Mais torque, menos peso e menor consumo para a versão de
2,0 litros do utilitário esporte sueco, oferecida a partir de R$ 163 mil
Texto: Edison Ragassi – Fotos: divulgação
Limites de emissões de gás carbônico (CO2) na Europa de um lado, normas de consumo de combustível nos Estados Unidos de outro e, no meio, a acirrada concorrência entre as marcas de prestígio têm levado os fabricantes a uma rápida evolução de motores e câmbios. É o que a sueca Volvo — hoje nas mãos do grupo chinês Geely — apresenta no Brasil com a linha T5 Drive-E, oferecida em sua série 60.
O sedã S60, a perua V60 e o utilitário esporte XC60 passam a contar com nova unidade de 2,0 litros dotada, como a anterior, de turbocompressor e injeção direta de gasolina. Além de 23 kg mais leve que o usado antes, o motor traz um pouco mais de potência (245 cv, aumento de 5 cv) e de torque (passou de 32,6 m.kgf de 1.800 a 5.000 rpm para 35,7 m.kgf entre 1.500 rpm e 4.800 rpm) e ficou até 27% mais econômico no ciclo de consumo rodoviário. Ele vem associado à caixa de câmbio automática de oito marchas, duas a mais que a anterior, que era automatizada de dupla embreagem.
O desenho do XC60 mantém-se atraente apesar dos seis anos de mercado; a
versão Dynamic tem bom conteúdo e há opção pela R-Design, mais equipada
O motor T5 Drive-E pertence a uma família que compartilha, entre as versões a gasolina e a diesel de diferentes níveis de potência, componentes como bloco (com pequenas diferenças na versão a diesel), virabrequim, cárter, bomba de óleo e agregados. Na Europa há opções entre 181 cv a diesel e 306 cv a gasolina. Entre seus recursos estão variação contínua do tempo de abertura das válvulas e duas árvores de balanceamento para anular vibrações, incomuns nessa cilindrada.
O Drive-E responde muito bem aos comandos
de aceleração, desenvolvendo velocidade
com rapidez e funcionamento suave e silencioso
Embora 5 cv pareçam incapazes de alterar muito o desempenho, a Volvo anuncia ganhos perceptíveis, para o que concorrem as marchas adicionais do câmbio. No XC60 a aceleração de 0 a 100 km/h baixou de 8,1 para 7,2 segundos, enquanto o consumo melhorou em 16% no ciclo de cidade e 27% no de rodovia. Segundo a fábrica, economia de 5% pode ser obtida com o uso da função Eco Plus, que altera o gerenciamento do acelerador (respostas mais lentas) e do câmbio (trocas em menor rotação), além de trazer o efeito de roda-livre acima de 65 km/h para aproveitar a inércia como se o câmbio estivesse em ponto-morto.
A alteração não afeta as versões T6 dos modelos, que usam a unidade de seis cilindros e 3,0 litros com turbo e 304 cv. Estão disponíveis com o Drive-E o sedã S60 T5 R-Design (R$ 157.950), a perua V60 T5 R-Design (R$ 162.950) e o XC60 T5 em versões Dynamic (R$ 162.950) e R-Design (R$ 193.950).
Painel digital tem bom efeito no interior bem-acabado desse Volvo; o motor é
23 kg mais leve que o antigo e, com o novo câmbio, reduziu o consumo em até 27%
Os equipamentos de série estão em bom número. S60,V60 e XC60 Dynamic incluem bolsas infláveis laterais e de cortina, controle eletrônico de estabilidade, encostos de cabeça dianteiros ativos, freios com assistência adicional em emergência, faróis de xenônio, rodas de alumínio de 18 pol, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, sistema de áudio com tela de sete polegadas, bancos dianteiros com ajuste elétrico (memória para o do motorista), teto solar com comando elétrico (exceto XC60), computador de bordo, controlador de velocidade, faróis e limpador de para-brisa automáticos, sensores de estacionamento traseiros (também dianteiros para XC60) e freio de estacionamento com controle elétrico.
O XC60 R-Design acrescenta rodas de 20 pol, leitor de DVDs, navegador integrado, bancos e acabamento externo e interno mais esportivos, teto panorâmico, comando elétrico da tampa traseira, câmera posterior para manobras e suspensão recalibrada.
Ao volante
O único modelo disponível para avaliação da imprensa, em trajeto aproximado de 100 quilômetros no Rio de Janeiro, foi o XC60. Ao entrar, a primeira impressão é de um carro confortável, com boa ergonomia e acabamento cuidadoso. Os mostradores do painel de instrumentos têm estilo retrô e à primeira vista parecem analógicos, mas ao apertar o botão de partida mostram sua originalidade: as informações de velocidade e computador de bordo são digitais, mantendo só o conta-giros com ponteiro.
Torque bem presente em baixas rotações traz desenvoltura ao utilitário de 1,8
tonelada; a caixa de oito marchas aumenta a suavidade e o conforto a bordo
Ao dar a partida nota-se o bom isolamento acústico. Na primeira acelerada fica clara a disponibilidade de torque desde baixas rotações, pois o pesado utilitário de 1.833 kg move-se com desenvoltura. No anda-para carioca o novo câmbio mostrou-se bem-ajustado, com trocas tão imperceptíveis que lembram a progressão contínua de um CVT. Em rodovia o Drive-E responde muito bem aos comandos de aceleração e retomadas e desenvolve velocidade de maneira rápida e constante, sempre com funcionamento suave e silencioso.
Essas versões têm tração dianteira (a integral está reservada para as T6) e, embora o trajeto de avaliação não permitisse a avaliação ideal do comportamento em curvas, o XC60 mostrou bom acerto de suspensão para o tipo de veículo. Pequeno desconforto foi notado, porém, ao passar por ondulações do piso. Embora o ar-condicionado tenha boa capacidade, ao acionar a função Eco Plus o sistema parece diminuir sua potência, o que pode incomodar um pouco no calor tropical.
A Volvo fez bom trabalho no novo motor, o qual — segundo os executivos da marca — foi preparado para receber um sistema híbrido no próximo ano. O XC60, apesar da idade um pouco avançada do modelo lançado em 2008, permanece um produto válido e, agora aprimorado sob o capô, se torna ainda mais atraente.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 82 x 93,2 mm |
Cilindrada | 1.969 cm³ |
Taxa de compressão | 10,8:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 245 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo | 35,7 m.kgf de 1.500 a 4.800 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático, 8 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco ventilado |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 18 pol (Dynamic), 20 pol (R-Design) |
Pneus | 235/60 R 18 (Dynamic), 255/45 R 20 (R-Design) |
Dimensões | |
Comprimento | 4,644 m |
Largura | 1,891 m |
Altura | 1,713 m |
Entre-eixos | 2,774 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 70 l |
Compartimento de bagagem | 490 l |
Peso em ordem de marcha | 1.833 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 210 km/h (limite eletrônico) |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,2 s |
Consumo em cidade | 8,0 km/l |
Consumo em rodovia | 11,1 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |