Quadro digital admite várias exibições, algumas com destaque ao mapa de navegação
Curiosamente, o mais rápido deles não é o TSI, mas o 1,6. Favorecido pelo menor peso e a caixa manual, o aspirado acelera de 0 a 100 km/h em 9,9/9,6 segundos (sempre na ordem gasolina/álcool), ante 10,1/9,6 s do turbo automático, e alcança 189/193 km/h contra 187/192 km/h, além de consumir pouco menos em cidade. Quanto à versão de 1,0 litro, as marcas oficiais são boas para a cilindrada — 13,3/13 segundos e 166/170 km/h —, além de ser o mais econômico da família.
Apesar de estar maior e mais confortável que o anterior, o novo Polo é 44 kg mais leve entre as versões 1,6. Mais de 50% da estrutura da carroceria emprega aços especiais de alta e ultra-alta resistências. A plataforma MQB A0 é uma versão reduzida da matriz modular de motor transversal, na sigla em alemão, conhecida do Golf e modelos maiores da VW. A suspensão traseira usa eixo de torção; os freios são a disco nas quatro rodas nas versões TSI. Todas têm controle eletrônico de tração.
O de estabilidade, que vem de série nas TSI e como opção às demais, está associado a outros recursos: assistente de saída em rampa, bloqueio eletrônico do diferencial, assistência adicional em frenagens de emergência, monitor de pressão dos pneus e limpeza de discos de freio — ao rodar sob chuva com o limpador de para-brisa acionado, as pastilhas são aproximadas dos discos para secar os componentes. Ainda em itens de segurança, todo Polo traz bolsas infláveis laterais dianteiras que abrangem tórax e cabeça. Opcionais para os dois TSI são monitor de fadiga (compara a forma como o motorista dirige aos 15 primeiros minutos e, ao detectar alteração, emite alerta) e frenagem automática pós-colisão (freia o carro após um acidente, o que pode evitar nova colisão sem controle pelo motorista).
Sistema Discover Media usa tela de 8 pol para áudio (com integração a celular), navegação, câmera traseira, treino de economia e outras funções
Ao volante do novo Polo
Na apresentação prévia em Vinhedo, interior paulista, tivemos à disposição o Highline para algumas voltas no autódromo da Capuava e o Comfortline por cerca de 60 quilômetros de estradas vicinais. Avaliar carro em autódromo tem a vantagem de poder levá-lo ao limite, mas não reproduz as condições reais, pelo que o trecho externo foi proveitoso.
Motor acionado, vamos para a pista. Com 128 cv para 1.147 kg (relação de 8,9 kg/cv), o Polo anda bem, mas o desempenho não chega a ser esportivo. O que chama atenção é mesmo o torque em baixas e médias rotações, que produz um empurrão consistente tão logo se vença a (pouca) inércia da turbina. A retomada de velocidade é vigorosa.
Em mecânica não existem milagres: para ganhar muito em um atributo é preciso sacrificar outro. No caso dos motores de três cilindros, a regra é um funcionamento menos suave que em um quatro-cilindros. Em regimes médios (2.500 a 3.500 rpm) não se percebe grande diferença, mas quem anda em média rotação dentro de uma pista? Acima de 4.000 rpm sente-se a vibração no assoalho e nos pedais, assim como o nível de ruído aumenta conforme se aproxima da rotação máxima — 6.000 rpm, quando a caixa troca para cima, mesmo em modo manual.
Versões 200 TSI (número em alusão ao torque) combinam o motor turbo de 1,0 litro do Golf, agora com 128 cv, a caixa automática de seis marchas
Nosso Polo é 2 cm mais alto do que o alemão para lidar com a má qualidade viária. Nas curvas de diversos raios da Capuava, seu comportamento dinâmico foi bom, mas ele sai bastante de frente no limite e os pneus fazem escândalo apesar da medida esportiva (205/50 R 17). Como usavam a pressão normal de rua, segundo a VW, os pneus dobravam bastante no limite — algo frequente em pista, mas improvável no uso em vias públicas.
Com 128 cv para 1.147 kg, o Polo TSI anda bem, mas o desempenho não chega a ser esportivo: chama atenção mesmo o torque em baixas e médias rotações
Um ponto alto é a direção: além do aspecto visual e da pega do volante de Golf, a assistência elétrica bem calibrada deixa-o muito suave nas manobras em baixa velocidade e firme quando começamos a correr. Os freios são eficientes e equilibrados: mesmo em frenagens no limite da insanidade, sente-se apenas leve “serpenteada”.
O desempenho na pista foi convincente, mas que pedaço de estrada no Brasil se assemelha a um autódromo? Por isso a volta com o Comfortline em rodovia foi tão importante. Boa surpresa foi a suspensão, uma benção de progressividade. Uma lombada transposta mais rápido fazia esperar uma pancada, mas nada: passou bem e nenhuma parte do carro tocou o solo. Por outro lado, os pneus (mesmo com perfil mais alto que os do Highline) transmitem as irregularidades do piso a ponto de incomodar se a estrada for esburacada. A VW faria bem em retrabalhar as buchas de suspensão para aumentar o conforto.
Highline com pneus de 17 pol mostrou bom comportamento na pista; uso do Comfortline em estradas, porém, incomodou pela transmissão de impactos
O mais gostoso desse “milzinho esperto” na estrada é o comportamento discreto: a 120 km/h o conta-giros indica apenas 2.200 rpm em sexta marcha, o que traz ruído moderado e faz prever baixo consumo. Em aclives ou para ultrapassagens moderadas, um pouco mais de acelerador traz a potência desejada mesmo sem elevar a rotação, um benefício do turbo.
Um trecho de estrada de terra tirou algumas dúvidas sobre os freios e pneus. O sistema antitravamento (ABS) atua muito bem na terra: o pedal não ficou “martelando” nem em cima de uma sequência de irregularidades. Já os pneus não nasceram para esse tipo de terreno: a absorção é “seca” e sente-se cada impacto do piso no volante.
No conjunto, o novo Polo é um avanço importante e necessário para a Volkswagen. O ponto alto é efetivamente o motor TSI, com seu ótimo torque e boa eficiência, mas o espaço interno para a categoria, os itens de série e os recursos de conectividade e segurança também correm a seu favor.
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Ficha técnica
Polo 1,0 | Polo MSI 1,6 | Polo Highline TSI 1,0 | |
Motor | |||
Posição | transversal | ||
Cilindros | 3 em linha | 4 em linha | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | ||
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | ||
Diâmetro e curso | 74,5 x 76,4 mm | 76,5 x 86,09 mm | 74,5 x 76,4 mm |
Cilindrada | 999 cm³ | 1.598 cm³ | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 11,5:1 | ||
Alimentação | injeção multiponto sequencial (TSI: injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar) | ||
Potência máxima (gas./álc.) | 75 cv a 6.250 rpm/84 cv a 6.350 rpm | 110/117 cv a 5.750 rpm | 116/128 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 9,7/10,4 m.kgf a 3.000 rpm | 15,8/16,5 m.kgf a 4.000 rpm | 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 | automática, 6 | |
Tração | dianteira | ||
Freios | |||
Dianteiros | a disco ventilado | ||
Traseiros | a tambor | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim | ||
Direção | |||
Sistema | pinhão e cremalheira | ||
Assistência | elétrica | ||
Suspensão | |||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | ||
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | ||
Rodas | |||
Dimensões | 5,5 x 15 pol | 6 x 16 pol ou 6,5 x 17 pol | |
Pneus | 185/65 R 15 | 195/55 R 16 ou 205/50 R 17 | |
Dimensões | |||
Comprimento | 4,057 m | ||
Largura | 1,751 m | ||
Altura | 1,468 m | ||
Entre-eixos | 2,565 m | ||
Capacidades e peso | |||
Tanque de combustível | 52 l | ||
Compartimento de bagagem | 300 l | ||
Peso em ordem de marcha | 1.058 kg | 1.083 kg | 1.147 kg |
Desempenho (gas./álc.) | |||
Velocidade máxima | 166/170 km/h | 189/193 km/h | 187/192 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 13,3/13,0 s | 9,9/9,6 s | 10,1/9,6 s |
Consumo em cidade | 12,9/8,8 km/l | 12,0/8,2 km/l | 11,6/8,0 km/l |
Consumo em rodovia | 14,3/10,0 km/l | 13,9/9,5 km/l | 14,1/9,8 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |