Com 407 cv na operação combinada dos motores, utilitário de luxo acelera muito e consome como carro pequeno
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Se o motor estiver ligado ou desligado, não faz a menor diferença. O único jeito de saber se o Volvo XC90 híbrido está ligado é olhando no painel, porque o motor elétrico não produz ruído e a unidade a gasolina só entra em funcionamento, se necessário, quando o motorista engata D e acelera. Tudo é tão silencioso que só mesmo conferindo os instrumentos para saber se está ligado ou não.
Essa é a primeira boa impressão causada pelo modelo híbrido da Volvo, que chega ao Brasil com o status de utilitário esporte mais potente da marca. E comprovou essa premissa durante o curto, mas significativo, teste realizado nas ruas congestionadas de São Paulo, SP.
O propósito dessa versão é oferecer uma opção ecologicamente amigável aos veículos a combustão. A ideia não é nova, nem diferente de tudo que apareceu, mas funciona. O enorme SUV de 2,3 toneladas consegue marcas de consumo típicas de carro pequeno (acima de 15 km/l pelos padrões do Inmetro) e ainda pode trafegar só com eletricidade por trajetos não muito longos, caso em que a recarga da bateria em fonte externa dispensa por inteiro o tanque de gasolina.
Motor elétrico traseiro faz tração integral em operação combinada; recarga completa leva de 2,5 a 6 horas; ideograma no painel mostra carregamento
O pequeno motor elétrico do XC90 T8, montado junto ao eixo traseiro, produz tração integral quando trabalha junto ao motor a combustão sem necessidade de transmissão de força entre os eixos. Motor esse que não traz novidades sobre a versão T6 conhecida: é um quatro-cilindros de 2,0 litros com turbo e compressor, que fornece 320 cv e o torque de 40,8 m.kgf constante entre 2.200 e 5.400 rpm. No T8 ele se associa ao motor elétrico de 87 cv e 25,5 m.kgf para obter 407 cv em operação combinada.
O enorme SUV de 2,3 toneladas consegue marcas de consumo de carro pequeno e ainda pode trafegar só com eletricidade por trajetos não muito longos
Ao volante do XC90 T8
Nossa experiência com a versão Inscription começou com o seletor de modos de condução em posição Pure, que dá prioridade ao motor elétrico — o quatro-cilindros só entra em ação se o motorista pisar fundo no acelerador. Embora os 87 cv pareçam pouco, graças ao bom torque disponível em toda rotação (equivalente ao de um motor 1,4-litro com “turbina” a pleno) o desempenho não decepciona.
Roda-se no trânsito intenso sem sentir falta de potência ou torque. Só mesmo nas acelerações mais fortes é que entra o motor a gasolina. No mostrador direito do painel é possível controlar a distribuição entre os motores: basta ficar de olho para manter o ponteiro dentro da faixa azul. Quanto mais tempo permanecer lá, maior será a autonomia da bateria, que permite rodar até 35 km sem recarga.
Requintado, o interior traz ampla tela vertical (embaixo, os modos de condução), sistema de áudio Bowers & Wilkins e até cristal na alavanca de transmissão
Esse conceito deve funcionar muito bem nas cidades europeias que proíbem motores a combustão nos centros históricos. Para as cidades brasileiras, seria ideal para o motorista que mora em cidade fora do centro urbano, mas precisa enfrentar trânsito para ir ao trabalho: pode usar o modo híbrido na rodovia e alterar para o Pure quando entrar na cidade. Só mesmo em raras ocasiões será preciso usar o modo Power, no qual os dois motores trabalham juntos. Nessa condição o Volvo se torna uma usina capaz de arrancar de 0 a 100 km/h em apenas 5,6 segundos.
Podem ser selecionadas mais três opções: AWD, que funciona como tração integral por demanda; Off Road, que ativa o controle de descida e eleva a suspensão em 40 mm, ideal para percursos fora de estrada a até 40 km/h; e Individual, que permite escolher vários padrões e criar um modo particular. Fizemos também um percurso urbano no modo híbrido — as respostas ficam muito mais vigorosas e o comportamento se alinha com o preço e o propósito. Como era de se esperar, a transmissão automática de oito marchas tem funcionamento tão suave e silencioso que mal se percebem as trocas de marchas. Detalhe chique fica por conta da alavanca com manopla de cristal.
Próxima parte
Versões, equipamentos e preços
• XC90 T8 Inscription (R$ 456.950) – Alarme volumétrico, alertas de colisão frontal, colisão traseira, de trafego lateral e de ponto cego; ar-condicionado automático de quatro zonas, assistente de estacionamento paralelo e perpendicular, assistente de faixa de rolamento, bancos dianteiros com regulagem elétrica, memória, aquecimento, ventilação e apoio lateral elétrico; bancos traseiros com aquecimento, bolsas infláveis laterais dianteiras e cortinas, câmeras com visão em 360 graus, chave com função memória, chave presencial para acesso e partida do motor, configurador de modo de condução, controlador de velocidade e distância à frente, controle de frenagem em descida, controle elétrico de vidros com função um-toque, controle eletrônico de estabilidade, tração e anticapotamento, cortina para-sol nas portas traseiras, faróis de leds com comutação automática e facho autodirecional, faróis de neblina de leds, fixação Isofix de cadeira infantil, limpador de para-brisa e faróis automáticos, monitor de pressão dos pneus, navegador, projeção de informações no para-brisa, quadro de instrumentos digital com 12,3 pol, revestimento em couro, rodas de alumínio de 21 pol, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, sistema de frenagem automática com visão noturna, sistema de áudio Bowers & Wilkins de 1.400 watts com 19 alto-falantes, suspensão com molas a ar e controle eletrônico de amortecimento, tampa traseira com abertura e fechamento elétricos, tela central tátil de 9 pol, teto solar panorâmico elétrico.
• XC90 T8 Excellence (R$ 512.950) – Como no Inscription, mais bancos traseiros individuais com ventilação e massagem, apoios para os pés, bandejas dobráveis no console, compartimento refrigerado entre os bancos para duas garrafas de 750 ml e taças para champanhe de cristal sueco Orrefors.