseira de manobras de ótima resolução, controlador de distância à frente, freios com retenção automática, luzes de cortesia no assoalho interno (também atrás) e nas maçanetas externas, tampa traseira com acionamento elétrico (que pode ser ativado por movimento do pé) e um amplo teto solar.

Há ainda diversas assistências ao motorista, como de faixa, de inibição de ultrapassagem ao detectar veículo no sentido contrário, de leitura de placas de velocidade e de frenagem para tentar evitar colisão. A combinação desses itens permite condução semiautônoma a até 130 km/h, pela qual o Volvo acelera, freia e contorna curvas suaves por si só — o motorista precisa manter as mãos no volante. Funciona muito bem, mas com limitações: quando a curva excede o limite de sua ação, por exemplo, o carro simplesmente a alarga sem aviso.

 

Ótimo acabamento e muitas conveniências no interior; bancos dianteiros têm ventilação e ajuste elétrico até do apoio de coxas; atrás, amplo espaço para duas pessoas

 

O programa Volvo On Call permite, por meio de aplicativo no celular, controlar o nível de combustível, travar e abrir as portas, climatizar a cabine, dar partida remota e enviar destinos para o navegador, além de bloquear o veículo em caso de roubo. O sistema usa chip de celular e vem com dois anos de assinatura. Cabem algumas melhorias: o forro do teto solar deixa passar certo calor, falta faixa degradê no para-brisa e a central de áudio não separa os arquivos por pastas. Pelo preço, seriam esperados assistente de estacionamento e câmeras de 360 graus ao redor. 1 ponto

 

Com controlador de distância e assistentes de faixa e de frenagem, o XC60 admite condução semiautônoma a até 130 km/h: acelera, freia e faz curvas suaves por si só

 

Posto do motorista
Dirige-se o XC60 em um banco muito bem definido, dotado de ajuste elétrico integral (incluindo apoios de coxas e lombar), aquecimento, ventilação e memória, recursos que se estendem ao passageiro ao lado. O quadro de instrumentos em tela de 12,3 pol admite poucas configurações: a maior parte afeta apenas a seção central e, conforme o programa de condução, o conta-giros dá lugar a um indicador de uso de energia. O computador de bordo deveria informar consumo em km/l.

Excelentes são os faróis com múltiplos leds, que vão além de comutar entre fachos alto e baixo ao detectar outros veículos na via: criam “máscaras” para evitar ofuscamento daqueles motoristas, enquanto iluminam com longo alcance as áreas que não incomodam. O efeito impressiona. O carro tem boa visibilidade e os três retrovisores são fotocrômicos. 1 ponto

 

Instrumentos com certa configuração, tela central de 9 pol com navegador e mostrador de energia, controlador de distância à frente, ar nas colunas, teto solar panorâmico

 

Espaço
Quatro adultos viajam em grande conforto nesse Volvo, com destaque ao espaço para pernas no banco traseiro. Três pessoas ali, porém, não vão bem: o formato prevê apenas duas e o ocupante central encontra um alto túnel no assoalho e encosto bem duro. 0,5 ponto

Porta-malas
O sistema híbrido toma algum espaço de bagagem: cai de 505 litros das outras versões para 468 litros, capacidade modesta para um SUV de seu tamanho. Não há estepe, só compressor para encher o pneu e selante para o furo — recurso limitado em um veículo com aptidão fora de estrada. 0,5 ponto

Próxima parte

 

 

Próxima parte

 

Amplo espaço para bagagem (um pouco menor no T8) com tampa elétrica, seletor de modos de condução e a câmera frontal que permite direção semiautônoma

 

Desempenho
O motor a gasolina, por si só, já teria boa presença no XC60: um 2,0-litros que combina compressor e turbo para obter 320 cv. O T8, porém, soma uma unidade elétrica junto ao eixo traseiro para 407 cv e torque de 65,3 m.kgf (combinados). É mais do que o Audi SQ5 obtém de um V6 turbo de 3,0 litros (354 cv e 51 m.kgf). Na pista, apesar do peso de 2,2 toneladas, seu desempenho impressionou: 5,4 segundos de 0 a 100 km/h e retomadas enérgicas fazem dele o SUV mais rápido que o Best Cars já testou (veja os melhores nos testes).

 

 

Embora com tração integral, os 320 cv ficam restritos ao eixo dianteiro, o que leva à atuação do controle de tração nas saídas mais fortes. Ele provavelmente aceleraria ainda melhor se parte deles fossem para a traseira, onde só o motor elétrico atua. O conjunto opera com suavidade irrepreensível e ruído muito baixo — de certo modo, falta a esportividade que se espera de 407 cv. Pode-se ainda rodar em modo elétrico com aceleração moderada por até 45 km em média.

Há cinco programas de condução: Pure (mais econômico), Hybrid (intermediário), Power (para desempenho, com o motor a gasolina sempre ativo), Constant AWD (tração integral permanente, também com os dois motores ligados) e Offroad (para uso fora de estrada). A transmissão automática de oito marchas está muito bem calibrada e tem comandos de mudanças no volante. A posição B — que aumenta a regeneração de energia — é válida para declives acentuados e trechos com reduções frequentes, pois diminui bastante o uso do pedal de freio. 1 ponto

 

Apesar das 2,2 toneladas, o XC60 T8 acelera muito rápido; consumo é similar ao de SUVs menos potentes; transmissão de oito marchas usa cristal na alavanca

 

Consumo
Testamos o rendimento do XC60 como se fosse um híbrido sem recarga externa, de modo a não colocar na conta o custo de energia elétrica. Com a carga das baterias no ponto mínimo do começo ao fim, ele fez os mesmos 10,6 km/l de gasolina em dois dos trajetos — marca interessante para seu porte e o desempenho disponível, melhor que as do Chevrolet Equinox e pior que as do Peugeot 3008. Com a recarga em tomada, é claro, ele poderia cumprir ao menos os trajetos urbanos com consumo bem melhor ou até sem usar gasolina.

 

O T8 soma uma unidade elétrica ao 2,0-litros para obter 407 cv: 5,4 segundos de 0 a 100 km/h e retomadas enérgicas fazem dele o SUV mais rápido que o Best Cars já testou

 

Para recarregar as baterias é preciso conexão aterrada de 230 volts e alta corrente. O tempo de recarga varia conforme a corrente disponível: 2,5 horas com 16 amperes, 4 horas com 10 A e 8 horas com 6 A. Na falta de conexão apropriada, pode-se obter parte da recarga com o próprio motor a combustão (modo Charge) e então preservá-la para o momento desejado. 0,5 ponto

Comportamento dinâmico
O alto desempenho do T8 não se repete na suspensão. Calibrados com foco no conforto, os amortecedores macios deixam a carroceria se movimentar mais do que se espera, tanto em curvas quanto em lombadas — a frente “despenca” e se precisa passar devagar. Além disso, a atitude subesterçante ao andar forte é típica de carros de tração dianteira (afinal, é ali que recai a maior parte da potência), os pneus 255/40 R 21 chegam ao limite antes do esperado e logo atua o controle eletrônico de estabilidade. Por outro lado, os freios são excelentes e a direção está bem acertada. O vão livre do solo declarado, 216 mm, é mais que suficiente para uso leve fora de estrada, com ressalva aos pneus de perfil bem baixo. 0,5 ponto

 

Suspensão é confortável, mas não ajuda na condução esportiva; faróis de múltiplos leds desenham o facho ideal para não ofuscar; versão T8 tem bom conjunto pelo preço

 

Segurança passiva
Os Volvos já não sobressaem em um mercado em que todo fabricante investe em segurança, mas o XC60 está bem servido: bolsas infláveis laterais dianteiras, de cortinas e de joelhos do motorista; encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes, fixações Isofix e assentos infantis integrados ao banco traseiro. 1 ponto

 

 

Custo-benefício
O XC60 R-Design T8 tem preço sugerido de R$ 299.950 (não há opcionais), atraente por sua combinação de conteúdo, eficiência e desempenho. Para quem faz questão de SUV híbrido, as alternativas se limitam ao Lexus NX 300H, bem menos potente (197 cv), que chega a R$ 250 mil na versão F-Sport, e ao Porsche Cayenne S E-Hybrid de 416 cv, muito mais caro (R$ 420 mil).

O Volvo revela boa relação custo-benefício também se comparado a modelos a gasolina de potência próxima. O Audi SQ5 de 354 cv custa R$ 406 mil, o Jaguar F-Pace S de 380 cv é mais caro (R$ 442.400) e o Range Rover Velar de mesma potência tem preço ainda maior, R$ 487.270 na versão HSE. Assim, mesmo que possa evoluir em alguns aspectos, o XC60 T8 deixou ótima impressão e, provavelmente, reúne o melhor conjunto de atributos que se pode ter a seu preço em um SUV. 1 ponto

 

 

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